Um clube de assinaturas para matar a ociosidade de seu restaurante

Com o segmento de alimentação fora do lar demonstrando sinais de recuperação, clube gastronômico que oferece desconto para consumidores pode elevar taxa de ocupação de estabelecimentos

Italo Rufino
23/Mar/2018
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Um clube de assinaturas para matar a ociosidade de seu restaurante

Há seis anos, o economista Milton Freitas deixou o mundo corporativo, onde era executivo do setor financeiro, para empreender no segmento de restaurantes.

Ele adquiriu o Antonieta, estabelecimento de culinária italiana localizado no bairro Higienópolis, na capital paulista.

Logo nos primeiros meses de operação, o executivo fez uma varredura nos processos do negócio. Houve ajustes em cardápio, equipe e fontes de custos e despesas.

Persistia, porém, o problema da ociosidade. Localizado numa região com hospitais e empresas, o público do Antonieta, na hora do almoço, é formado principalmente por pessoas que trabalham nas redondezas. Entre segunda e quinta-feira, das 13h às 16h, o volume de consumidores caia drasticamente.

Freitas, então, aderiu a soluções digitais para angariar mais clientes. Uma delas foi o ChefsClub, um clube de assinatura digital especializado em gastronomia, que oferece aos associados preços promocionais em restaurantes.

FREITAS, DO ANTONIETA: FLUXO DE CLIENTES CRESCEU 40%

Funciona assim: o assinante adere a um plano, que custa a partir de R$ 21,65 por mês, e tem direito a descontos exclusivos de até 50% nos estabelecimentos cadastrados. Hoje, a plataforma reúne mais de 50 mil assinantes e cerca de 3 mil restaurantes no país (quase 500 estão na capital paulista).

Se para o usuário a vantagem é ganhar desconto na conta, para o restaurante é uma oportunidade de aumentar o faturamento. Os preços promocionais atraem maior volume de consumidores.

O restaurante também passa a ficar exposto na plataforma, que pode ser acessada por meio de um aplicativo do ChefsClub. O dono de restaurante pode alterar a dinâmica das promoções em tempo real, como quantidade de mesas, pratos, dias e horários que entram no desconto.

Ao mesmo tempo, o empreendedor pode acessar dados genéricos dos assinantes, como idade, gênero e locais onde consome. Também é possível visualizar as notas de avaliação dos consumidores e os dias e horários de maior movimento. O custo para o estabelecimento aderir ao ChefsClub é de cerca de R$ 500 por semestre.  

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Desde que passou a integrar o ChefsClub, em 2013, o faturamento do Antonieta nos horários de menor movimento cresceu até 40%.

“Se você está com as portas abertas, com equipe e insumos e não tem clientes, vai perder a mercadoria”, afirma Freitas, que também é dono de mais quatro restaurantes na cidade. “Então, tem que abaixar o preço e ganhar na quantidade.”

SEGMENTO DÁ SINAIS DE RECUPERAÇÃO

Em 2017, após dois anos seguidos de retração, o potencial de despesas com alimentação fora do lar dos brasileiros cresceu 4,72%, segundo um levantamento feito pela empresa de inteligência geográfica Geofusion em parceria com a empresa de pagamentos Mastercard (o estudo consultou dados do IBGE).

GUILHERME MYNSSEN E PEDRO DE CONTI, DO CHEFSCLUB:
DESCONTO PARA CONSUMIDOR E MAIS VENDAS PARA RESTAURANTE

O montante disponível entre as famílias atingiu R$ 203,348 bilhões. O resultado, porém, ainda não avançou ao patamar pré-crise, quando os consumidores tinham cerca de R$ 204,684 bilhões para serem gastos em comida e bebida fora de casa.

Neste período de retração, muitos comerciantes a fecharem as portas. De acordo com Guilherme Mynssen, CEO ChefsClub, nos últimos dois anos, cerca de 50 estabelecimentos que integravam a plataforma encerraram as operações a cada mês, em média.

Para Mynssen, também há problemas dentro do estabelecimento. Muitos empreendedores que começam a atuar no segmento possuem pouco conhecimento em gestão de restaurante -um formato de negócio que requer alto investimento em máquinas e equipamentos, lida com insumos perecíveis e possui pouco controle de demanda.

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“Também é comum erros em posicionamento de marca e proposta de valor”, afirma Mynssen. “Ainda há muitos estabelecimentos que oferecem diferentes tipos de culinária e não equalizam preço, atendimento e qualidade de produtos para atingir seu público-alvo.”

Para minimizar os riscos, recomenda-se que os restaurantes implementem aplicativos e softwares que ajudam na gestão do negócio, como sistemas de ERP, organizadores de fila, cardápio digital e programas de fidelidade.

IMAGEM: Thinkstock

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