Já conhece a Uber das encomendas?

A Cabenocarro, fundada por João Paulo Albuquerque e Marlon Pascoal (na foto), se vale de motoristas em trânsito para simplificar entregas

Thais Ferreira
22/Fev/2018
  • btn-whatsapp
Já conhece a Uber das encomendas?

A ineficiência logística é um dos grandes entraves para a produtividade no Brasil. De acordo com a pesquisa da Fundação Dom Cabral realizada em 2015, os custos logísticos consomem atualmente 11,73% das receitas das empresas. 

Não é coincidência que diferentes startups se dediquem a melhorar o transporte de pessoas e cargas. A Cabenocarro, do empreendedor Marlon Pascoal, é uma delas. 

Após vender sua primeira startup, um aplicativo de entrega de comida, Pascoal decidiu fazer uma viagem pela América do Sul.

Ao chegar a Corumbá, na fronteira entre Brasil e Bolívia, ele percebeu que estava sem o passaporte ou documento de identidade, necessários para ultrapassar a divisa.

Para seguir viagem, Pascoal precisava fazer com que seus documentos fossem transportados de Londrina até a fronteira. Um detalhe: era fim de semana, portanto, as transportadoras e o os serviços de entrega dos correios não estavam disponíveis.

Após se conectar com diversas pessoas e empresas, ele conseguiu transportar o documento e colocar o pé na estrada.

DE UM LADO PARA O OUTRO

 

Pensando em pessoas que enfrentaram problemas similares, Pascoal e João Paulo Albuquerque, seu sócio, fundaram a Cabenocarro.

“Pessoas que se locomovem regularmente e podem ganhar um dinheiro extra”, afirma Pascoal. “Há também pessoas que precisam entregar objetos de forma rápida e segura”.

Com modelo similar ao da Uber, a plataforma conecta motoristas que fazem percursos entre cidades ou estados e pessoas que precisam realizar entregas de documentos ou encomendas.

Assim como os aplicativos de carona, o usuário é submetido a uma análise da documentação do veículo e carteira nacional de habilitação (CNH).

Para garantir a segurança dos motoristas, todas as encomendas devem ter a caixa aberta para garantir que nada ilícito será transportado.  As encomendas são asseguradas em até R$ 2 mil em caso de danos e extravios.

O preço final é extraído por uma fórmula que calcula tamanho da encomenda e distância a ser percorrida. A Cabenocarro cobra uma taxa de 20% do valor.

“As entregas são até 60% mais baratos do que nas empresas de transporte tradicionais”, afirma Pascoal. O serviço pode ser utilizado tanto por pessoas físicas quanto por pequenas empresas.

ALBUQUERQUE E PASCOAL, FUNDADORES DA CABENOCARRO

ENTREGA COLABORATIVA

O Engenheiro eletricista Italo Marton é um dos usuários da plataforma. A primeira vez que utilizou o Cabenocarro foi quando precisou trocar uma peça de sua motocicleta.

Ele tinha pressa, o veículo tinha que estar pronto para um encontro de motociclistas que aconteceria dois dias depois.

Morador de Maringá, cidade do interior do Paraná, ele teve que encomendar a peça em uma concessionária em Curitiba, a mais de 400 quilômetros de distância.

Com ajuda da plataforma, ele entrou em contato com um motorista que estava indo de Curitiba até Londrina. Depois com outro que fez o trajeto até Maringá, em menos de um dia e meio a peça estava nas mãos de Marton.  O preço total foi em torno de R$ 40.  

“A experiência foi muito boa. Se tivesse optado por uma transportadora o valor seria mais alto”, afirma Marton.  

NOS ESTADOS UNIDOS

A Roadie, uma empresa similar, atua nos Estados Unidos há cerca de três anos.  O site calcula que somente naquele país 250 milhões de carros pegam estradas todos os dias, o que representa mais de um bilhões de metros quadrados em espaço desperdiçados.

A startup americana recebe investimento da United Parcel Service (UPS), umas das maiores empresas de logística do mundo, e tem parcerias com e-commerces para a entrega de produtos. No total, são mais de 50 mil motoristas que realizam entregam em quase  4 mil cidades americanas. 

No Brasil, a Cabenocarro ainda esbarra em um grande problema: a segurança. “O brasileiro ainda tem muito medo de deixar seus objetos na mão de estranhos”, afirma Pascoal. “Nossa principal dificuldade é reverter esse pensamento e mostrar que a entrega pode ser feita de forma segura”.

Por enquanto, a empresa procura novos usuários em grupos de carona.  O Cabenocarro não tem intenção de que os motoristas dediquem horas livres para realizar as viagens, diferente do que acontece atualmente com a Uber.

“A ideia é que os motoristas, que já fazem percursos recorrentes, realizem as entregas sem que seja necessário alterar muito a rota original”, diz Pascoal.

FOTOS: Cabenocarro/ Divulgação 

O Diário do Comércio permite a cópia e republicação deste conteúdo acompanhado do link original desta página.
Para mais detalhes, nosso contato é [email protected] .

Store in Store

Carga Pesada

Vídeos

Conversamos com Thaís Carballal, da Mooui, às vésperas da abertura de sua primeira loja física

Conversamos com Thaís Carballal, da Mooui, às vésperas da abertura de sua primeira loja física

Entenda a importância de planejar a sucessão na empresa

Especialistas projetam cenários para o pós-eleições municipais