DC 100 anos: Saem as máquinas de escrever, entram os computadores
Na imagem, a redação do Diário do Comércio nos anos 1980, na rua Galvão Bueno, e no início dos anos 2000, na rua Boa Vista. Processo de informatização do jornal iniciou em 1984, pelo departamento comercial, e foi finalizado em 1994
No momento em que o Diário do Comércio foi distribuído pela primeira vez, lá em 1924, ainda com o nome de Boletim Confidencial, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) percebeu que tinha nas mãos um instrumento capaz de agregar a classe empresarial - naquele início, em torno de informações creditícias. Mais à frente, ao reverberar as demandas da comunidade empreendedora.
Desde então, o DC sempre fez parte dos planos estratégicos da ACSP, que colocou o jornal entre as prioridades nos diversos processos de transformação pela qual a entidade passou, incluindo a modernização das suas estruturas.
Em meados de 1980, uma novidade apareceu nos departamentos da associação: o computador. O processo de informatização da ACSP, que iniciou pelo Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), se estenderia pelos anos de 1990, tendo como uma das metas substituir as máquinas de escrever da redação do Diário do Comércio e digitalizar seu processo editorial.
Um encarte especial sobre as reformas na entidade, publicado na edição do DC de 20 de março de 1991, mostra os planos da diretoria da associação, à época presidida por Romeu Trussardi Filho, para o jornal:
“O Diário do Comércio estará recebendo nos próximos dias mais quatro computadores gráficos e uma fotocomponedora laser, o que lhe permitirá acelerar bastante o processo de modernização gráfica já iniciado.”
A fotocomponedora mencionada no texto acima viria para substituir os rudimentares linotipos usados na gráfica do jornal. Era um verdadeiro salto quântico no processo editorial.
Na linotipia se usava chumbo derretido para moldar cada uma das linhas das páginas da publicação, que então eram organizadas para montar uma placa de impressão. Já a fotocomposição imprimia a laser o negativo das páginas previamente diagramadas nos recém-chegados computadores.
O mesmo encarte de março de 1991 mostrava que o Diário do Comércio ganhava ainda mais força nos planos da ACSP. A partir daquele momento, o jornal passaria a contar com um gerente geral, que centralizaria as demandas da publicação. Além disso, o DC teria um novo objetivo definido:
“O jornal e a revista Digesto Econômico deverão ganhar nova dimensão. O primeiro como instrumento de atuação da Casa e a revista como órgão de prestação de serviços e difusão do ideário da Casa.”
A informatização do DC aconteceu em etapas. Seu departamento comercial já havia recebido computadores em 1984, necessários para agilizar a publicação de anúncios e balanços de empresas. Entre 1990 e 1994 foi a vez do parque gráfico e da redação.
Modernizar completamente a gráfica, no entanto, exigiria um investimento astronômico. Assim, em 1998 a ACSP decide terceirizar a impressão, que passa a ser feita na OESP, a gráfica do Estadão.
A redação do jornal, porém, continua a ser melhorada. No início dos anos 2000 recebe um novo software de editoração, o GoodNews (GN), usado pelo The New York Times, entre outros veículos tradicionais. A aquisição possibilita a reformulação completa do jornal, que fica mais bonito, passando a mostrar gráficos, fotos e ilustrações com mais qualidade em suas páginas.
O DC passa a contar também com gerador e servidor de internet próprios, separados da estrutura da ACSP. O investimento é necessário por causa do enorme volume de informações digitais gerado diariamente pelo jornal.
Nesse processo de melhoria contínua, em 2004, sob o comando de Moisés Rabinovici, o DC se apresenta à web com o site dcomercio.com.br. A partir daquele momento, a publicação, que chegava diariamente para 20 mil assinantes, estaria disponível a qualquer pessoa conectada.
LEIA MAIS:
As oficinas do Diário do Comércio
Entramos no ano do centenário do Diário do Comércio
IMAGENS: Biblioteca ACSP/tratamento gráfico de Gabriela Soares