Jundiaí tem a primeira vinícola móvel do país

No início do mês, 16 adegas da região, que produzem vinho artesanalmente, receberam o maquinário que realiza processos, como higienização e rotulagem

Mariana Missiaggia
15/Jun/2016
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Jundiaí tem a primeira vinícola móvel do país

Uma tecnologia inédita no Brasil chegou às mãos de pequenos produtores de vinho da região de Jundiaí, a 57 quilômetros de São Paulo. Trata-se de um envasador móvel, que realiza, pelo menos, seis processos, que facilitam a finalização da bebida, e antes eram realizados de forma caseira e manual. 

A novidade, que foi inspirada em modelos europeus, levou seis meses para ser produzida e foi feita sob medida por profissionais de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.

Instalada em um caminhão, a estrutura inclui toneis para o bombeamento do vinho, equipamentos para filtragem da bebida, higienização, envase e a rotulagem das garrafas – capaz de envasar 600 garrafas de vinho por hora. 

ENVASADORA MÓVEL É INÉDITA NO PAÍS

Há também uma desengaçadeira (que separa o cacho da uva) com capacidade para cinco mil quilos da fruta por hora, envasadora de quatro bicos, prensa pneumática, prensa horizontal, sistema de vácuo, prensagem por depressão, capsulador espumante semiautomático, e plataforma de embarque para o transporte de 1.500 quilos.

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Toda essa organização permite mobilidade ao produtor, que não precisa mais transportar a bebida para fora de sua propriedade – um processo que exige cuidado para não haver nenhum tipo de contaminação. Se transferida de um recipiente para outro, como no transporte da vinícola para a cooperativa, a bebida perde qualidade.

“Era uma grande dificuldade, pois não é aconselhável transportar o vinho. A movimentação das garrafas pode comprometer sua qualidade. Hoje, o produtor pode deixar o vinho descansando e fazer o processo com toda comodidade na sua propriedade”, diz João Amarildo Martins, presidente da AVA (Cooperativa Agrícola dos Produtores de Vinho).

De uso coletivo, o equipamento custou R$ 550 mil, e foi adquirido pela AVA em parceria com o governo do Estado, que arcou com 70% do montante. 

FAMÍLIA MARQUESIN

A tradição da família Marquesin na produção de vinhos já está na quarta geração, representada por Evando Marquesin, 39 anos. 

ADEGA MARQUESIN, EM JUNDIAÍ, ESTÁ NA QUARTA GERAÇÃO

Para que a produção anual de três mil litros de vinho chegasse à mesa dos clientes, a rotina da família era transportar os toneis, pelo menos, uma vez por semana, para a sede da cooperativa, onde há uma estrutura similar à reproduzida na vinícola móvel. Cada viagem resultava em no máximo 200 garrafas.

Um dos primeiros a utilizar o novo equipamento, Marquesin investiu R$ 8 mil, e comemora a novidade, que além de reduzir custos, deve ajudá-lo a aumentar sua produção em 20% ainda este ano. 

“É uma ferramenta bem mais moderna, similar ao que vinícolas tradicionais do Chile, e cidades europeias usam. É um equipamento industrial dentro da nossa própria casa”, diz. 

Ainda sem um motorista fixo para guiá-la, o plano é que a envasadora móvel percorra as 16 propriedades, de acordo com o agendamento feito pelos próprios produtores, que devem instalar um sistema trifásico de energia na propriedade. 

O caminhão é dotado de uma bomba de inox, que faz a sucção do vinho, filtrando a bebida para a retirada de resíduos sólidos, e o envase é feito automaticamente.

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A expectativa é que tanta modernidade faça com que a qualidade da bebida regional seja ainda mais reconhecida e aumente o turismo segmentado na cidade.

Por se tratar de um produto artesanal, e de pequenos produtores, o preço para o consumidor final sai um pouco acima da média, tornando-o menos competitivo – em média R$ 16 a garrafa.

“Muitos optam pelo (vinho) industrial, que são encontrados por até R$ 8. Outros que prezam pelo artesanal, tem os vinhos do Sul com preços bem atraentes pelo alto volume produzido.” “Nós, de Jundiaí, estamos no caminho. Mas, agora precisamos de reconhecimento, pois tecnologia já temos”, afirma.

*FOTO:Thinkstock

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