Interior paulista tem maior potencial de consumo do país

Região será responsável por 15% do total do consumo brasileiro neste ano, segundo estimativa do estudo IPC Maps 2021. Num cenário estadual, esse percentual sobe para 53,1%

Mariana Missiaggia
08/Jun/2021
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Interior paulista tem maior potencial de consumo do país

Em São Paulo, estado que concentra o maior PIB do país, é o interior que se destaca como o maior mercado consumidor do Brasil. Juntas, as pequenas cidades paulistas responderão por 15% do total consumido em 2021. No plano estadual, o interior de São Paulo será responsável por 53,1% do consumo.

Esses e outros dados fazem parte do estudo IPC Maps 2021, especializado no cálculo de índices de potencial de consumo nacional, com base em dados oficiais.

Cidades como Ribeirão Preto e São José dos Campos ocupam os primeiros lugares no ranking estadual, considerando apenas cidades do interior. Respectivamente, elas sustentam potencial de consumo superior a R$ 37 bilhões e R$ 25 bilhões, atrás apenas de Campinas

Reforçando o que ocorre no Estado de São Paulo, os resultados da pesquisa mostram que, em momentos de crise como a do ano passado, mercados já consolidados tendem a reagir com maior facilidade e a se recuperar mais rapidamente do que aqueles que estão fora dos grandes centros.

É por esse motivo que as 27 capitais, após seguidas perdas, passarão a conquistar espaço no consumo nacional, respondendo por 29,3% do total de gastos. Assim, enquanto o interior também avançará, com 54,9%, a participação das regiões metropolitanas deverá cair para 15,8% neste ano.

Um dos destaques do material é o desempenho da Região Sul do país, que depois de 13 anos retomará a vice-liderança no ranking de consumo entre as regiões brasileiras. A forte produção industrial local, o agronegócio e a melhor distribuição da sua pirâmide social podem explicar tal alavancada na economia sulista, de acordo com Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela pesquisa.

Desde 2008, a segunda posição no ranking vinha sendo ocupada pelo Nordeste, cuja participação agora cai para 17,5%.

Sobre as regiões com crescimento entre 2020 e 2021, aparecem a Sudeste — que amplia em 1,9% sua representatividade, respondendo por 49,4% dos gastos nacionais, e a Centro-Oeste, que passa de 8,9% para 9% no consumo em 2021.

Em último lugar, está a Região Norte, reduzindo ainda mais (de 6,2% para 6,1%) sua atuação no cenário consumidor atual.

PERFIL DE CONSUMO BRASILEIRO

Acumulando prejuízos na maioria dos setores econômicos do Brasil e ainda vivenciando uma pandemia, o consumo das famílias deve recuperar parte do seu fôlego e movimentar cerca de R$ 5,1 trilhões ao longo deste ano. O montante representa um aumento de 3,7% em relação a 2020.

De acordo com Pazzini, aos poucos, os brasileiros tentam voltar à rotina, e é isso que estimulará o consumo em 2021. Nas palavras do executivo, o crescimento esperado para este ano é satisfatório, já que as perdas registradas em 2020, em função do isolamento social imposto pela pandemia, vão demorar para ser esquecidas.

Com pouco mais de 213 milhões de cidadãos brasileiros, 180 milhões vivem na área urbana, respondendo pelo consumo per capita de R$ 26 mil, contra os R$ 11 mil gastos individualmente pela população rural.

Classes sociais - Assim como no último ano, a classe B2 (com renda média familiar de aproximadamente R$ 5,5 mil) lidera o cenário de consumo, representando mais de R$ 1,1 trilhão dos gastos. Junto à B1 (renda familiar de R$ 11 mil), somam 21,3% dos domicílios e responderão por 39,6% (R$ 1,8 trilhão) de tudo que será desembolsado pelas famílias brasileiras.

Presentes em quase metade das residências (47,9%), C1 (renda familiar de R$ 3mil) e C2 (renda familiar de R$ 1,7 mil) totalizam R$ 1,7 trilhão (37,2% ante 35,6% em 2020) dos recursos gastos.

Já o grupo D/E (renda familiar próxima de um salário mínimo), que ocupa 28,6% das moradias, consome cerca de R$ 505 bilhões (10,7%). Mais enxuta, caracterizando apenas 2,2% das famílias, a classe A (com renda acima de R$ 25 mil) tem seus gastos em R$ 587 bilhões (12,5% em 2021 contra 12,8% do ano passado).

Na área rural, o montante de potencial de consumo esperado é 14,6% superior (em termos nominais) em relação a 2020, totalizando R$ 364,8 bilhões neste ano.

Mercados potenciais – O desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros equivale a R$ 2 trilhões, ou 39,6% de tudo o que é consumido no território nacional.

No ranking dos municípios, os principais mercados permanecem sendo, em ordem decrescente, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Em 5º lugar agora aparece Salvador, deixando Curitiba logo atrás.

Cidades metropolitanas ou interioranas como Campinas (11º), Guarulhos (13º), Ribeirão Preto (17º), São Bernardo do Campo (18º) e São José dos Campos (20º), no Estado paulista, e São Gonçalo (15º) e Duque de Caxias (27º), no Rio de Janeiro, também se sobressaem nessa seleção.

Perfil empresarial – A expectativa da retomada da economia reflete no incremento em 9,4% de empresas instaladas no Brasil, totalizando quase 24 milhões de unidades. Deste montante, quase a metade tem atividades relacionadas a serviços, em seguida aparecem os setores do comércio, com 5,9 milhões de empresas, indústrias, com 3,6 milhões e, por fim, agribusiness, com 720 mil estabelecimentos.

Geografia da Economia – Em relação à distribuição de empresas nacionais, a Região Sudeste segue despontando, concentrando 51,7% das unidades. Na sequência, o Sul tem 18%, Nordeste (17,2%), Centro-oeste (8,2%) e o Norte, com 4,9% das empresas existentes no País.

Partindo para a análise quantitativa das empresas para cada mil habitantes, as regiões Sul e Sudeste têm, respectivamente, 132 e 128 empresas por mil habitantes. O Centro-Oeste aparece com 109 e, ainda muito abaixo da média, estão as regiões Nordeste, com 66, e Norte, que tem apenas 58 empresas/mil habitantes.

Hábitos de consumo – O levantamento detalha, ainda, as preferências dos consumidores na hora de gastar sua renda. 

Itens básicos aparecem como prioridade, com grande vantagem sobre os demais. Cerca de 25% dos desembolsos destinam-se à habitação (incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás). Outros 17,9% se referem a outras despesas (serviços em geral, reformas e seguros).

Alimentação corresponde a 14%, 13% a transportes e veículo próprio, 6,6% por medicamentos e saúde. Materiais de construção respondem por 3,7%, 3,4% educação, 3,4% vestuário e calçados, 3,2% recreação, cultura e viagens, 3,2% higiene pessoal, 1,5% móveis e artigos do lar; 1,4% eletroeletrônicos, 1,1% bebidas, 0,5% artigos de limpeza, 0,4% fumo e, finalmente, 0,17% são destinados a joias, bijuterias e armarinhos.

Faixas etárias – A população de idosos continua crescendo, chegando a cerca de 31,2 milhões em 2021. Na faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, esse índice passa de 128 milhões, o que representa 60,3% do total de brasileiros, sendo mulheres em sua maioria. Já, os jovens e adolescentes, entre 10 e 17 anos, vêm perdendo presença e somam 24 milhões, sendo superados por crianças de até 9 anos, que seguem na média de 29,5 milhões.

 

FOTO: Pixabay

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