Do que o PMDB corre?
Há quem defenda a tese de que a correria peemedebista é a necessidade de se afastar de Dilma e do partido a que ela pertence, antes que situações ainda mais complicadas surjam no horizonte
O PMDB deve ser o partido mais resiliente da história política brasileira. Desde sua origem, como antigo MDB e oposicionista, moldou uma característica governista de sempre estar ligado ao centro do poder federal no país.
Vai governo, vem governo, e o PMDB sempre está ali. Coligado, colado, presente no comando de cargos importantes do poder, com presença marcante também no Congresso Nacional, dando sustentação a este ou aquele.
É o que ocorre no governo do PT. A chamada base governista que sustentou Lula e sustenta Dilma, nunca foi do próprio PT, mas do PMDB garantindo as ações do governo e usufruindo de importantes ministérios e outras funções públicas de relevância, como diretorias de estatais e outras.
O PMDB é por excelência um partido adesista ao poder.
Daí a estranheza da confirmação que pode ocorrer nesta terça-feira, dia 29/03, em que o partido se reúne, como decidido na Convenção do início do mês, para decidir se sai de uma vez do governo Dilma ou se permanece aliado.
A tendência, salvo ocorrências nebulosas e milagrosas de última hora, em favor de Dilma, é a de que o partido se afaste do governo petista, defenestrando quem insistir em permanecer em cargos federais.
Há quem defenda a tese de que a correria peemedebista é a necessidade de se afastar de Dilma e do partido a que ela pertence, antes que situações ainda mais complicadas surjam no horizonte já nebuloso da cena política, comprometendo de vez quem estiver na mesma foto que a governanta desastrada e desastrosa.
Em resumo: a corrida peemedebista seria para salvar a própria pele no âmbito das investigações da corrupção enraizada na gestão Dilma e, indo além, salvar o PMDB da imagem cada dia mais negativa e eleitoralmente comprometedora do PT, de Lula, e da própria Dilma.
Esta terça-feira será esclarecedora para o futuro político de Dilma e do PT. De Dilma porque se o PMDB apear do seu governo, ficará mais difícil conter a votação a favor do impeachment na sua maioria dentro do Congresso e mesmo que Dilma esteja sendo muito condescendente na distribuição de verba pública para manter parlamentares na base aliada.
Do PT porque relegado à solidão da base, onde perde sustentação, a sina da sigla possa vir a ser mesmo a da danação para seus integrantes nos pleitos deste ano e de 2018.
O dilema é mais complicado, mas, por agora, basta acompanhar o desenrolar da reunião de peemedebista deste dia 29, à qual o vice Michel Temer, dizem os bem informados, não deverá presidir. Se confirmado, até isto é sinal do afastamento que pode significar a continuação do começo do fim da era do malfadado lulo-petismo.
Lula, por sua vez, já meio desesperado (vai fugir para a Itália?) aceita ser conselheiro, qualquer coisa, que o ponha de novo no comando, mesmo informal, do barco governista que faz água.