Setor de serviços bloqueia crescimento maior do PIB
Mas o varejo deve subir 5,1% este ano, diz a Associação Comercial de São Paulo (ACSP)

A previsão de crescimento da economia em 2018 continua a oscilar entre 2,5% e 3%, mas ela teria uma consistência e uma velocidade maior caso o setor de serviços (como transporte) estivesse menos apático.
Ele prossegue no negativo em 2,4%, longe de registrar o crescimento que existiu pela última vez no primeiro semestre de 2015. Os serviços são responsáveis por mais da metade dos empregos.
Ao mesmo tempo, a boa notícia vem do varejo restrito (que não leva em conta veículos e material de construção). Projeção do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), aponta para um crescimento, este ano, de 5,1%.
A única ressalva está no fato de a base do ano passado, sobre a qual o crescimento foi calculado, ter sido excepcionalmente baixa.
Essas são algumas das conclusões a que chegaram representantes dos setores da economia que participaram nesta quinta-feira (26/04) do comitê de avaliação da conjuntura, coordenado por Edy Luiz Kogut, membro do conselho superior da ACSP.
Outra constatação, desta vez feita por Marcel Solimeo, economista-chefe da ACSP, diz respeito à dissociação entre os efeitos benéficos da inflação baixa e a taxa de confiança do consumidor.
Mas o consumo em certos setores continua em franco crescimento. As vendas de aparelhos de TV estão em alta de 42,8% e as de eletroeletrônicos portáteis, de 13%.
O crescimento é bem maior nas grandes redes do varejo.
COMÉRCIO ELETRÔNICO
O comércio eletrônico atravessa um avanço com números invejáveis. Os sites com produtos novos venderam no primeiro trimestre de 2017 algo como R$ 48 bilhões.
Se for para contar com os sites que também trazem produtos usados (automóveis, por exemplo), o volume de vendas sobe a R$ 73 bilhões.
Duas curiosidades. No e-commerce, a venda de celulares ultrapassou pela primeira vez a de eletrônicos, e as consumidoras do sexo feminino (1,4 milhão) passaram a ser majoritárias.
A previsão é que o comércio eletrônico cresça até o fim do ano 12%, e que o Dia das Mães seja em 15% melhor que o do ano passado.
Uma das questões novas que o setor está enfrentando é a dos “cross borders”, consumidores que compram diretamente de sites estrangeiros, normalmente chineses.
O setor – que não favorece a indústria ou o varejo nacionais – vendeu em 2017 R$ 2,7 bilhões. Entre os consumidores, a metade não pagou Impostos de Importação e 54% não pagaram frete.
PREVISÕES DA INDÚSTRIA
O setor industrial continua a prever um crescimento mais próximo de 2,5% do que de 3% para este ano.
No primeiro bimestre, a indústria cresceu 4,3% com relação ao bimestre anterior. O crescimento dos bens duráveis foi de 17,9%, e os de bens de capital, 12,6%.
Mas o emprego aumentou em apenas 0,5%. Os empresários procuram recuperar a produtividade anterior à recessão. Mesmo assim, o recrutamento fará com que a mão-de-obra industrial termine o ano com um amento de 3% a 4%.
Na agricultura, as previsões – da euforia à catástrofe – dependem do setor.
Os produtores de soja estão no paraíso. Conseguem lucrar, depois de todos os investimentos e insumos, R$ 1 mil por hectare cultivado. Beneficiaram-se com a quebra da safra argentina, país que espantosamente está importando soja dos Estados Unidos.
Mas o setor do açúcar está sendo prejudicado pela superprodução em escala mundial (7 a 8 bilhões de toneladas este ano). E na pecuária há uma perda de 20% a 25% no valor nominal.
Um dos sintomas dessa crise pode ser lido no abate de fêmeas. Em geral, elas correspondem a 40% do gado enviado ao matadouro. Agora, são 65%.
Some-se a esse quadro a queda generalizada da carne de frango, a partir da proibição baixada pela União Europeia, que vitimou frigoríficos brasileiros.
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