Gestão Covas quer transformar São Paulo na capital da bicicleta

Projeto em estudo prevê ampliar em quatro vezes a extensão atual das vias voltadas ao uso de bicicletas

Renato Carbonari Ibelli
04/Set/2018
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Gestão Covas quer transformar São Paulo na capital da bicicleta

A prefeitura de São Paulo estuda um projeto que prevê ampliar os atuais 497 quilômetros de vias para bicicletas existentes na cidade para 1,9 mil quilômetros dentro dos próximos dez anos.

Segundo João Octaviano Machado Neto, secretário municipal de Mobilidade e Transportes, há grande potencial na cidade para esse modal. Segundo levantamento do poder municipal, 42% dos deslocamentos hoje realizados com carro na capital paulista poderiam ser feitos com o uso de bicicleta por envolverem trajetos curtos, entre 5 e 8 quilômetros.

“Queremos fazer de São Paulo a capital brasileira da bicicleta”, disse Machado Neto ao apresentar a proposta no Conselho de Política Urbana (CPU) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na última segunda-feira (3/09).

O projeto compreende a criação de eixos cicloviários, com vias que se estendem do centro aos extremos da cidade, acompanhando, preferencialmente, estações de metrô e terminais de ônibus da CPTM, possibilitando a integração da bicicleta com outros modais.

Esses eixos terão como principais rotas as marginais Pinheiros e Teitê e avenidas como a Bandeirantes, Tancredo Neves, Juntas Provisórias e Salim Farah Maluf.

Os eixos seriam cortados por um anel cicloviário, permitindo a ligação direta entre eles. Pela proposta, 90% das vias para bicicleta estariam interconectadas.

O plano é ousado. Parte das vias para bicicleta existentes hoje na cidade teria de ser adequada ou excluída. “As ciclovias que temos hoje são boas, o problema são as ciclofaixas, que ligam nada a lugar nenhum", disse o secretário.

As ciclovias costumam ser usadas em vias rápidas, de trânsito pesado, o que exige que sejam segregadas do tráfego de veículos, a exemplo da existente na avenida Paulista. Já as ciclofaixas são comuns em vias coletoras, como ruas e avenidas que dão acesso aos bairros.

JOÃO OCTAVIANO (DIR.), SECRETÁRIO MUNICIPAL DE TRANSPORTES, QUER TRAZER
A BEM-SUCEDIDA EXPERIÊNCIA DAS CICLOVIAS DE NOVA YORK PARA SÃO PAULO

Essas ruas geralmente não possuem espaço físico para segregar as bicicletas dos veículos. Além disso, as laterais das vias, por onde passam as ciclofaixas, dão acesso a estacionamento de lojas, vagas para carga e descarga de mercadorias, áreas de embarque e desembarque de passageiros. Ou seja, é pouco espaço para tanta atribuição.

A interferência que algumas das ciclofaixas atuais causam no cotidiano dos bairros gerou críticas aos projetos de estímulo ao uso da bicicleta tocados pela gestão do ex-prefeito Fernando Haddad.    

Segundo Antonio Carlos Pela, vice-presidente da ACSP e coordenador da CPU, o grande problema da gestão municipal anterior foi a “falta de um diálogo aberto com a sociedade”.

Machado Neto disse que a secretaria de mobilidade e transporte tem essa preocupação. “O processo de implantação precisa ser estudado, inclusive quanto ao papel social das bicicletas. A 50 quilômetros do centro, as bicicletas têm uma função diferente daquele da região central”, disse.

No seu entendimento, o estímulo ao uso da bicicleta como meio de deslocamento pode incrementar a atividade econômica dos bairros.

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“Em Nova Iorque, várias regiões que estavam degradadas foram revitalizadas ao se estruturar vias para receber ciclistas. O comércio desses locais voltou a crescer”, disse o secretário municipal.

Ele informou que uma equipe da prefeitura irá para Nova York entender como se deu a transformação na cidade norte-americana, e tentar trazer alguns conceitos para São Paulo.

Algumas etapas do projeto para a capital paulista são previstas agora para o segundo semestre. Entre elas, distribuição de bicicletários, paraciclos e bike stops pela cidade e obras para conectar a rede cicloviária já existente.  

IMAGEM: Thinkstock

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