Prefeitura de SP aposta no VLT como catalisador da economia do Centro
Até 2027, a região central terá duas linhas do modal de seis quilômetros cada e 27 paradas. A ideia é que esses bondes conectem bairros como Brás, Bom Retiro e Campos Elíseos
Em uma releitura dos antigos bondes, a cidade de São Paulo deve receber até 2027 duas linhas de Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) na região central. O circuito previsto pela Prefeitura indica que o modal passará por pontos estratégicos para a economia da cidade e fará uma conexão entre a região da rua 25 de Março e os bairros do Brás, Bom Retiro e Campos Elíseos, de forte fluxo comercial.
No geral, o sistema deve funcionar de forma muito parecida com o VLT do Rio de Janeiro, que tem alimentação elétrica no subsolo e vias integradas com o ambiente, de acordo com a explicação de Rafael Barreto da Cruz, diretor de Desenvolvimento Urbano da SP Urbanismo.
A expectativa é que o VLT crie uma rota de visitação que conecte diferentes projetos considerados importantes para a revitalização da área central, como o Novo Parque Dom Pedro, a nova sede do Governo de São Paulo, o Vale do Anhangabaú e o Triângulo Histórico.
Nas palavras de Barreto, o intuito é criar mais um apoio ao transporte público, mas, especialmente, promover consumo no comércio lindeiro ao sistema que se integra à paisagem urbana e que tem como potencial se tornar também um destino.
"O VLT não é um plano de mobilidade, é um catalisador da economia do Centro de São Paulo", disse Barreto durante a apresentação do projeto ao Conselho de Política Urbana (CPU) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Mais silenciosos e modernos, eles lembram vagões de metrô externamente e trafegam em um trilho ao lado das faixas para automóveis e afins. O nome do projeto, Bonde São Paulo, faz referência aos antigos bondinhos elétricos (que operaram até 1968 na capital).
O custo da implantação é estimado em R$ 4 bilhões, com implementação e operação por Parceria Público Privada (PPP) de até 35 anos, em modelo similar ao da concessão da Linha 6-Laranja do Metrô. Segundo Barreto, a Prefeitura já obteve sinalização para captar R$ 1,4 bilhão via PAC.
Ao citar as transformações que o modal pode causar em conjunto com incentivos estabelecidos no Plano de Intervenção Urbana (PIU) Setor Central e outras medidas, Barreto apontou também a questão da segurança. Nas palavras do diretor da SP Urbanismo, o roteiro previsto indica que a cada 6,5 minutos o bonde passará pelos pontos, transmitindo maior sensação de segurança a quem caminha pela região.
"A pessoa sabe que por ali irá passar um modal limpo, seguro, organizado, cheio de gente, monitorado por muitas câmeras, que fornecem informações em tempo real. São atributos que se conectam com esse novo olhar que queremos dar ao Centro", diz.
Para o secretário adjunto de Governo Clodoaldo Pelissioni, que já foi secretário estadual de Transportes Metropolitanos em gestões passadas, "o VLT é o rodante que melhor dialoga com o momento atual da região central, de dinamização dos polos econômicos."
Os trabalhos em torno do projeto começaram em 2022, por meio de estudos técnicos, e em fevereiro deste ano foi publicada a abertura do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI). O PMI é para a elaboração de estudos, diagnósticos de cenários, levantamentos de viabilidade operacional e econômico-financeira e tem como objetivo auxiliar a Administração Pública Municipal na concepção de parceria com o setor privado. A conclusão desse diagnóstico aconteceu em setembro. Agora, a Prefeitura se dedica a elaboração de um anteprojeto que deve ser finalizado até fevereiro de 2025.
"É preciso tempo para investir em um bom projeto que articule esses espaços consolidados em transformação e tenha como missão a valorização da econômica e do mercado imobiliário da região", disse Pelissioni.
ENTENDA O PERCURSO
O VLT terá duas linhas de 6 quilômetros cada e 27 paradas, das quais 13 distribuídas em cada uma das direções com uma conexão na avenida São João. A expectativa é fazer uma conexão entre os Terminais Dom Pedro II, Bandeira e Princesa Isabel, além de acessar espaços de interesse econômico e cultural, como o Mercado Municipal, Triângulo Histórico, rua 25 de Março, Theatro Municipal, Sala São Paulo e Biblioteca Municipal Mário de Andrade.
A primeira linha (vermelha) terá circulação em um único sentido, seguirá pela São João até a Avenida Duque de Caxias, onde fará uma curva à direita no sentido da Estação Júlio Prestes (Linha 8-Diamante).
De lá, o VLT entrará no Bom Retiro pela Rua José Paulino, contornando o bairro pelas ruas do Areal, Solon, Matarazzo, Mamoré e Prates. Logo em seguida, o VLT fará sua parada na estação Luz (linhas 11-Coral, 10-Turquesa, 4-Amarela e 1-Azul), tomando o caminho da avenida Cásper Líbero, passando pela rua Antônio de Godói até retornar ao Largo da Paiçandu.
A segunda linha (azul) terá circulação de ida e volta, com o mesmo ponto de partida, virará à esquerda na avenida Ipiranga, com parada em frente à estação República (linhas 3-Vermelha e 4-Amarela) e contorno à esquerda na rua da Consolação até a Praça Dom José Gaspar. Dali o VLT acessará os viadutos Nove de Julho e Jacareí e a rua Maria Paula, próximo ao terminal de ônibus da Praça da Bandeira. Mais à frente, a linha passará pelo Viaduto Dona Paulina, Praça João Mendes e então acessará a rua Anita Garibaldi, ao lado da Praça da Sé (linhas 1-Azul e 3-Vermelha), no sentido Zona Leste.
O VLT chegará à avenida Rangel Pestana. Em seguida, a linha percorrerá a rua da Figueira e as avenidas Mercúrio e Senador Queirós. O VLT entrará na avenida Prestes Maria sentido Vale do Anhangabaú, passando em frente à estação São Bento (Linha 1-Azul e, no futuro, também a Linha 19-Celeste). Por fim, o veículo pegará o trecho inicial da avenida São João, voltando a se encontrar com a outra linha. A estimativa é atender cerca de 100 mil passageiros por dia.
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IMAGEM: reprodução