Um basta na crise

O futuro do Brasil como nação desenvolvida e civilizada exige uma trégua nesta luta que afronta a população sofredora

Aristóteles Drummond
09/Mar/2016
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O país está derretendo na economia e marcha para grave crise social. A confusão política, que vem se arrastando e provocando a intranquilidade no país tem de ser resolvida para que o já sofrido povo não seja penalizado de forma cruel.

Quem é  informado sabe que os afortunados não sofrem com as crises. Estes, se necessário for, compram a carne no mercado negro ou vão morar em Miami.

Nos últimos cinco anos, 80 mil imóveis na Flórida foram adquiridos por latino-americanos, a maioria por venezuelanos. Portanto, quem sofre com a falta de alimentos é o trabalhador que tenta sobreviver em Caracas, já considerada a capital mais violenta do continente.

A chamada sociedade civil parece dividida e desorganizada. É preciso uma agenda comum, com aval do governo, para dar fôlego ao país, desacreditado interna e externamente.

Um programa definido é tão importante que a Argentina, em menos de cem dias, já é vista com outros olhos pela comunidade internacional. O presidente Macri é um exemplo do valor das palavras e intenções.

Ninguém entende que as forças mais responsáveis da sociedade – empresários, intelectuais, magistrados, políticos, entidades representativas de classe – não cheguem a um programa comum.

E isso é resultado da falta de espírito público, do egoísmo, da insensibilidade e da irresponsabilidade. A essa altura da crise, ser contra ou a favor do governo é irrelevante.

O que está em jogo é o país como um todo. E não seríamos os primeiros a um retrocesso irreversível. Há precedentes. Cabe ao governo mudar sua relação com os agentes econômicos.

O mundo todo vive um momento delicado. Mas nós (e mais alguns países, como Venezuela, Angola, Grécia) reunimos todas as crises, enquanto outros enfrentam problemas por um ou outro motivo.

Nós não podemos resolver a questão econômica, sem encontrar uma saída política; precisamos da paz social para o entendimento. Não podemos brigar com os mercados internacionais, hoje presentes na vida das nações pelo fenômeno da globalização.

No mais, o desentendimento reinante quanto às políticas públicas tem provocado consequências danosas à paz da família brasileira. Exemplo maior é sermos, atualmente, um país maculado pela presença da violência urbana e rural, ameaças a perturbação da ordem.

O futuro do Brasil como nação desenvolvida e civilizada exige uma trégua nesta luta que afronta a população sofredora.

 

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