Por que a Porto Seguro investe em startups
Bruno Garfinkel (na foto), membro do conselho de administração da Porto Seguro, conta como a companhia transforma ideias inovadoras em práticas de gestão
Há dois anos, a Porto Seguro aderiu a uma tendência cada vez mais comum entre as grandes empresas, ao implementar uma aceleradora própria, a Oxigênio.
Com o objetivo de deixar a organização mais próxima das inovações que acontecem no mercado e criar soluções para os 40 produtos que oferece, o projeto surgiu dentro do departamento de tecnologia da Porto Seguro e já apoiou 19 startups. Outras cinco passam agora pelo quarto ciclo de aceleração.
Entre as selecionadas estão empresas voltadas a crédito, de investimentos e gestão financeira, além de meios de pagamento e inteligência de mercado, com, pelo menos, um protótipo e, no máximo, seis pessoas na equipe.
A Porto Seguro aplica US$150 mil (cerca de R$ 470,5 mil) nos empreendimentos com a expectativa de encontrar alternativas que melhorem a experiência do consumidor ou permitam a captação de clientes sem conta bancária ou cartão de crédito.
Durante o 8º Fórum Internacional de Gestão de Redes de Franquias e Negócios, Bruno Garfinkel, do conselho de administração da companhia, contou ao Diário do Comércio como a Porto Seguro está se aproximando das startups para se valer de inovações que tenham afinidade com os interesses da empresa.
As empresas possuem processos de transformação muito lentos, enquanto as startups são mais rápidas. A convivência com elas está fazendo a Porto Seguro rever alguns processos?
Não acho que velocidade esteja ligada a planejamento. É apenas mais uma consequência do dia a dia. À medida em que o ambiente muda, nós reagimos. No momento em que algo como Uber surge, a percepção de todos os usuários em relação à velocidade com que o guincho chega também muda. Então, temos que repensar o uso da tecnologia para atender as expectativas dos clientes, sem frustrações.
Como conseguimos ter essa visão, a implementação é rápida. E pode acontecer em qualquer área. Temos 40 produtos e isso pipoca em toda a empresa.
Como lideres, temos de motivar as pessoas a tomarem esse risco. Estarmos sempre atentos, seja numa ida à padaria ou num viagem à Disney, e trazer para dentro da Porto Seguro tudo de encantador que encontrarmos. Chamamos isso de verdadeira inovação – enxergar coisas muito simples que podem ser aplicados ao negócio.
É possível citar algum exemplo?
Na Oxigênio, temos uma startup que mexe com inteligência artificial e estamos utilizando algumas iniciativas em nosso sistema de atendimento para localizar o cadastro do cliente mais rápidamente e poder realizar um atendimento mais personalizado.
Qual a importância de manter uma aceleradora e se aproximar das startups em um momento de crise?
Faço um paralelo entre crianças e startups. Ambas são muito inocentes e fazem perguntas simples, para as quais os adultos não atentam por sempre buscar o que é complexo. Muitas vezes, a pergunta é: “Por que não?”, e isso acaba motivando mudanças importantes e necessárias.
Para a Porto Seguro, a Oxigênio foi uma necessidade ou uma oportunidade?
Foi uma oportunidade. Temos uma parceria com a Liga Ventures, uma aceleradora que ajuda empresas a criarem programas de inovação. Eles estavam buscando um espaço e patrocínio para dar mentoria a essas empresas, enquanto nós estávamos em busca de formar um celeiro de talentos. Foi mais uma questão de sorte do que competência.
Durante a palestra, o senhor comentou que a Porto Seguro já deixou boas oportunidades de negócios para trás, como o aplicativo Waze. Como isso aconteceu?
Há alguns anos, recebemos a visita do Uri Levine, que é um dos fundadores do Waze. Ele queria uma parceria com a Porto no Brasil para difundir o aplicativo que tinha criado.
Mas, naquela época, nós tínhamos o nosso próprio Waze, que se chamava Porto Vias. Usávamos os sistemas de rastreamento da Porto para mapear o trânsito real. Tínhamos dez mil usuários e ninguém tinha nada parecido.
Mesmo achando a proposta do Uri muito bacana, já tínhamos algo nosso funcionando muito bem. Não era hora de investir nessa parceria. Dois anos depois, o Waze estourou.
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