Uso de transporte público caiu mundialmente após pandemia
Uma das explicações é a adoção do home office, segundo estudo realizado com 13 mil usuários de 18 países
O uso de transporte público para ir ao trabalho caiu 15% globalmente em comparação com os níveis pré-covid-19 e é uma tendência na Europa, Estados Unidos e Ásia. A análise é do estudo EY Mobility Consumer Index (MCI) 2022, que entrevistos 13 mil usuários de 18 países.
Os trajetos caíram 35% na Austrália, 30% no Canadá e 29% na Itália. Dos 18 países da pesquisa, apenas um - a Índia - relatou um pequeno aumento no uso do transporte público: 1%.
Quase dois terços dos entrevistados trabalham em casa pelo menos uma vez por semana, ante menos da metade antes da pandemia. E 31% o fazem pelo menos três ou quatro vezes por semana, acima dos 17% pré-covid-19.
Embora o trabalho híbrido possa resultar em um declínio no uso do transporte público, a pesquisa mostra também que os consumidores estão insatisfeitos com a qualidade do serviço em suas cidades.
MOBILIDADE COMPARTILHADA
A mobilidade compartilhada (compartilhamento de caronas e aluguel de carros) - uma das histórias de sucesso pré-pandemia, quando se tratava de viagens urbanas mais sustentáveis - sofreu reversão. Globalmente, caiu 4% em relação aos níveis pré-covid-19. Na América do Norte, a queda foi maior: 11%.
A insatisfação do consumidor com a higiene surge como fator-chave, mas os níveis de satisfação com o custo da viagem e disponibilidade também são baixos. Com os preços dos combustíveis subindo acentuadamente – o gás nos EUA atualmente é 60% mais caro do que em tempos anteriores à pandemia – esses custos devem aumentar, aponta o estudo.
O aluguel de carros é a única forma de mobilidade compartilhada que cresceu em níveis pré-pandemia - 5% para viagens relacionadas ao trabalho e 2% para viagens não relacionadas ao trabalho. O crescimento pode ter sido limitado pela escassez de frota (em grande parte devido à paralisação da produção de semicondutores globalmente), que está atingindo a disponibilidade e elevando os preços para os consumidores.
BRASIL
Moradores dos grandes centros urbanos brasileiros passam, em média, 21 dias por ano no trânsito. É o que mostra a Pesquisa Mobilidade Urbana 2022, conduzida pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e pelo Serviço de Proteção ao Crédito, em parceria com o Sebrae.
De acordo com os entrevistados, 28% levam de 30 minutos a 1 hora por dia no trânsito e 32% levam de 1 a 2 horas, para ir a lugares como o trabalho, escola, faculdade ou fazer compras.
O tempo médio despendido no trânsito caiu na comparação com o levantamento de 2017 (147,9 minutos). A queda foi de 19%, ou o equivalente a quase meia hora. A pesquisa de 2022 também investigou o tempo gasto nos engarrafamentos, obtendo uma média de 64,5 minutos, o equivalente a cerca de 1h04 minutos do dia.
O levantamento - feito com 800 usuários - mostra ainda que 80% das pessoas afirmam que deixam de fazer uma atividade devido à dificuldade de locomoção e 43% das pessoas ouvidas dizem ter medo de usar o transporte público após a pandemia.
A avaliação dos meios de transporte públicos foi feita considerando vários critérios. O critério com maior avaliação positiva foi o atendimento do motorista ou trocador, considerado bom ou ótimo por 44%. Já os critérios com a pior avaliação foram o valor da tarifa, considerado ruim ou péssimo por 68% e a segurança, considerada ruim ou péssima por 53%.
O conforto também recebeu uma avaliação majoritariamente ruim: 50% consideraram ruim ou péssimo este quesito. A conservação dos veículos (46%), a pontualidade dos horários (45%) e os canais de reclamação (45%) também foram destaques negativos.
IMAGEM: Milton Mansilha/DC