Estudo inédito mapeia 424 polos varejistas na capital paulistana

Iniciativa realizada a partir da parceria entre a Universidade Mackenzie e a ACSP aponta locais de concentração setorial ou diversificada de atividade do comércio, como o Centro Velho (acima)

Redação DC
06/Dez/2019
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Estudo inédito mapeia 424 polos varejistas na capital paulistana

* Por Karina Lignelli e Mariana Missiaggia

O Conselho de Política Urbana (CPU) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em parceria com o grupo Cidade e Varejo do Laboratório de Projetos e Políticas Públicas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Mackenzie acabam de lançar a pesquisa "Polos varejistas de rua da cidade de São Paulo - Etapa I". 

Baseada na relação simbiótica entre a atividade do comércio e a cidade, a pesquisa, resultado de um trabalho inédito iniciado em 2018, identificou e mapeou 424 polos de varejo da cidade, classificando-os em três níveis, de acordo com a quantidade e diversidade de cada espaço, sendo: nível 1 -23 polos oferecendo de seis a sete ramos de atividades, nível 2 - 68 polos com quatro ou cinco ramos de atividades e nível 3 - 333 polos mais especializados, com apenas um a três ramos, além dos polos especializados que não estão entre os 424. Endereços como a rua 25 de Março e a rua Santa Ifigênia, por exemplo, estão entre os mais especializados. 

Sete tipos de negócios foram incluídos no levantamento para a identificação desses polos: bancos, farmácias, minimercados, lanchonetes de fast food, lojas de eletrodomésticos e eletrônicos, perfumarias e chocolaterias.

Os polos de nível 1 são considerados os mais completos por reunir o maior número de lojas de rede em apenas um endereço, como é o caso das regiões da Sé, avenida Paulista e a rua Augusta, no Centro e a avenida Mateo Bei, na Zona Leste. O polo mais distante dessa classificação em especial, está em Perus, na avenida Doutor Silvio de Campos, na zona noroeste da capital.

Leia mais: Pesquisa vai mapear polos de varejo de rua em SP

Larissa Campagner, responsável pelo estudo e coordenadora técnica do CPU, diz que a acessibilidade é um dos fatores essenciais para a existência um polo varejista. No caso de Perus, a proximidade de outras cidades e a presença de uma estação de trem nas redondezas garantem público constante para o comércio local. 

LARISSA CAMPAGNER, RESPONSÁVEL PELO ESTUDO,
FALA SOBRE A PRIMEIRA ETAPA DA PESQUISA

Nesta etapa do estudo, foi desenvolvida e aplicada a "Metodologia para Levantamento dos Polos Varejistas de rua da Cidade de São Paulo" (MELPO), realizadas a partir de levantamentos de campo e outras fontes. Tecnicamente, a pesquisa usou Big Data e dados georreferenciados sobre o varejo de rua da cidade de São Paulo que poderão ser utilizados por empresários do setor, associados, o poder público e a comunidade acadêmica.

"O intuito deste trabalho é criar um banco de dados que reúna informações que possam apoiar as decisões públicas e privadas levando em consideração a complexidade desses polos", diz Larissa.

De acordo com o estudo, não há cidade onde a atividade varejista, que responde por 23% do PIB (ou pode chegar a 64%, ao incluir veículos e construção civil) não esteja presente: ela eleva a qualidade de vida urbana, faz circular a riqueza e gera emprego e renda. Porém, essa é uma área carente de dados sistematizados.

Na ocasião do lançamento oficial da pesquisa, na última quinta-feira (05/12), a ACSP e o Mackenzie também assinaram acordo de parceria para realização da segunda parte do estudo. A continuidade dos estudos trará, segundo Larissa, um índice de Qualidade Urbanística dos Polos Varejistas de rua, apontando suas potencialidades e deficiências através de uma espécie de indicador que será indicado pelos dados levantados a seguir.

O reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, professor doutor Benedito Guimarães Aguiar Neto, exaltou a importância de assinar o convênio desta iniciativa com uma instituição centenária, a fim de desenvolver a cidade, o estado e o país. Aguiar Neto enxerga neste trabalho o potencial para ajudar no desenvolvimento social e econômico de São Paulo.

"É uma enorme satisfação ter a certeza de que estamos além de tudo, cumprindo um papel histórico e colaborando para o desenvolvimento de novos indicadores que possam oferecer insumos para o planejamento do varejo de modo que isso promova a expansão da atividade comercial em São Paulo", diz.

O presidente do Fundo Mackenzie de Pesquisa, Milton Flávio Moura, destacou que a cada dez anos, a instituição de ensino investe R$ 50 milhões em pesquisa e tem como diferencial trazer para a prática estudos alinhados com os principais valores do Mackenzie, como, por exemplo, apoiar o empreendedorismo.

Alfredo Cotait Neto, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), enalteceu a iniciativa e envolvimento do CPU em criar dados para fomentar e acelerar, em especial, o varejo de rua.

"Essa atitude é muito importante e valorizada nessa nova gestão, pois conhecer a dinâmica do comércio de forma mais profunda com o apoio do Mackenzie pode trazer novas abordagens e planos de ação para outros conselhos da entidade", diz.

Para Antonio Carlos Pela, vice-presidente da ACSP e coordenador do Conselho de Política Urbana da Associação, o reonhecimento desses polos traz oportunidade, experiência e instrumentos para enfrentar os desafios urbanos.

COTAIT, PRESIDENTE DA ACSP, EXALTA A PARCERIA ENTRE A ENTIDADE E A INSTITUIÇÃO

SOBRE A DIGITALIZAÇÃO DO VAREJO X COMÉRCIO DE RUA

Embora estejamos na era da digitalização do varejo, em que o omnichannel predomina e as lojas já mesclam vários canais de venda, como telefone e internet, a loja física ainda é apontada como um ponto de experiência para o consumidor e por antecipar tendências de experimentação de produto. Mas, não é só isso. Larissa destaca que o comércio de rua tem uma função essencial para a dinâmica da cidade.

"O polo de rua tem uma enorme importância para a qualidade de vida na cidade e para que haja vitalidade nessas áreas. Por isso, nós urbanistas temos a visão de que comércio e residência precisam dividir o mesmo espaço", diz. 

Tendo em vista a relação do comércio e serviços com a cidade, Juracy Parente, professor da FGV, cita a importância de se considerar os polos varejistas e seu fluxo de visitantes no processo de planejamento e intervenção urbana. "A reinvenção e a renovação dos polos varejistas de rua terão um impacto importante na melhoria da qualidade de vida de nossas cidades e no desenvolvimento de um país socialmente mais integrado", diz.

O evento de apresentação da pesquisa sobre os polos varejistas também contou com a presença do professor doutor Valter Caldana, coordenador do Laboratório de Projetos e Políticas Públicas do Mackenzie, professor doutor Marcel Mendes, chanceler do Mackenzie, da professora doutora Angélica Alvim, diretora da Faculdade de Arquitetura do Mackenzie, de Roberto Mateus Ordine, 1º vice-presidente e coordenador das distritais da ACSP, Abdo Hadade, vice-presidente e coordenador do Conselho de Varejo da ACSP e Marcel Solimeo, economista da ACSP.

FOTOS: Paulo Pampolin/Hype e Acervo ACSP

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