Queda da inflação aumenta interesse por títulos de renda fixa
As projeções cada vez mais baixas para o IPCA contribuíram para gerar uma rentabilidade maior para aplicações com vencimento para daqui a quatro ou cinco anos
Uma nova surpresa positiva com a divulgação da inflação na próxima sexta-feira (06/10) pode aumentar o interesse pelos títulos de renda fixa com vencimento até 2019, chamados pelo mercado de contratos de curto prazo.
Nas últimas duas semanas, as projeções cada vez mais baixas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já contribuíram para gerar uma rentabilidade maior para esses títulos.
Ao mesmo tempo, a permanência de um cenário mais positivo para a economia no horizonte estimula a manutenção das aplicações nos contratos com vencimento para daqui a quatro ou cinco anos.
O movimento se contrapõe ao registrado em agosto, quando muitos investidores não viam mais nenhuma vantagem nesse tipo de investimento.
Na Garde Asset Management, o sócio-gestor justifica essa mudança de visão com base na projeção da equipe da casa para o IPCA no fim do ano, em 2,7% - bem abaixo da projeção do Banco Central. No último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), a estimativa para o IPCA foi de 3,2%.
"Temos uma visão construtiva para inflação. É fato que há ruídos nas coletas diárias de preços (por parte dos pesquisadores). Mas ainda assim trabalhamos com inflação de 2,7% para 2017", diz Marcelo Giufrida, gestor da Garde.
Com essa previsão, a empresa projeta a taxa Selic a 6,5% no fim deste ano.
A Canvas Capital concorda com a análise da Garde. A empresa, no entanto, também vê boas expectativas para os contratos de juros com vencimento de longo prazo.
"Entendemos que a taxa será melhor no médio e no longo prazo", afirma Felipe Niemeyer, sócio da empresa.
Niemeyer observa que os títulos até 2019 pagam atualmente IPCA mais 3% de juros, patamar que considera de pouca assimetria ou atratividade. Os papéis mais longos, porém, remuneram IPCA mais 5%.
"Isso significa uma diferença de preços de 200 pontos-base", diz.
No cenário da Canvas, o Produto Interno Bruto (PIB) terá crescimento relevante em 2018 - projeção de 2,9%, bem acima da mediana divulgada no relatório Focus (2,3%). A gestora também não vê pressão inflacionária por conta do "excesso de ociosidade" atual da economia.
"Com os juros continuando baixos, a expectativa de melhora da economia e a eleição de um governo reformista, haverá atração de investimentos no País", afirma Niemeyer.
PERSPECTIVA
A mesma visão tem a equipe da Adam Capital, segundo o sócio e gestor André Salgado.
"Prevemos, pelo menos, dois anos de crescimento sem que a inflação seja um problema", diz o sócio da gestora.
A principal barreira para esse "momento virtuoso", pontua, seria o resultado da eleição de 2018.
"Se ganhar alguém de esquerda ou de ultradireita, não teremos um governo reformista, o que significa que nada do que estamos falando vai acontecer".
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