Os caminhos que a educação brasileira tem percorrido
Hubert Alqueres, secretário de Educação do Estado de São Paulo, Pedro Chaves, senador da República e o ex-secretário de Cultura do Estado de São Paulo, Andrea Matarazzo, falam sobre suas experiências com o tema em cargos públicos
Cheio de dilemas e desafios, a história da educação brasileira traz em sua trajetória alguns fracassos, outras vitórias e poucas certezas - uma delas é a de que cultura e educação caminham lado a lado. E que, portanto, deveriam estar articuladas enquanto políticas públicas. Mas, ainda não é exatamente assim.
Na manhã desta quarta-feira, Wilson Rodrigues, diretor-geral da Faculdade do Comércio (FAC-SP) e coordenador do FJE, conduziu um bate-papo durante o seminário "Futuro: o Brasil que queremos para depois das eleições" na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em parceria com a (FAC-SP) e o Fórum de Jovens Empreendedores (FJE).
Reunidos para discutir sobre educação, cultura, ciência e tecnologia, Hubert Alqueres, secretário de Educação do Estado de São Paulo, Pedro Chaves, senador da República e relator da Reforma do Ensino Médio, e o embaixador e ex-secretário de Cultura do Estado de São Paulo, Andrea Matarazzo, falaram sobre suas experiências em cargos públicos.
Primeiro a tratar do assunto, Chaves discursou sobre Reforma do Ensino Médio, que em 2017 estabeleceu uma mudança na estrutura do ensino médio, ampliando o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para 1 mil horas anuais e definindo uma nova organização curricular, mais flexível, que contemplou uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a oferta de diferentes possibilidades de escolhas aos estudantes, com foco nas áreas de conhecimento e na formação técnica e profissional.
Definindo a alteração como democrática, Chaves aponta que as medidas trazem muitos benefícios para a comunidade escolar com o objetivo de preparar os jovens para enfrentar uma economia dinâmica e estimular o empreendedorismo.
De acordo com o senador, dos 8 milhões de jovens que se matriculam no ensino médio, apenas 1,9 milhão concluem os estudos. Além disso, outros 1,7 milhão de 15 a 17 anos estão fora das escolas.
Apesar dos problemas estruturais do sistema, Alqueres defende a ideia de que houve grande esforço nacional nas últimas três décadas, por avanços significativos no ensino básico. Experiências exitosas como o Ensino Médio Integral de Pernambuco colocam o Brasil, segundo Alqueres, num rol de reformas do que há hoje de mais avançado no mundo em matéria educacional.
Nas palavras do secretário, evidências científicas já comprovam o impacto positivo da disseminação do modelo, de forma sustentada. Pioneiro em transformar esse tipo de ensino em política pública, o estado de Pernambuco tem 55% de suas escolas do ensino médio em regime de tempo integral. Em uma década o estado pulou da 22ª posição no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para o terceiro lugar.
Para Alqueres, a ampliação do tempo de aprendizagem é essencial para diminuir a defasagem entre o ensino brasileiro e o de outras nações mais desenvolvidas. Ele cita que em países com melhor desempenho no sistema internacional de avaliação, a jornada escolar diária é de sete horas ou mais, enquanto a brasileira é de quatro horas.
Matarazzo citou as Fábricas de Cultura, ação do governo do estado de São Paulo iniciada em 2011, durante sua gestão na Secretaria da Cultura. Com 1,5 mil alunos e recebendo um público mensal de 15 mil pessoas por mês, Matarazzo apontou que esses espaços oferecem alternativas aos jovens da periferia, incentivando a cultura em áreas de grande carência de serviços.
"É infraestrutura para que os jovens aprendam, apreciem e compartilhem música, teatro e outras atividades", diz.
O ex-secretário de cultura também deu destaque a outra iniciativa - o Sistema Paulista de Música, que dá aos alunos acesso orientado aos equipamentos profissionais, como a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), levando a formação desses jovens a um novo patamar.
Sobre os incentivos de sua gestão destacou as bolsas de estudo e intercâmbios com músicos dos equipamentos profissionais do Estado, o investimento de R$ 200 milhões entre Osesp, ProjetoGuri, Conservatório de Tatuí, Emesp Tom Jobim, Banda Sinfônica e Jazz Sinfônica, a renovação da gestão do Museu da Imagem e do Som (MIS), ampliando de 1,5 mil para 15 mil o número de visitantes por mês, mantendo a qualidade vanguardista que caracteriza o complexo.
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