Via Varejo reformula atacado e mira pequenos negócios
Expectativa da dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio é dobrar a capacidade de atendimento e atingir 10 mil empresas por mês
Para atender pequenos e médios varejistas de lojas físicas, do e-commerce ou que vendem pelo marketplace, a Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, acaba de lançar a VV Atacado, uma plataforma de soluções em abastecimento e crédito para esse público.
A ideia, segundo Caio Catto, diretor comercial da Via Varejo, é aplicar os principais pilares da companhia para atender pequenos lojistas regionais de todo o país, de modo que eles ampliem seus negócios e se tornem mais competitivos em seu mercado de atuação.
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Entre esses pilares, o primeiro é a capilaridade, já que a malha logística da Via Varejo possibilita que os lojistas recebam atendimento onde a densidade populacional não é tão grande. Ou seja, onde as lojas físicas do grupo ainda não chegaram, de acordo com Catto.
O segundo é a negociação com fornecedores, já que o poder de compra dos pequenos negócios é mínimo para atingir uma escala de negociação com a indústria. “Já pelo (grande) volume que compramos, repassamos para eles a custos mais competitivos nos mercados em que atuam”, diz.
O terceiro são as condições de pagamento e financiamento para o pequeno negócio -o que, segundo o diretor comercial, favorece o giro da mercadoria. “É um atacado onde o pequeno lojista pode solucionar todas as suas demandas”, diz, sem revelar números.
Além dos eletrodomésticos e eletroeletrônicos, o lojista também terá acesso aos itens da Bartira Móveis, marca industrial do grupo cujos dormitórios, estantes e racks são comercializados exclusivamente nas lojas e no e-commerce da Casas Bahia e Ponto Frio.
O novo braço atacadista da companhia, que reformulou e deu uma roupagem mais atualizada à antiga marca Ponto Frio Atacado, pretende dobrar a capacidade de atendimento a esse público, que já é realizada pela loja virtual e pelo televendas, atingindo 10 mil clientes/mês.
FOCO NA INTEGRAÇÃO
A apresentação da VV Atacado é parte da estratégia de integração de canais – e-commerce e lojas físicas - da Via Varejo que, em seu último balanço, o do primeiro trimestre de 2018, sinaliza que a expectativa de finalização desse projeto está prevista para julho.
Seguindo a tendência de crescimento dos marketplaces, a companhia ainda afirma seguir com a estratégia de aperfeiçoar sua plataforma também ao longo desse ano. O objetivo, de acordo com o balanço, é “tornar a Via Varejo o one-stop-shop dos sellers” (em inglês, uma espécie de “balcão único” de produtos e serviços para os comerciantes).
Porém, a referência na execução desse tipo de estratégia, de acordo com especialistas, é o Magazine Luiza, pioneiro no processo de integração de canais.
Para ter uma ideia da relevância que o marketplace tem atualmente para os grandes grupos varejistas, convém citar os números do Magazine Luiza, concorrente frontal da Via Varejo.
Em menos de dois anos, a companhia afirma ter atraído 1,2 mil sellers e ampliado de 40 mil para 2 milhões de itens comercializados. No Magazine, o e-commerce representa 35% do faturamento.
"Ampliamos a gama de opções para os clientes, sem empatar nosso capital de giro", disse Frederico Trajano no recente Fórum de Varejo promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais). Grandes marcas como a Whirpool -dona da Brastemp- comercializam ali seus produtos garantindo comissão para a varejista.
Neste primeiro trimestre de 2018, a receita líquida da Via Varejo, que pertence ao Grupo GPA, atingiu R$ 6,6 bilhões, alta de 10,5% ante igual período de 2017. Já o faturamento online chegou a R$ 1,5 bilhão no período, crescendo 7,3%.
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Outro projeto em andamento da Via Varejo em parceria com a consultoria Accenture - e que já começou a gerar conversão, segundo a empresa -, é o Via Única, que cria uma base de dados unificada, porém segmentada em todos os canais, com os perfis de seus 60 milhões de clientes.
A troca de comando da companhia anunciada em fevereiro, que resultou na ascensão de Flávio Dias ao cargo de CEO, que já estava à frente dos projetos de multicanalidade e tecnologia da Via Varejo e substituiu Peter Eastmann, trouxe expectativas de acelerar ainda mais essa estratégia.
“Com o encerramento do processo de integração dos canais lojas físicas e online, a Via Varejo passa a ter na sua agenda um foco ainda maior na transformação digital, que visa colocar a companhia como a principal via de compras dos seus clientes”, diz o balanço. A conferir.
FOTOS: Divulgação/Via Varejo