Bradesco: empresários são vítimas de extorsão

A precipitação em envolver um homem da envergadura do presidente do Bradesco preocupa os que acreditam que a solução dos problemas econômicos e sociais do Brasil passa por uma política clara de estímulo ao empreendedor, ao investidor, ao financiador

Aristóteles Drummond
01/Jun/2016
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Lamentável que as autoridades encarregadas de passar o Brasil a limpo, em oportuno momento, sob aplauso de toda a sociedade, não tenham percebido um detalhe que não pode deixar de ser observado com atenção e senso de responsabilidade.

O pedido de indiciamento do presidente do Bradesco, Luís Carlos Trabuco, é o exemplo que pode ser a gota d’água para se colocar as coisas nos seus devidos lugares. 

Não se trata de um aventureiro, mas de um bancário que chegou à presidência do poderoso grupo após longa e competente carreira. Mereceu de seu antecessor, e hoje presidente do conselho, Lázaro Brandão, o reconhecimento pelos serviços prestados ao grupo, discreto, austero, dedicado. Nunca atuou visando seu interesse pessoal, mas, sim, ao estrito cumprimento das missões que lhe foram confiadas. 

Nesse Brasil dos abusos de autoridade, de fúria fiscal, que até recentemente tinha autoridades do primeiro escalão a pressionar empresas por questões trabalhistas, ninguém pode acreditar que os casos de propina tenham partido das empresas. Seria ato de desatino a distribuição gratuita de dinheiro a agentes públicos.

No caso em tela, apesar de uma organização criminosa procurar intimidar e extorquir o banco, foram desmascarados pelo próprio resultado do recurso protocolado. 

A precipitação em envolver um homem da envergadura do presidente do Bradesco preocupa os que acreditam que a solução dos problemas econômicos e sociais do Brasil passa por uma política clara de estímulo ao empreendedor, ao investidor, ao financiador. Não existe desenvolvimento econômico e liberdade política sem uma rede bancária privada forte, plural e ética. Como o setor público está manchado pela corrupção, envolver o Bradesco desta forma soa mal.
  
Temos assistido a uma investida contra as vítimas da corrupção, igualados aos membros da verdadeira máfia de políticos e executivos de entidades estatais, em flagrante aberração. Não seria exagero supor que os empresários agiram mais na defesa de suas empresas do que na busca de lucros excepcionais.

Quando muito foram induzidos a uma cumplicidade, não podendo ser tratados em pé de igualdade com aqueles que agrediram o interesse público pelo qual deveriam de zelar.

A sociedade como um todo pode ter cometido um grave erro ao assistir com passividade a prisão de empresários e executivos por períodos tão longos.

Vivemos um momento positivo, devemos muito ao jovem juiz Moro, que veio para mostrar que a impunidade não se perpetuaria. A Polícia Federal tem dado provas de sua competência para a defesa da sociedade, o Ministério Público vem surpreendendo pela independência e o compromisso integral com sua missão. 
Mas é preciso que não se deixem levar pelas manobras de nítido cunho ideológico que satanizam as vítimas.

O caso Trabuco deve alertar a todos para os perigos de se desrespeitar homens rigorosamente corretos, cujo envolvimento involuntário com criminosos nunca visaram o interesse pessoal. O Bradesco não é dirigido por acionistas, mas, sim, pelos profissionais de carreira, inspirados no legado admirável de Amador Aguiar. 

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