Ibope: Bolsonaro ganha no primeiro turno, mas perde no segundo
Ex-capitão do Exército levaria a pior contra Marina, Alckmin e Ciro Gomes. E empataria tecnicamente com o petista Fernando Haddad
A pesquisa que o Ibope divulgou na noite de quarta-feira (5/9) trouxe, resumidamente, o seguinte cenário: Jair Bolsonaro (PSL) encabeçaria a votação no primeiro turno, mas seria derrotado no turno final.
O ex-capitão do Exército passa de 20% para 22%. Essa pequena ascensão, ainda dentro da margem de erro, é curiosa. Significa que ele pode ter herdado uma fração do eleitorado antes disposta a votar em Lula.
Trata-se, aliás, de um fenômeno constatado no Nordeste, onde – com a ausência do ex-presidente na urna eletrônica – o voto que mistura confusamente a esperança e o protesto passou a ser capitalizado pelo militar da reserva.
A impressão nas campanhas dos demais candidatos é de que o ex-capitão do Exército está com seu nome consolidado. Deverá ser um dos finalistas do segundo turno.
Mas é aí que está o problema. O Ibope revela que Bolsonaro seria derrotado, com a nova votação, caso enfrente Ciro Gomes (PDT), por 44% a 33%, Geraldo Alckmin (PSDB), por 41% a 32%, e também por Marina Silva (Rede), por 43% a 33%.
Ele estaria apenas um ponto na frente de Haddad (37% a 36%), o que é, tecnicamente, um empate, considerando a margem de erro.
Diante de uma perspectiva desanimadora para o turno final de 28 de outubro, a equipe de Bolsonaro passou a dizer, nesta quinta-feira (6/9), que o objetivo, a partir de agora, seria chegar a 50% dos votos, já no primeiro turno de 7 de outubro.
Essa ambição é dificultada por algo muito simples. O ex-capitão encabeça a taxa de rejeição, com 44% dos eleitores que dizem que de maneira nenhuma votariam nele. E, nesse quesito, aparece bem à frente da segunda colocada, Marina, rejeitada por 26% dos entrevistados.
MAIS DÚVIDAS QUE CERTEZAS
O fato é que o Ibope atrapalhou algumas certezas dos candidatos ao Planalto. E tornou as previsões ainda mais confusas.
Foi o primeiro levantamento daquele instituto em que Lula – com candidatura cassada pelo TSE na sexta anterior – não aparecia mais como concorrente.
A esperança do PT era a de que Fernando Haddad daria um salto nas intenções de voto e poderia até encabeçar as preferências.
Não foi o que aconteceu. O ex-prefeito de São Paulo aparece em quinto lugar, com 6% das intenções, por mais que o potencial de seu crescimento seja incomparavelmente maior.
Mas, para tanto, é preciso resolver o conflito estratégico criado dentro do PT. Ou o partido põe Haddad na rua com o estatuto de candidato presidencial, ou então mantém por mais tempo a ficção de que Lula poderá concorrer.
Uma ficção novamente bombardeada, nesta quinta, com a decisão do ministro Edson Fachin, do STF, de não reconhecer nele condições de elegibilidade.
Mau sinal para Lula, já que o mesmo Fachin endossou, na sexta-feira passada (31/8), a ficção do direito internacional, segundo a qual a recomendação do Comitê de Direitos Humanos da ONU, para que Lula se candidatasse, tinha para com o direito brasileiro algum valor vinculante.
A surpresa do Ibope foi a estagnação de Marina Silva. Ela se manteve nos mesmos 12% da pesquisa anterior. Ao menos desta vez, ela não atraiu antigos eleitores de Lula.
Geraldo Alckmin aparece com 9%. Ou dois pontos a mais que na última pesquisa do Ibope.
Os tucanos obviamente acreditam que um único dígito é muito pouco. Mas a pesquisa foi feita nas primeiras 48 horas de propaganda eleitoral no rádio e TV, onde o ex-governador de São Paulo tem bem mais tempo que seus concorrentes para passar seu recado.
SIMPLES COADJUVANTES
A pontuação dos demais candidatos não dá a eles o estatuto de atores principais da sucessão presidencial. Todos exercem papel secundário nesse drama político.
Com 3% das intenções, aparecem Álvaro Dias (Podemos) e João Amoêdo (Novo), que saltou do 1% anterior.
Henrique Meirelles (MDB) aparece com 2%, enquanto João Goulart Filho (PPL), Guilherme Boulos (Psol) e Vera (PSTU) estão com 1% das intenções.
Cabo Daciolo (Patriota) e José Maria Eymael (DC) não pontuaram.
O Ibope ouviu 2 mil eleitores entre 1º e 3 de setembro. A margem de erro é de dois pontos, para menos ou para mais.
FOTO:Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil