Loja 4.0: a reinvenção nos pagamentos

Pulseiras, celulares e adesivos estão substituindo os cartões de plástico para tornar as transações mais práticas

Thais Ferreira
11/Abr/2018
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Loja 4.0: a reinvenção nos pagamentos

Para comprar um dos vinhos ou cervejas artesanais vendidas no Empório 88, localizado em Brusque, em Santa Catarina, os clientes não precisam levar dinheiro, cheque ou cartão. Nem mesmo a carteira é necessária.

Há três meses, André Machado, proprietário do empório, adotou um modelo novo de pagamento.

Por meio de um QR Code gerado por um aplicativo, o consumidor consegue realizar a transação utilizando o celular. O atendente também se vale de um aparelho celular ou tablet para fazer a leitura. A startup Code Money é a responsável por essa ferramenta.

Machado mantém outras formas de pagamento convencionais, mas a adesão de clientes a essa tecnologia é grande, principalmente na faixa etária mais jovem que está habituada a assistir às séries, consultar o banco, ouvir música e se locomover pelas cidades usando apps.

Diferentes bancos, startups e bandeiras de pagamento estão criando novas ferramentas para tornar as transações no varejo mais práticas e rápidas, sem perder a segurança.

A Visa, por exemplo, já disponibiliza no Brasil uma pulseira com um chip embutido para realizar pagamentos. Para finalizar a transação, o usuário deve apenas aproximar o pulso de uma máquina de cartão. 

Já o Banco Santander oferece um adesivo para os seus clientes, que pode ser colocado no celular ou em qualquer objeto. Da mesma forma que a pulseira, basta apenas aproximar para realizar a transação.  

Os cartões de plástico – como conhecemos hoje – podem estar com os dias contados. De acordo com uma pesquisa realizada pela VisaNet, os pagamentos sem contato já representam mais de 40% das transações na Europa.  

O conceito de carteira digital ou de pagamento “contactless” (sem contato) surgiu em conjunto com a tecnologia comunicação por campo de proximidade (conhecido pela sigla NFC, que significa Near Field Communication).  Por meio de frequência de rádio de curta distância, é possível transmitir dados sem que seja necessário configurar os dispositivos.

Os recursos do NFC já são amplamente utilizados para diversos fins. O mais comum é o utilizado por empresas como Sem Parar e Conect Car para realizar transações rápidas em pedágios e estacionamentos. 

PAGAMENTOS MAIS SIMPLES

A Code Money é umas das empresas que está repensando o sistema de pagamentos para pequenos e médios comerciantes.

Fundada em setembro de 2015 pelos sócios Júnior Beltrão, Maikew Lucas Medeiro e Thuran Crespi, a startup surgiu com o intuito de melhorar o fluxo de pagamento no varejo.

Para os comerciantes, como André Machado, do Empório 88, o aplicativo da empresa não gera custos mensais, apenas é cobrada uma taxa que pode começar e 3,51% e cair para 2,89%, dependendo do histórico do varejista.

Nas empresas tradicionais, além do aluguel da máquina, a percentagem das transações pode chegar até 6%.

Os consumidores finais também não pagam para usar o aplicativo, a exceção quando o escolhem o pagamento parcelamento.

Além da economia, outro benefício para os varejistas é a comodidade. O pagamento com as máquinas tradicionais –que demandam inserir o chip, passar a senha e imprimir o comprovante –levam em média 25 segundos, com uso da ferramenta da Code Money o tempo é reduzido para três segundos.  

Mesmo com rapidez no processamento, a segurança das transações é mantida por meio de dados criptografados e de um sistema antifraude.

“A Code Money é diferente das soluções de pagamento criadas pelos bancos, que geram valor só para os consumidores e não para os lojistas”, afirma Beltrão. “Além de não cobrar taxas adesão, a ferramenta gera benefícios como um relatório sobre perfil do consumidor.”

A empresa processa cerca 60 mil transações por mês. Por enquanto, a startup atua principalmente no sul do país e está começando a expandir para a região sudeste.

Por enquanto, a maior parte dos comerciantes que adere a essa tecnologia atua no setor de alimentos. E a maioria dos consumidores que utiliza o aplicativo é de jovens que utilizam de forma recorrente apps como Uber, Nubank e Spotify.

Mas Beltrão e seus sócios acreditam que os pagamentos sem contato serão mais populares nos próximos anos.

De acordo com a Juniper Research, empresa de pesquisa digital, o valor das transações sem contato feitas por meio de cartões de pagamento, celulares e wearables (como pulseiras e camisetas) chegará a US$ 1,3 trilhão até 2019.

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FOTO: Thinkstock

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