O fim do Ocidente
Brasil e África do Sul, que podiam ter aproveitado os anos tranquilos da economia mundial para apresentarem reformas estruturais, perderam tempo e o juízo
A falta de entendimento entre a União Europeia e os EUA de Trump pode acelerar o avanço asiático para uma posição de liderança mundial, numa triste ironia da história.
Não só a China é, hoje, grande investidora em todo o mundo – até aqui na esfera de influência americana ou europeia. Está presente na América Latina e na África, assim como nos EUA e na Europa, direcionados para setores estratégicos, como a energia.
Agigantam-se ainda outras nações, como a Coreia do Sul, observa-se a volta discreta, mas firme, do Japão, além de economias que encontraram seus nichos, como Malásia e Tailândia. A Índia, porém, é a única emergente a se consolidar moderna e agressiva.
Brasil e África do Sul, que podiam ter aproveitado os anos tranquilos da economia mundial para apresentarem reformas estruturais, perderam tempo e o juízo.
Estão mergulhados em crises na gestão pública, na hostilidade ao capital, na falta de investimentos necessários na infraestrutura,nos casos de corrupção.
A Rússia parece cada vez mais asiática e menos europeia, com governo forte, mas sem ter conseguido se organizar como uma sociedade moderna que sabe aproveitar suas imensas potencialidades.
A Espanha não se entende, a França agarrada aos privilégios de segmentos da sociedade, Portugal quer receber investimentos mas com muito imposto e cara burocracia.
No Oriente Médio, existem preocupações quanto à estabilidade no médio prazo da Arábia Saudita, a presença do radicalismo muçulmano em boa parte da região, a tensão em relação a Israel, única democracia e sociedade capitalista com boa distribuição de renda, sofrendo pressões oriundas da esquerda ocidental, inclusive a americana.
O desafio de encontrar uma solução para os palestinos é das grandes potênciais, a começar pela Inglaterra, que deixou o serviço incompleto no pós-guerra. O razoável é a intocabilidade de Israel.
Temos motivos de preocupação em nosso continente, onde estão implantados regimes nocivos à felicidade e ao bem-estar de suas populações, gerando apreensão nos demais países. Não se pode negar esta realidade na Venezuela, Equador, Cuba, Nicarágua, Bolívia e, receia-se que, em breve, no México.
E o mais grave é que esta linha política denominada de bolivariana encontra eco em importantes lideranças políticas de democracias, como o caso brasileiro em que candidatos na corrida presidencial contemporizam com o regime de Maduro.
Infelizmente nossa tradição na formulação de uma política desenvolvimentista não considera o que se passa no mundo. Exceção, é justo lembrar, do governo Fernando Collor. Patinamos no avançar por puro provincianismo.
Temos de olhar com mais atenção estas mudanças no mundo!
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