Como o pequeno varejo virtual encontra suas rotas
A Mandae é especializada em coletar, empacotar e distribuir produtos de pequenas lojas online, que, agora, têm acesso a uma rede de transportadoras similar à utilizada por grandes marcas
Em meados de 2013, a maternidade fez com que a empreendedora paulista Natalia Cardoso vislumbrasse uma oportunidade de negócio.
Ela queria decorar o quarto do filho, o pequeno Pietro, com objetos personalizados em seu nome. No entanto, teve dificuldades para encontrar no mercado os produtos que desejava.
Natalia, então, decidiu criar a Rosa Baby, empresa que produz e vende objetos de decoração para ambientes infantis.
O negócio deu certo e Natalia abriu uma loja virtual para atender clientes de todo Brasil. No entanto, a logística se mostrou um gargalo de crescimento.
Os produtos delicados, confeccionados em MDF e acrílico, tinham que ser embalados em caixas de madeira, com custo de R$ 5 cada.
O processo de empacotamento e envio das remessas era responsabilidade de um único funcionário.
Mas, devido crescimento da operação, outros dois funcionários teriam que ser contratados. O custo extra poderia comprometer a operação da Rosa Baby.
Outro problema era a dependência dos Correios, que atrasava cerca de 5% do total das entregas, que, atualmente, somam 400 remessas mensais.
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A solução encontrada por Natalia foi recorrer a Mandae, empresa de tecnologia logística.
A Mandae é especializada em coletar, embalar e distribuir mercadorias de pequenas e médias lojas online.
Por reunir um grande volume de produtos, a Mandae consegue barganhar preços mais em conta com transportadoras e Correios – prática que as pequenas lojas teriam dificuldades para conseguir.
“A Mandae possibilita para a cauda longa do ecommerce o acesso a uma rede de transportadoras que antes só estava disponível para grandes varejistas”, diz Douglas Carvalho, diretor de operações da Mandae.
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Atualmente, a Mandae realiza coleta de produtos somente de empresas instaladas na região metropolitana de São Paulo. Por outro lado, a distribuição é de nível nacional.
Entre os principais clientes estão lojas de vestuário, saúde e beleza e de produtos para animais domésticos – um perfil similar ao do ecommerce brasileiro.
Na Rosa Baby, que utiliza a Mandae há um ano, os resultados têm se mostrado promissores.
“Com o entrave logístico resolvido, vamos focar no crescimento”, afirma Natalia. “Ampliamos a fábrica e iniciaremos vendas por meio de marketplace.”
Segundo estimativas, a Rosa Baby deve faturar cerca de R$ 1,3 milhão – 40% mais do que em 2016.
UM DIFERENCIAL COMPETITIVO
Em lojas online de pequeno é médio porte, usar a logística como um diferencial competitivo se torna ainda mais importante. Isso porque a entrega do produto representa para o cliente a materialização de uma experiência digital, até então, abstrata.
Em negócios com escassez de recursos para investimento em marketing, a entrega dentro do prazo e com embalagem em condições satisfatórias são tão importantes para criar uma boa percepção da marca quanto o usabilidade do site ou a qualidade do produto.
De acordo com Carvalho, a tecnologia pode garantir mais eficiência nas entregas.
A plataforma da Mandae pode ser integrada a plataforma de ecommerce do lojista – assim, a cada nova venda, é possível gerar automaticamente uma solicitação de serviço na Mandae.
Há também a opção de fazer a solicitação por meio de aplicativo ou pelo site da Mandae. Em todos os casos, o sistema gera um e-mail para consumidor rastrear seu pedido.
Um sistema de criação de rotas também é usado para traçar os melhores trajetos. Por fim, um algoritmo é capaz de escolher a transportadora mais indicada para a demanda da loja.
Atualmente, além dos Correios, a Mandae possui parceria com as transportadoras Carriers, JadLog e Total Express. Em breve, integrará a lista a Transfolha, que atende empresas como Walmart, Netshoes e Magazine Luiza.
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Grande parte dos investimentos em desenvolvimento tecnológico realizado pela Mandae foi custeada com os R$ 15 milhões que a empresa recebeu em investimentos nos últimos dois anos.
Entre os sócios capitalistas da empresa estão Hans Hickler, ex-CEO da DHL Express USA, e os fundos Qualcomm Ventures, Monashees Capital e Valor Capital.
De acordo com Carvalho, cerca de 90% das lojas online brasileiras são de pequeno porte – e 8% são médias.
“O pequeno e médio ecommerce cresceu 21% em 2016”, diz Carvalho. “Atuar neste segmento representa uma boa oportunidade para crescer junto.”
FOTOS: Thinkstock e Divulgação