Opção liberal com Alckmin ainda não aparece no radar do eleitor

Pesquisa Datafolha atribui ao governador de São Paulo apenas entre 6% a 7% das intenções de voto. O ex-presidente Lula (PT) e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) encabeçam as preferências

João Batista Natali
04/Dez/2017
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Opção liberal com Alckmin ainda não aparece no radar do eleitor

Levantamento do Datafolha publicado neste domingo (03/12) traz um quadro desanimador para o liberalismo. Além dos míseros 1% a 2% de Henrique Meirelles, Geraldo Alckmin não é ainda um nome viável para a sucessão presidencial pelo PSDB.

O governador de São Paulo, em que pese sua recente exposição na mídia, não superou ainda, para o primeiro turno de outubro de 2018, a margem de um dígito nas opções de voto.

Ele aparece em quarto lugar, com 6% a 7%, nos dois cenários mais verossímeis, em que disputa com Lula (34% a 37%), Jair Bolsonaro (17% a 18%)) e Marina Silva (9%a 10%), que neste sábado oficializou sua candidatura pela Rede Sustentabilidade.

A pesquisa ouviu 2,765 eleitores entre 29 e 30 de novembro e traz uma margem de erro de dois pontos, para cima ou para baixo.

A opção por Alckmin cresce apenas nos cenários em que Lula não mais aparece como o candidato do PT. Seria a hipótese de inviabilização da candidatura dele no julgamento em segunda instância, pelo TRF4, de Porto Alegre, da condenação que já sofreu em primeira instância, em Curitiba.

No caso, o governador vai para 11%, mas ocupa o modesto terceiro lugar, com Bolsonaro (21%) na liderança, seguido por Ciro Gomes (12%), do PDT.

Se Marina Silva participa do páreo, ela fica, sem Lula, em segundo lugar (16%). A liderança passa a ser de Bolsonaro (22%), e os dois empurram Alckmin para a quarta colocação, com 12%, empatado tecnicamente com Ciro Gomes (13%), em terceiro lugar.

Com João Doria, que já afirmou estar fora da disputa, o centro liberal tampouco tem um bom desempenho. Ele tem 5% e fica em quinto lugar, quando tem Lula como candidato e Alckmin não é mostrado ao eleitor como opção.

Doria sobe ligeiramente para 6% quando Lula deixa de ser uma escolha, e atinge seu melhor resultado, mas em quarta colocação, atrás de Bolsonaro, Marina e Ciro Gomes.

Outra má notícia para o centro está na pouca influência do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no apadrinhamento de candidaturas. Só 10% votariam no nome por ele indicado, com 25% que "talvez" o fizessem e 62% que nao o fariam de forma alguma.

Essa questão de indicação é, no entanto, contraditória. O grande eleitor permanece sendo Lula, cuja indicação seria seguida por 29%. Mesmo assim, só 3% dos eleitores votariam no petista Fernando Haddad, numa das alternativas em que Lula não estaria mais concorrendo.

Vejamos o segundo turno. Lula está em posição confortável. Derrotaria Marina Silva por 48% a 35%, Jair Bolsonaro, por 51% a 33%. Este é o segundo melhor resultado para o ex-presidente. O melhor resultado dele é o pior para Alckmin, que perderia pos 52% a 30%.

Com relação ao Datafolha anterior, publicado no final de setembro, Lula ganha seis pontos, enquanto o governador de São Paulo perde dois.

Caso enfrente Ciro Gomes, Alckmin empata tecnicamente com ele. Receberia 35% dos votos, contra 33% para o ex-governador do Ceará. A diferença entre ambos, no entanto, diminuiu de 8 para 2 pontos entre as duas pesquisas.

AS RAZÕES DE UM MAU DESEMPENHO

Há uma série de fatores que explicaria o mau desempenho de Alckmin e o bom desempenho de Lula. Em primeiro lugar, o ex-presidente se beneficia de um "recall" positivo, com bom crescimento da economia e baixo desemprego nos oito anos em que permaneceu no Planalto.

Além disso, Lula tem sido hábil ao espalhar grosseiramente a inverdade de não ter nada a ver com a recessão que consumiu os empregos e empurrou parte dos brasileiros para a pobreza ou para a miséria, entre 2015 e 2016.

Lula se esforça para não ser contaminado pela imagem de Dilma Rousseff, e ainda atribui a Michel Temer a existência, no início deste ano, de 13% de desempregados.

Com relação a Alckmin, sua virtual candidatura foi prejudicada por alternativas mais novas e inéditas na política - basicamente, João Doria e Luciano Huck. O governador de São Paulo passou a ser, na cabeça dos eleitores, a opção pelo velho e pelo anacrônico. Ele foi candidato presidencial em 2006, a quem Lula derrotou no segundo turno.

É possível que as ambiguidades recentes do PSDB e as acusações de corrupção contra o senador Aécio Neves (MG) tenham influenciado negativamente apenas uma parcela menor do eleitorado potencial de Alckmin.

O fato é que a Lava Jato atingiu em cheio a imagem dos tucanos e os colocou no mesmo pacote pejorativo em que estão "os políticos" considerados generica e coletivamente.

A verdade é que temos ainda 11 meses de campanha pela frente, e o atual quadro tende a sofrer mudanças. De qualquer modo, Alckmin tem pressa para inverter as previsões que lhe são desfavoráveis.

Como homem de centro, ele poderá atrair os partidos (PP, PR, PTB) que hoje ainda apoiam o presidente Michel Temer e que não desejam ficar sem alternativas eleitorais. Mas essa intenção ainda é frágil.

Da mesma forma com que essas siglas se aproximam de Alckmin, meio que por força de gravidade, elas poderão migrar para outras opções, caso percebam que o governador se transformou num caso perdido e num nome difícil de carregar.

O problema, no entanto, é que há falta de nomes no campo liberal. Além do ministro da Fazenda Henrique Meirelles, haveria Paulo Rabello de Castro, o presidente do BNDES que se filiou ao PSC, ou João Almoêdo, banqueiro e criador do Partido Novo.

Esse quadro contrasta com a abundância de opções dentro das esquerdas. Além de Lula, Marina e Ciro Gomes, essa corrente oferece em seu cardápio Álvaro Dias (Podemos), Manuela D´Ávila (PCdoB), Guilherme Boulos (Psol), petistas como Fernando Haddad e Jaques Wagner e até nomes com opção ideológica indefinida, como o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa.

 

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