Como essa dupla transformou o mercado de aluguel de vestidos
Mariana Penazzo (à esq.) e Bárbara Almeida fundaram a Dress&Go, que aluga vestidos de estilistas nacionais e internacionais por uma fração do valor cobrado pelas lojas
Quando ainda trabalhavam no mercado financeiro, as administradoras Mariana Penazzo, 30 anos, e Bárbara Almeida, 32 anos, viviam trocando vestidos. Como toda mulher, elas queriam um visual diferente para cada evento que compareciam.
Em uma dessas ocasiões, Mariana sugeriu a Bárbara que ela começasse a locar parte de seu acervo, que era assinado por grandes estilistas. Mas a ideia ficou de lado.
No dia seguinte, ainda à procura de um vestido para ir a um casamento, Mariana digitou no Google “Karen Millen”, sua estilista preferida. Para a surpresa da administradora, apareceu uma oferta de vestido por 65 libras (R$ 292), valor bem abaixo dos cobrados pela marca. Foi então que ela percebeu que não era para comprar, mas para alugar.
“Descobri que aquele negócio já existia e que poderia dar certo em São Paulo”, diz.
A partir daí, a dupla passou a estudar a ideia e pesquisar mais sobre o mercado. Não demorou para que chegassem à americana Rent The Runway, de Nova York.
Pioneira no ramo de aluguel de vestidos de luxo, a empresa foi fundada em 2009 e se tornou uma inspiração para a dupla de amigas.
Com o plano de negócios pronto, elas investiram R$ 150 mil cada uma para tirar a ideia do papel. Começaram com um e-commerce e 30 vestidos. A divulgação era feita somente pelo boca a boca.
Primeiro vieram as amigas, depois as amigas das amigas e la nave va. Hoje, são quatro mil modelos, duas mil locações mensais, dois showrooms (SP e RJ) e um aporte de R$ 1 milhão do fundo A5 Internet Investments.
CLOSET DOS SONHOS
À primeira vista, a proposta da Dress and Go pode parecer mais do mesmo, já que existem tantas lojas com o serviço de locação de vestidos.
Mas, a dupla conseguiu quebrar o estigma do aluguel, justamente, por ter apostado em modelos diferenciados.
Tendo como público alvo mulheres entre 18 e 35 anos das classes A, B e C, a Dress and Go surgiu como uma alternativa para quem investia muito dinheiro em uma única peça.
Os modelos são de marcas internacionais, como a Missoni, e nacionais, como Carlos Miele, Reinaldo Lourenço, Iodice e André Lima. Além do preço do aluguel, o site revela o valor original do vestido, para mostrar a economia obtida pela potencial cliente na plataforma.
Um bom exemplo é um dos modelos disponíveis no e-commerce da loja. Um Reinaldo Lourenço que custaria R$ 6,2 mil pode ser alugado por R$ 830.
Mariana diz que além de economizar, as clientes saem satisfeitas por não repetirem o look e optarem por um consumo mais consciente. A empreendedora evoca a onda de consumo focado no compartilhamento.
“Elas preferem ter um closet infinito das marcas que gostam e não repetir o modelo nunca mais”, diz.
Bem como a locação por uma fração do valor cobrado pelas lojas, Mariana aponta outra inovação no segmento: a praticidade do aluguel online.
Todos os modelos disponíveis estão cadastrados no site, onde a cliente escolhe o vestido que quer usar, recebe em sua casa na data combinada e o devolve sem ter que se preocupar em lavar.
O negócio também abre a possibilidade para que as clientes conheçam novas modelagens, como fendas, decotes e transparências.
“Se elas fossem comprar, escolheriam algo básico pra servir para diferentes ocasiões. Alugando é possível ousar e, de repente, descobrir algo que funciona bem no seu corpo, mas que nunca imaginou”.
Funciona também como um test-drive para que as consumidores conheçam novas marcas e se tornem clientes.
"Atendemos pessoas de maior poder aquisitivo, que já compraram bastante vestido e viram que não compensa comprar algo que vai ser usado apenas uma vez", diz.
"Por outro lado, alugamos para quem não tem dinheiro para comprar a peça, mas que agora tem a chance de usar vestidos de estilistas famosos".
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