Mais manipulação, não

A população pensante do país só volta às ruas se for por razão objetiva, clara, sem manipulação, sem falsa liderança e com propósito de melhorar de fato o país, sem slogans ou candidaturas a favor deste ou daquele

Paulo Saab
27/Mar/2017
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Dentro do espectro anacrônico da ideologia, as esquerdas comemoram o que consideram fracasso das manifestações atribuídas à direita, neste domingo (26/03), quando houve protestos de rua com presença menor do que em outras oportunidades.

E as direitas reclamam que em manifestação da esquerda se dá como sucesso se forem apenas mil pessoas ou algo assim.

Esse tipo de raciocínio, vigente na chamada mídia, nesta segunda-feira, é só mais um pálido reflexo de como a questão ideológica, defendida nos meios políticos e de governo, até como forma de definição de posições, é algo ainda muito distante das verdadeiras aspirações da população.

O brasileiro comum só quer um ambiente favorável para viver, sem rótulos, onde imperem as liberdades, o direito a crescer em sua vida, e uma administração oficial decente, digna, que não o explore nem o submeta. Coisa rara no país atualmente.

O desastre que foi a era Lula, quando o ex-presidente (hoje se vê com clareza a subjetividade de seu governo para poucos) e sua sucessora, Dilma, desastre maior ainda, destruíram o Brasil em termos de valores morais, econômicos e institucionais, permeia a classe política no poder há décadas.

A população brasileira que foi em massa às ruas e obteve o impeachment de Dilma estava menos preocupada em ser de esquerda ou direita e mais com os rumos do país e seus reflexos na qualidade de vida de cada um.

O protesto foi monstruoso e decisivo para defenestrar o lulopetismo do poder porque os abusos eram evidentes e a transformação do Brasil numa Venezuela, com a implantação do gramscismo, andava a passos acelerados. (Antônio Gramsci, comunista italiano preconizou a revolução comunista mudando os valores e as atitudes do povo de dentro do governo para fora, sem luta aramada, mas destruindo e alterando os valores vigentes).

Com a queda do lulopetismo era mais do que sabido que este tipo de visão danosa ao Brasil iria para a oposição e, amém de buscar seguir destruindo tudo, ainda se arvoraria em partido capaz de uma reconstrução, sem mencionar que eles mesmos foram os autores dos atos que levaram o país ao estado que atualmente se tanta corrigir.

A grande questão que sobrou para os demais políticos e governantes, na visão deles e em função das operações anticorrupção, foi a de salvarem a si próprios e não corrigir o país.

Enquanto o brasileiro quer foi às ruas, espontaneamente, derrubar um governo, esperando outro de reconstrução, se sentir lesado, pela permanência no controle de nossa República combalida, de políticos oligárquicos e empresários corruptos, não haverá liderança que assim se arvore capaz de leva-lo às ruas como massa de manobra.

Este brasileiro não vai em troca de um sanduiche e 50 reais, como é feita a mobilização das esquerdas, se formos usar o anacronismo ideológico ainda vigente. Ele vai porque quer ver mudanças reais ocorrerem e os políticos viciados serem afastados do poder.

Agrava, ainda, que movimentos que nas manifestações que derrubaram Dilma e o PT, surgiram como expressões espontâneas na sociedade, se tornaram também veículos partidarizados onde suas lideranças brigam agora por serem as detentoras da vontade popular e para eleger seus membros também para cargos públicos.

Só não está claro para quem não quer ver. A população pensante do país só volta às ruas se for por razão objetiva, clara, sem manipulação, sem falsa liderança e com propósito de melhorar de fato o país, sem slogans ou candidaturas a favor deste ou daquele.

O que não quer dizer que esta imensa camada que derrubou o lulopetismo não está alerta, de olho e absolutamente cansada das manobras políticas de quinta categoria produzidas a partir de Brasília.

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