Temer diz que esquerda e direita são rótulos usados apenas eleitoralmente
O ex-presidente participou do seminário Futuro: o Brasil que queremos para depois das eleições, organizado pelo Fórum de Jovens Empreendedores (FJE) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)
O ex-presidente Michel Temer disse que esquerda e direita são apenas rótulos usados eleitoralmente e que o brasileiro médio, que precisa do Estado, não ligaria para essas definições, pois estaria mais preocupado com o resultado objetivo do governo.
“Pergunte para a classe média carente se ela quer esquerda ou direita. O que ela quer é preço baixo no supermercado”, disse Temer durante o seminário Futuro: o Brasil que queremos para depois das eleições, organizado pelo Fórum de Jovens Empreendedores (FJE) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Para o ex-presidente, essa divisão de lados, muitas vezes pautada em ideologias equivocadas, tem levado intranquilidade ao país, e comprometido a harmonia entre os poderes. “Harmonia envolve o diálogo, é uma coisa trivial, mas que não existe na cultura política nacional”, disse.
O raciocínio de Temer foi acompanhado pelo ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que também participou do seminário da ACSP. Para Meirelles, o principal problema no país atualmente é a intolerância com as divergências. “Precisamos reestabelecer o princípio básico da democracia, que é o respeito às diferenças, ao debate de ideias. Quando há impasse, a maioria decide”, falou.
PARLAMENTARISMO
Temer voltou a defender uma reforma política que tenha o semiparlamentarismo como foco. O ex-presidente usa como modelos os sistemas de governo de Portugal e da França, onde a figura do presidente se mantém forte, com prerrogativa da escolha de ministros e direito a veto legislativo, por exemplo. Mas quem governa de fato é o parlamento.
“Hoje, no presidencialismo, sem maioria parlamentar não se governa. No parlamentarismo, se essa maioria se esvai, forma-se outro governo sem traumas ao sistema”, disse Temer.
Para o ex-presidente, uma reforma no sistema político teria de ser pensada para 2026 em diante, não para as eleições de 2022.
Para chegar ao parlamentarismo, o ex-ministro da Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab defende a redução no número de partidos políticos. “Precisamos proibir as coligações para eleições majoritárias, aí cai para sete ou oito o número de partidos. Só assim podemos caminhar para um semiparlamentarismo”, disser Kassab.
Segundo o ex-ministro, o número excessivo de partidos seria um dos motivos da relação vista muitas vezes como promíscua entre executivo e legislativo. “Em geral essa relação é institucional, mas tem bons e maus parlamentares. Se tem parlamentares incorretos, precisam ser banidos da vida pública. Mas esse mal comportamento tem como principal causa o número excessivo de partidos”, afirmou.
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IMAGEM: ACSP