Os caminhos para o futuro do ecossistema empresarial

Para o especialista Rodrigo Xavier, as organizações precisam ter a inovação como centro de suas estratégias em todos os níveis

Mariana Missiaggia
11/Nov/2021
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Os caminhos para o futuro do ecossistema empresarial

Startups, aceleradoras, incubadoras, hubs de inovação, investidores-anjo. Esses e outros termos se tornaram o centro das discussões em inovação na última década. Norteando até mesmo os passos de grandes empresas, o surgimento das comunidades de startups promoveu avanços, estimulou novas iniciativas e compartilhou boas práticas.

Com o ecossistema de inovação mais robusto da América Latina, o Brasil alcançou nos últimos 20 anos capacidade de impulsionar o desenvolvimento de diversas áreas que promovem impacto à sociedade, como saúde, educação e mobilidade urbana, de acordo com Rodrigo Xavier, co-chairman da HPX Corp e sócio da Igah Ventures.

Em participação no ciclo de palestras Caminhos do Futuro, organizado pela Faculdade do Comércio (FAC), da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Xavier propôs que as organizações tenham a inovação como centro de suas estratégias em todos os níveis.

Embora essa ainda não seja uma abordagem comum no mercado, nem entre organizações públicas nem entre organizações privadas, o especialista aponta que já é possível observar que aquelas que seguem essa estrutura conseguem perenidade e resultados mais interessantes.

Para Xavier, a formação do ecossistema empresarial brasileiro apresenta lacunas que desaceleram sua capacidade de gerar força e competências, especialmente para momentos de crise e instabilidade econômica. Destino da maior parte dos investimentos de capital estrangeiro da América do Sul, os negócios brasileiros ainda precisam avançar. 

Para começar a entender a trajetória desses ecossistemas, Xavier explica que é preciso reconhecer a importância e os papéis dos agentes de mudanças desse cenário, que podem apoiar as necessidades de cada empresa.

O ambiente acadêmico, ou seja, as universidades desempenham o papel educacional, baseado em muitas pesquisas que geram soluções, formando tecnicamente os personagens do ecossistema de inovação junto à sociedade.

Com muito conhecimento técnico, esses pesquisadores se dedicam a gerar inovações tecnológicas que darão suporte à criação de novos produtos.

Para Xavier, cabe aos empreendedores transformar as inovações originadas dessa pesquisa em produtos, processos ou negócios. Desse modo, as empresas assumem o papel de levar as inovações tecnológicas à sociedade e assim, garantem sua sobrevivência de forma sustentável. 

Responsáveis pela disseminação da inovação, os empresários traduzem tecnologias em algo palpável, escalável e acessível para a sociedade, enquanto ainda há pouco conhecimento sobre esse processo.

Cabe ao governo, na opinião do especialista, o papel de criar políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo e à inovação, além de intermediar ações, como capacitar pessoas, estimular e apoiar o desenvolvimento de novos negócios.

Ainda que o objetivo dos investidores seja de reverter o capital investido, eles assumem o papel de garantir a sobrevivência nos primeiros meses ou anos de um novo negócio. Nesse sentido, aceleradoras apoiam empreendedores com investimentos e conhecimento para o desenvolvimento de seus negócios.

Enquanto incubadoras suportam o desenvolvimento inicial de um negócio, os parques tecnológicos abrigam empresas inovadoras promovendo conexões e gerando parcerias entre empresas, assim como os hubs de inovação - espaços mais informais com eventos e programas de aceleração importantes para o progresso do ecossistema, como a pulverização da inovação pelo país.

Xavier destaca que apesar da presença de comunidades de empreendedorismo em todo o território brasileiro, ainda há maior direcionamento econômico para as regiões sul e sudeste do país, que possuem ambientes mais produtivos que fortalecem o desempenho dessas startups.

Por essa razão, torna-se fundamental disseminar a transformação cultural para a construção de um mercado fértil ao investimento e, assim, possibilitar a geração de novos negócios e empregos.

Ao citar Satya Nadella, Xavier recorda que o CEO da Microsoft trouxe mudanças significativas à empresa, principalmente no que diz respeito à gestão de pessoas e ideias - e como resultado desse trabalho, retornou a companhia ao posto de empresa mais valiosa do mundo.

Muitos dos feitos de Nadella podem ser replicados pelos pequenos empresários, na opinião de Xavier. Por exemplo: a cultura de aprendizado, que pressupõe querer aprender sobre tudo em vez de saber tudo; a cultura intraempreendedora, que incentiva funcionários a trabalharem em seus próprios projetos durante parte do expediente; e tomadas de decisão rápidas, porém pensadas a longo prazo.

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