A Black Friday de uma cidade no interior paulista
Distante 150 quilômetros de São Paulo, comércio de Limeira tem expectativa de vender mais de R$ 4 milhões com descontos de até 70%. Lojas de rua ficam abertas até às 22h para o evento

Não se falava em outra coisa. Quem circulava pelas ruas comerciais do Centro de Limeira, a 150 quilômetros da capital, na manhã desta sexta-feira (23/11), só queria saber quem estava vendendo mais por menos durante a tão esperada Black Friday.
O dia de promoções começou com fila nas principais lojas da cidade. Às 7h, Gilvanete Alves Cruz, 35 anos, balconista, esperava a abertura da Lojas Americanas, na Praça Toledo de Barros, junto de outras dezenas de clientes.

Pouco depois das 9h, uma hora após a abertura da loja, Gilvanete já somava seis grandes sacolas – uma compra de R$ 350. Bolachas de R$ 2,50 por R$ 0,99, pacotes de balas de R$ 5,99 por R$ 1,99, xampus de R$ 18,90 por R$ R$9,90 e um liquidificador de R$ 179 por R$ 79 estavam entre seus escolhidos.
De lá, ela, a amiga e a filha seguiram para outra loja de eletrodomésticos à procura de uma fritadeira elétrica em promoção. Parte das compras foram feitas com a primeira parcela do 13º salário e o restante parcelado no cartão de crédito.
Há três anos, a balconista participa da Black Friday e diz já garimpado boas ofertas, especialmente em lojas como Magazine Luíza e Seller. “Só começo a trabalhar às 13h30, até lá vou rodar o Centro e aproveitar as promoções”, diz.
ESQUENTA BLACK FRIDAY
Com a loja toda envelopada de preto, o Magazine Luiza da Praça Doutor Luciano Esteves, aguardava uma multidão de clientes no interior da loja. Itens especiais como televisores e máquinas de lavar já estavam placas de “vendido” poucos minutos após a abertura da loja. O mesmo se repetia na Lojas Cem, pertinho dali.

Para ganhar a confiança dos clientes, o Magazine Luíza apostou na campanha “Esquenta Black Friday”, com pequenas ofertas durante todo o mês de novembro. Para Selma Pereira, gerente da loja, esse tipo de ação mostra ao consumidor o comprometimento da varejista em realmente participar do evento com descontos reais.
“Os produtos que liquidamos anteriormente já não estão em oferta. Hoje, trouxemos promoções novas, diferente de tudo que o consumidor tem visto nas últimas semanas”, diz.
Todo esse empenho, de acordo com Selma, contribui para que a Black Friday supere qualquer outra data comercial e aumente o faturamento da loja em 50% com as vendas.
Também trabalhando em horário estendido, até às 22h, a loja oferece itens com até 60% de desconto. Celulares, tablets, televisores e linha branca estão entre os mais vendidos.
Um smartphone Samsung, por exemplo, que normalmente é vendido por R$ 3,3 mil, saía por R$ 1,9 mil durante a Black Friday. Já uma cafeteira expresso, que custava R$ 320, estava por R$ 129.

Em uma das principais óticas da cidade, a expectativa também era otimista. Após o desfecho das eleições, as vendas melhoraram, muitos clientes começaram a realizar mais orçamentos e já se interessam por modelos mais caros. Os descontos seguem até o próximo domingo (25/11).
Para José Mario Bozza Gazzetta, presidente da Associação Comercial e Industrial de Limeira (Acil), o comportamento do consumidor mudou nos últimos anos. Com o orçamento mais enxuto, eles passaram a fazer compras em datas específicas e esperam a melhor hora para definir seus gastos.
“O dia que era exclusivamente do comércio eletrônico ganhou as ruas da cidade nos últimos quatro anos, e se fortalece cada vez mais”, diz.
Com o aumento das vendas, Gazzetta diz que os prestadores de serviços também passaram a prestar atenção no evento e oferecer preços promocionais a seus clientes. Categorias como eletrônicos, moda e beleza se destacam durante o evento.
Na cidade, a previsão é de que as vendas fiquem acima dos R$ 4 milhões neste ano, de acordo com uma estimativa do site do Busca Descontos, o idealizador da Black Friday.
FOTOS: Mariana Missiaggia/DC