Apoiar sem negociar
A união nacional deve ser em torno da carta que o PMDB lançou à Nação quando de recente convenção. Bom senso, equilíbrio, realismo, sobretudo
Quando se fala em união nacional diante da dimensão da crise por que atravessa o país, vem logo à mente de todos o toma lá dá cá.
Mas seria desanimador acreditar que, depois de tudo que o Brasil vem passando, muito em função deste jogo de interesses pessoais acima do público, a prática viesse a ser a mesma.
Posição lúcida é a do senador Aécio Neves, que anuncia o apoio de seu partido a Temer, mas sem indicar membros para o governo.
Afinal, Temer assume em função de mandato conquistado como companheiro de chapa da presidente, que responde ao processo que pode levar ao seu afastamento definitivo.
Muito triste é a ação de seu companheiro de Senado e de partido José Serra, que está ávido para ocupar um Ministério para promover sua terceira tentativa de chegar ao Planalto.
Ao que tudo indica, o vice-presidente Michel Temer, um aficionado da política e da história, conhece o pensamento de Tancredo Neves de que não se deve nomear alguém que não possa ou não deva ser demitido.
Ora, o Sr. José Serra é reconhecido como homem de trato difícil, carrega os vícios da militância comunista, acabará se chocando com colegas de Ministério, senão com o próprio presidente.
Sobreviveu de outras vezes em função do temperamento de FHC, que faz interessantes alusões a seu amigo nos relatos que vem publicando sobre seu governo.
Temer certamente não vai querer colocar na primeira fila políticos arestosos, de difícil trânsito no Parlamento. Seu mandato precisará ser muito cauteloso. Pode e deve atender aos políticos sem afetar a austeridade que se impõe.
A união nacional deve ser em torno da carta que o PMDB lançou à Nação quando de recente convenção. Bom senso, equilíbrio, realismo, sobretudo.
A crise na economia só poderá ser superada pela recuperação da confiança dos mercados e isso só com medidas claras, simples, de fácil entendimento e acolhida do investidor.
A questão dos impostos marcha para a ampliação da base de contribuintes e na simplificação dos impostos, reunindo em cinco ou seis apenas.
Ficam mais transparentes, mais fáceis de arrecadar e dão segurança ao poupador ou investidor. E um pente fino com acordos nas ações de cobrança para reforçar o caixa e aliviar contribuintes insones com processos que lotam os tribunais e de final imprevisível.
Não é um novo refis, é apenas um chamamento para acordo, sem multas, desconto de 20% sobre o que restar e 12 meses para pagar. Uma sugestão apenas.
União nacional, sim. Mas em torno de um programa.
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