Socorro para as empresas
O que pode ser feito hoje para superar a crise
Os papéis emitidos pelas empresas brasileiras no mercado internacional estão cotados a preço de banana. Algumas, como Gol, Vale, Usiminas, Gerdau, CSN, podem ser adquiridas por um terço de seu valor de face.
São organizações importantes, empregadoras de mão de obra de qualidade, que poderiam ter uma ajuda criativa nessa crise que atravessam.
Um governo com vontade de resolver problemas sem preconceitos ideológicos abriria uma linha de crédito em dólares para que essas empresas recomprem seus papéis, com deságio, diminuindo o endividamento e alongando o vencimento.
Operação garantida pelo próprio abatimento do risco em moeda forte. E ajudaria a segurar em patamar aceitável a queda dos títulos emitidos por empresas brasileiras.
Outro setor em dificuldades são as distribuidoras de energia elétrica, em que os altos índices de inadimplência são agravados pelo recolhimento do ICMS (cerca de 25%, na média), sobre contas faturadas e não pagas.
Seria justo que o recolhimento passasse a ser sobre o recebido e não sobre o faturado. Poderia provocar alguma reação dos estados, mas também ser incluído no pacote de socorro inevitável, uma vez que a questão da dívida está chegando ao limite, já com dificuldade para honrar as folhas de pagamento.
É preciso ação, decisão e rapidez. A questão da abertura do jogo, com projeto tramitando no Senado habilmente montado, poderia também gerar mais de cem mil empregos e criar receita para a União, estados e municípios. E não custa dinheiro, apenas vontade política para agir.
A própria questão da anistia aos recursos fora do país não ficou bem explicada e até pouco atrativa. Existe o caso dos titulares de imóveis, que deveriam ter um tratamento diferenciado no que toca ao parcelamento dos débitos, especialmente os adquiridos antes de 1994, quando não se permitia a compra regular.
No Brasil, há assuntos que ficam esquecidos. Quando se fala dos aeroportos privados, com investimentos e melhoria nos serviços prestados, não se diz que o limite de 500 dólares nas compras nas lojas free-shop está congelado há pelo menos 40 anos.
Natural que sofresse uma pequena correção, para 800, por exemplo, o que daria mais movimento aos estabelecimentos.
Uma fórmula criativa poderia aumentar a capacidade produtiva da Zona Franca de Manaus, hoje em crise.
Pela via de uma Zona de Processamento para Exportação (ZPE) paralela, poderia se garantir os empregos em Manaus, que levaram décadas para formar um bloco de operários e técnicos qualificados.
A criação do Rio Dólar, uma praça cambial forte no Rio, velho projeto de Theophilo de Azeredo Santos e Roberto Campos, seria outra medida que provocaria empregos de alta qualificação na cidade vocacionada para o comércio internacional.
Enfim, deixando de lado o discurso mofado das teses restritivas ao capital, teríamos investimento e a reconquista do conceito (e respeito) internacional. É só querer!!!
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