"Manos" e "mauricinhos" se misturam na Rua 25 de Março

Jovens adultos da periferia e consumidores das classes A e B predominam na maior área de comércio popular da América Latina, revela pesquisa inédita

Karina Lignelli
24/Nov/2017
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"Manos" e "mauricinhos" se misturam na Rua 25 de Março

Os “manos” e as “minas” batem cartão. “Patricinhas” e “mauricinhos” também marcam presença. É fato que a rua 25 de Março é considerada a maior área de comércio popular da América Latina.

Brincadeiras tipicamente paulistanas à parte, também é fato que o perfil dos frequentadores daquela babel de gente, lojas, camelôs e todo tipo de produto se concentram principalmente nesses dois grandes grupos de consumidores.

É o que revela estudo da Serasa Experian, que mapeou também o público do Saara, região gêmea da 25 de Março localizada na Rua da Alfândega e adjacências, na região central do Rio de Janeiro.

Realizado por meio da plataforma Real World Audience (RWA), que mapeia dados anônimos sociodemográficos e de geolocalização via mobile, o primeiro recorte do estudo fornece pistas para ações de marketing e propaganda ao chamar atenção para um dado relevante: o poder de compra dos frequentadores da região.

Mesmo sendo a grande maioria do público que passeia e compra nas principais ruas de comércio popular da capital paulista -o segmento “jovens adultos da periferia”, com 29,49% do total -, o segundo maior público que frequenta a 25 de Março é de membros da “elite brasileira”.

Formado por consumidores acima de 30 anos, com alta escolaridade, bem empregados ou donos do próprio negócio e com alto padrão de vida, o segmento representa 17,94% do total.

Esse percentual, que no Saara é ainda mais elevado (23,56%), é maior do que a representatividade do grupo na população brasileira (4,16%).  

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Mas, se independente do tamanho do bolso não há quem não goste de uma boa pechincha, o cenário econômico recente também ajuda a entender a presença significativa desse público no comércio popular, de acordo com Paulo Melo, diretor de Relações institucionais da Serasa Experian.

“É o mesmo público que saiu dos grandes supermercados para comprar no atacarejo”, afirma.

OUTROS DADOS

Os frequentadores da 25 de Março e do Saara em geral também mantêm hábitos semelhantes para visitar lojas e fazer compras, com poucas diferenças entre si. No caso da 25 de Março, apesar da alta circulação de pessoas diariamente, o sábado é o dia preferido para 22,2% dos consumidores.

Do total, 14%, em média, priorizam os demais dias da semana. A exceção é o domingo, quando a frequência cai para 3,9%.

No Saara, o quadro se inverte pelo “efeito praia”, conforme lembra Marcelo Pimenta, diretor do DataLab (laboratório de inovação do birô, que desenvolveu a RWA) a média da semana é de 17%, caindo para 12% no sábado e 0,9% no domingo.  

No caso das visitas, o estudo mostrou que, para a grande maioria -nada menos que 75% do total - a duração é de 30 minutos e uma hora, assim como no Saara, onde há uma ligeira diferença (76%).

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A distância também não é problema para os frequentadores da 25 de Março: de acordo com o levantamento, 65% atravessam mais de 10 km para chegar à região. No Saara, o número cai para 49%. 

Desse total, 18,6% deslocam-se por mais de 50 km, atraídos pela variedade e preços baixos - sejam sacoleiros ou revendedores, os habituais “caroços” (consumidores que perambulam pela região só para degustar vitrines e preços), ou os que costumam fazer compras de ocasião.

O principal insight desse estudo, de acordo com Pimenta, foi observar que, quem compra nessas regiões não persegue a tal de “experiência de compra.”

“Quem frequenta esses lugares busca algo rápido”, afirma. Por isso a ideia de se basear no conceito de mobilidade e fluxo populacional para identificar o que levou aquele determinado consumidor a comprar nessas regiões.

“É uma forma de entender o fluxo do varejo e alavancar as vendas no PDV”, completa.

Lançada este ano em parceria com startup In Loco (rede de publicidade para mobile que coloca anúncios em locais definidos pelo anunciante para atrair visitas físicas ao varejo), a plataforma RWA captou, via GPS e wi-fi, dados de geolocalização de 27 mil dispositivos móveis, em São Paulo, e 18 mil, no Rio de Janeiro, entre 1º de fevereiro e 31 de julho de 2017. 

FOTO: Cris Faga/Estadão Conteúdo 

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