A loja é do futuro, mas o resultado é imediato

Lançada na 47ª edição da Couromoda, a "Varejo Tech Store" (acima) traz soluções tecnológicas e inovadoras para tentar fidelizar consumidores cada vez mais conectados (e trazer mais lucros para o caixa)

Karina Lignelli
20/Jan/2020
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Está ficando cada vez mais para trás aquele modelo de loja de calçados semelhante a uma exposição concentrada e muitas vezes confusa do mostruário, cercada por vendedores tentando empurrar vendas a qualquer custo.  

Para sobreviver em tempos de consumidores ultraconectados e em busca de experiências, o varejo calçadista tem se reinventado e criado estratégias para continuar na briga. Em especial, no competitivo mercado online.

Na edição 2020 da NRF Retail's Big Show, que acabou no último dia 14 de janeiro em Nova York, duas tendências se destacaram para serem aplicadas nesse tipo ponto de venda, na visão da Missão Ablac (Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados), diz Wesley Barbosa, consultor de varejo e coordenador do grupo que visitou a feira. 

Uma é a customização, ou seja, tratar um consumidor cada vez mais exigente como se fosse único, oferecendo produtos "sob medida" e que representam seus gostos e atitudes pessoais. Já a outra, mesmo presente no varejo há anos, e um caminho sem volta, é a tecnologia e a inovação a serviço do consumidor.

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Como exemplos, a rede americana de lojas de departamento Nordstrom e a flagship store (ou loja-conceito) da Adidas, grandes cases apresentados no evento: espaços que transmitem a essência da marca, com ambiente mais clean, recursos sensoriais, áreas exclusivas e tratamento vip. Ou seja, experiências muito além da simples compra. 

Aqui no Brasil, o setor calçadista também está se movimentando para isso: na 47ª edição da Couromoda, considerada a feira de calçados e artigos de couro mais importante da América Latina, que terminou no último dia 15 na capital paulista, a grande novidade foi a apresentação do protótipo da Varejo Tech Store. 

Espécie de "loja do futuro" idealizada pela Data System, desenvolvedora de softwares de gestão de lojas de calçados e roupas, em parceria com a Couromoda, o modelo, desenvolvido por startups (ou retail techs) para lojas de calçados e roupas, oferece soluções tecnológicas não só para melhorar a experiência dos clientes, mas o resultado dos negócios. 

Na Tech Store, além de sistemas integrados de gestão, que incluem inventário do estoque via RFID móvel, há um espelho interativo que permite navegar pelos produtos da loja, além de solicitar as peças para provar com alguns cliques. Também dá para fazer o checkout (ou seja, encerrar e pagar a compra) direto no provador.

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Há também uma solução mobile de gestão de visual merchandising, que permite criar um manual de execução de novas campanhas para ser compartilhado com a equipe de uma ou mais lojas via app. 

Outra novidade é a contagem de fluxo de consumidores em conjunto com a hotzone, que mensura esse fluxo no estabelecimento e cria um mapa de calor para identificar as áreas mais visitadas da loja. 

"A ideia desse projeto é oferecer soluções pensadas e desenvolvidas pensando nas principais dificuldades do dia a dia desses lojistas", afirma Rubia Fernanda Vitt, gerente de expansão da Data System. 

Para quem já trilha o caminho do omnichannel - como a Oscar Calçados, rede multimarca de São José dos Campos (interior de São Paulo) com mais de 35 anos de atividade, que investiu R$ 2 milhões para espalhar o clique-e-retire, lockerso auto-atendimento e até o modelo "sem vitrine" em suas 31 lojas - a alta no faturamento pode chegar a 20%. 

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Já com as soluções oferecidas pela Varejo Tech Store, de acordo com Rubia Vitt, que vêm sendo utilizadas por lojistas que fazem parte do pequeno e médio varejo calçadista, os resultados também já começam a aparecer.  

FLAGSHIP DA ADIDAS, CASE DA NRF: PERSONALIZAÇÃO E
TECNOLOGIA A SERVIÇO DO CONSUMIDOR

"Com o checkout mobile, esses lojistas afirmam ter registrado aumento médio de 15% no faturamento principalmente pela comodidade de finalizar a venda em qualquer lugar da loja sem pegar fila", diz. "Já com o contador de fluxo, registraram alta de 10%, e com a plataforma de e-commerce (um canal a mais de vendas), o aumento foi de 40%."

Em resumo, para se manter competitivo diante das inovações do mercado e mudanças nos hábitos de consumo, segundo Rubia, uma loja com tecnologias integradas, não só ajudam a fortalecer a omnicanalidade, mas também a ampliar os resultados. Em especial as multimarca, cujo tema deve ser um ponto de atenção, apesar de poucas adotarem a estratégia.

"Mas os varejistas já sentem que o consumidor está mais exigente e consciente, e estão se movimentando para conhecer tecnologias que possam agregar experiências marcantes os seus clientes", destaca.  

AQUI E AGORA 

Já é mais do que sabido que o mercado está em depuração, e quem não mudar, morre. Hoje, estar em diversos canais - em especial no online - é o meio ideal de continuar no jogo. Principalmente no caso do pequeno e médio varejo, diz Victor Magnani, presidente da ABO2O (Associação Brasileira Online to Offline) e fundador do Instituto Startups, que palestrou na Couromoda.   

"Pequenos e médios empreendedores (ao entrar no mercado virtual) têm maior vantagem para realizar esse processo, pela agilidade de colocar em prática uma nova cultura de consumo com uma estrutura mais enxuta e horizontal", diz, "o que vai ajudá-los a vender para o país todo, trazendo mais clientes para a loja física." 

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Mas, além de contar com soluções de uma tech store, há outros pontos que o varejo de calçados têm que adotar para desbravar o ambiente online e aumentar os resultados, afirma Magnani. Entre eles, alimentar o consumidor com informação através de sites, blogs, redes sociais e atendimento via whatsapp, além da parceria com influencers.

Também é preciso focar nos valores da marca e seu diferencial e, por último, ser uma loja física conectada com o online - ou seja, usar a mesma linguagem, ter a mesma rapidez no atendimento e checagem de reputação.  

"Hoje, no Brasil, 4% dos calçados são vendidos online e, desse volume, 80% são tênis", afirma Magnani. "Temos uma enorme capacidade para virar uma potência nesse tipo de venda, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão. Mas é preciso adotar o quanto antes um posicionamento efetivo, ou fica difícil garantir resultados a médio prazo." 

FOTOS: Divulgação/Arquivo pessoal 

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