Os militares e a democracia

Essa covarde e irresponsável política de calar e anular os militares pode custar muito caro ao Brasil

Aristóteles Drummond
22/Mar/2016
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Desde o Império, os militares exerceram de fato a missão de garantir a ordem interna, a unidade nacional e a paz pela via do poder moderador que exerceram com muito patriotismo.

Pouca gente lembra que o Duque de Caxias não apenas foi o grande militar na defesa da unidade nacional e das vitórias nos campos de batalha, mas o  estadista chefe de governo e senador do Império.

Nossas Forças Armadas sempre foram compostas pelos mais diferentes perfis sociais e raciais do povo, muitos com gerações na carreira. Atualmente ainda é grande o número de oficiais filhos de suboficiais, sargentos e oficiais das três armas.

Pela primeira vez na história, desde a separação de Portugal, em 1822, vivemos grave crise sem termos os militares como atores.

Anos de martelar revanchista fizeram com que os próprios ficassem recolhidos em suas missões de rotina de defesa das nossas fronteiras e soberania, desgostosos com a omissão das forças vivas da sociedade diante de campanhas difamatórias e evidente achatamento salarial.

Os oficiais sempre tiveram uma tabela de vencimentos compatível com as carreiras do serviço público, como diplomatas, magistrados e catedráticos.

Hoje, todos estes ganham bem mais do que um oficial de posição equivalente. O resultado é  essa crise política que parece não ter fim, derretendo a economia, já com reflexos no social e com a desconfiança internacional.

O período militar, 21 anos de exercício do poder autoritário, foi eficiente na gestão, honrado no trato do dinheiro público e ousado na execução de grandes obras de energia e transportes, entre as maiores e mais importantes do Brasil.

E, no campo social, programas como o de habitação popular (de qualidade) e o Funrural, o primeiro de Castelo Branco e o segundo de Emílio Médici.

Na educação, é quase consenso no meio acadêmico que o presidente Figueiredo deu ao Brasil dois dos melhores ministros, Ruben Ludwig e Ester de Figueredo Ferraz, conforme atesta o senador e professor
Cristovam Buarque, crítico do regime de 64.

A democracia pedida pelos intelectuais, políticos, entidades de classe, tem sido um luxo em se considerando o preço pago pela maioria da população, cada vez mais dependente de projetos sociais. 

No Nordeste, os programas mataram o que restava de emprego e de empresas de pequeno porte legalizadas. 
Hoje, todos querem viver do Bolsa Família e complementar com o trabalho informal.

Na vigência da Constituição de 46, a mais democrática que tivemos, a presença militar também se fazia sentir pela via do voto popular.

Além de as eleições presidenciais terem sido disputadas com a presença militar, em 46, com a eleição do Marechal Dutra, vencendo o Brigadeiro Eduardo Gomes e, em 50, com Getulio retornando ao poder e derrotando o mesmo brigadeiro.

Em 55, JK venceu o Marechal Juarez Távora e, em 60, Jânio Quadros derrotou o Marechal Lott. Nos anos 50, o Rio, então Distrito Federal, teve inúmeros deputados federais e três senadores militares: Alencastro Guimarães, Gilberto Marinho (dois mandatos) e Caiado de Castro.

Essa covarde e irresponsável política de calar e anular os militares pode custar muito caro ao Brasil. 

Ficamos dependendo de um "messias cívico" que faça sentir que os militares não renunciaram à cidadania e muito menos a seu papel histórico. Não para tomar o poder. Mas para servir a pátria!

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