DC, publicações irmãs e agregadas

A ACSP editou outros periódicos além do Diário do Comércio, como a revista Digesto Econômico que aparece na imagem e conviveu com o jornal entre 1944 e 2014

Renato Carbonari Ibelli
15/Fev/2024
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DC, publicações irmãs e agregadas

Esta série de matérias joga os holofotes sobre o Diário do Comércio em razão do seu centenário, mas o jornal não caminhou sozinho ao longo desses anos todos. A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) manteve outras publicações, que foram de grande importância para a entidade difundir suas ideias.

Aliás, desde muito cedo, a Associação Comercial percebeu a importância de dialogar com a classe empresarial por meio da imprensa. Dois importantes exemplos desse posicionamento remetem a 1948, durante a presidência de Décio Ferraz Novaes, quando foram criados o Departamento de Divulgações e o Departamento de Publicações.

O primeiro, atuando como uma assessoria de imprensa, muito antes desse tipo de agência aparecer no país, o que só ocorreria na década de 1970. O Departamento de Divulgações, comandado pelo jornalista Rui Nogueira Martins, se encarregaria de fazer com que as ações da ACSP, e os assuntos de interesse debatidos pela entidade, fossem difundidos pelos meios de comunicação do estado de São Paulo e do país.

Já o Departamento de Publicações, chefiado por Antonio Gontijo de Carvalho, cuidaria dos impressos da ACSP, que à época eram três: o Boletim Diário (que em julho de 1949 seria rebatizado como Diário do Comércio), a revista Digesto Econômico e a Carta Semanal.

Esta última, lançada em 19 de outubro de 1946, sintetizava para os associados assuntos econômicos e legais discutidos pela entidade ao longo da semana. De maneira sucinta, a Carta explicava, por exemplo, como se fazia o cálculo para o pagamento de férias aos funcionários, ou quais produtos teriam a incidência do Imposto de Consumo.

A Carta Semanal foi distribuída até julho de 1949, quando o Diário do Comércio foi ampliado e absorveu a publicação. 

À esquerda, a Revista da Associação Commercial de S. Paulo, criada em 1921, que pode ser considerada a primeira publicação oficial da entidade. Ao seu lado aparece a Carta Semanal, que circulou entre 1946 e 1949, quando foi incorporada pelo Diário do Comércio

 

Por sua vez, a Digesto Econômico, criada em dezembro de 1944, conviveu muito mais tempo com o DC. Essa revista mensal nasceu com o propósito de compilar estudos econômicos e financeiros produzidos por especialistas do Brasil e do mundo. O objetivo era tornar públicas as ideias consideradas vanguardistas.

A primeira edição da revista analisava, entre outros assuntos, a questão do transporte público na capital paulista, que estava sobrecarregado, e apontava que a solução estava no subterrâneo, com a construção de um “Metropolitano” que circundaria a região central, com estações na Praça da República, Pateo do Collegio, Largo São Bento e Viaduto Santa Ifigênia, entre outras paradas.

A primeira edição da Digesto Econômico, datada de 1 de dezembro de 1944, discutia a criação de um transporte subterrâneo, o Metropolitano, para solucionar os problemas de deslocamento na capital paulista

 

O Metrô que conhecemos hoje começaria a ser construído somente em 1972, portanto 28 anos depois do assunto ser levado à público pela revista.

A Digesto teve grande aceitação entre intelectuais da época, chegando a ser citada como referência de divulgação do conhecimento por participantes da Conferência de Araxá, um importante evento ocorrido em 1949 que reuniu as classes produtora e política para debater a industrialização e o desenvolvimento econômico do país.

Relatório das ações da ACSP no biênio 1948 – 1949 transcreve o que foi dito sobre a Digesto na Conferência de Araxá, embora o registro não atribua um autor à citação:

“Por seu lado, o Digesto Econômico vulgariza conhecimentos gerais de economia e finanças entre todas as classes de leitores, realizando obra paralela de educação cívica, em tudo dispondo de proficiente direção e de brilhante corpo de colaboradores, recrutados em todo o país”.

A partir de 2004, a Digesto passou a ser produzida pela equipe do Diário do Comércio. Mantendo a essência de veículo para debate de ideias, a edição de novembro de 2010 da publicação fez um diagnóstico dos principais problemas do país, e reuniu propostas para superá-los concebidas por economistas, tributaristas e diversos outros especialistas. A ACSP fez aquela edição chegar até Dilma Rousseff, recém-eleita presidente do país.

Naquele período, a Digesto também passou a publicar o ranking “Os Melhores dos Maiores”, que listava e premiava as empresas de maior destaque com base em suas receitas.

A revista circulou, com algumas interrupções, até 2014. Com o fim da versão impressa do DC, a Digesto Econômico também deixou de ser editada.

A publicação oficial mais antiga da ACSP foi a Revista da Associação Commercial de S. Paulo, que data de 1921, portanto três anos antes do DC surgir. Ela foi distribuída até 1924, quando o Boletim Confidencial – embrião deste Diário do Comércio -, começou a circular.

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IMAGENS: Biblioteca ACSP

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