Depósito de Meias São Jorge concilia tradição da 25 de Março com imersão em tecnologia
Há 22 anos a rede apostou no digital, que hoje garante 65% das suas vendas
Até mesmo os comércios mais tradicionais precisam se reinventar para manter o negócio frente às frequentes mudanças do mercado, ainda mais em um mundo cada vez mais digital. Ter um “nome” não significa garantia de sucesso por muito tempo.
Pensando assim, os gestores do Depósito de Meias São Jorge, famosa loja de meias, de roupa íntima e de malharia feminina, masculina e infantil da tradicional Rua 25 de Março, resolveram apostar no mercado digital 22 anos atrás, quando o assunto ainda era muito precoce.
A marca, criada em 1955, conquistou fama e sucesso e se tornou um dos pontos mais conhecidos da 25 de Março, onde possui duas lojas físicas. Mesmo assim, hoje, as vendas on-line do Depósito São Jorge representam 65% do faturamento da rede.
A varejista montou uma estrutura robusta para atender ao público cada vez mais diversificado nos variados canais de vendas, seja físico, e-commerce ou nas redes sociais.
“Já passamos por tantas fases que aprendemos a lidar com as mudanças, principalmente agora em que há uma omnicanalidade bem expressiva no setor e as oportunidades não podem ser desperdiçadas”, conta Jorge Dib, diretor do Depósito de Meias São Jorge.
Ele diz que a loja entrou no meio digital quando tudo ainda era novidade, há mais de duas décadas. As vendas no atacado ainda eram feitas por fax.
“Trabalhávamos naquela época com um catálogo físico de produtos e resolvemos lançar uma versão em uma vitrine digital. A ideia era potencializar o atacado, para empresas que eram nossas clientes. Mas acabamos lançando também para o varejo no mesmo dia e foi um sucesso”, relembra Dib.
O Depósito São Jorge entrou de cabeça na tecnologia e apostou forte no e-commerce. “Não somos uma simples loja da 25 de Março que tem um site. Temos uma estrutura completa com toda a logística e equipes dedicadas para o atacarejo. Evoluímos nesses 22 anos com ferramentas, operações, atendimento e especialistas. É um negócio que funciona independentemente da loja física. Nosso galpão no bairro da Moóca é exclusivo das vendas do e-commerce”, conta o diretor.
Quando a pandemia chegou e as lojas tiveram que ser fechadas, Dib conta que sempre ouvia dos demais lojistas que o Depósito tinha sorte de já ter o e-commerce estabelecido e rodando. “A questão é que não foi sorte, foi muito trabalho envolvido muito antes.”
Atualmente, o Depósito de Meias São Jorge tem 35% das suas vendas provindas das lojas físicas na Rua 25 de Março. Dos 65% que vêm do digital, consideram-se as vendas pelo site – em sua maioria para revendedores no atacado –, pelas redes sociais, como Instagram, Facebook e Pinterest, e ainda pelos 13 marketplaces em que a marca atua em parceria. Entre eles, estão grandes nomes como Mercado Livre, Amazon, Renner e Riachuelo.
“Nas redes sociais, produzimos conteúdos com links para que os clientes possam ser direcionados para o site, revertendo em vendas”, explica Dib.
Para o consultor de negócios Arnaldo Mota, atuar em diversos canais não é uma opção para comerciantes, é uma questão de sobrevivência. “Oferecer uma experiência de compra integrada e consciente em todos os canais de vendas e comunicação tornou-se essencial para os comerciantes. E, para isso, não importa se você tem nome, se sua loja é famosa e se ela vende bem no meio físico. Uma hora pode acabar”, diz.
Dib concorda: “Se não aderir às evoluções do mercado e às formas como as pessoas e empresas querem comprar, você está fadado a ter uma queda brusca de vendas, ou até falir, porque o cliente vai acabar procurando nos concorrentes.”
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IMAGEM: Evandro Monteiro/DC