Nós e Eles
Quem iniciou no país essa divisão ideológica que nunca foi ativa antes foi o lulopetismo descarado com sua política mequetrefe de dividir para governar
Tenho lido aqui e ali muita gente pregando união, superação de divergências e opiniões, deixando-se de lado divergências ideológicas, etc. e tal, pelo bem do Brasil.
Lembra muito o que o movimento político revolucionário, chamado por si mesmo eufemisticamente de social, o dos sem-terra, costuma fazer. Invade, destrói, depois chama o bispo e a mídia para negociar.
Vejamos: quem iniciou no país essa divisão ideológica que nunca foi ativa antes foi o lulopetismo descarado com sua política mequetrefe de dividir para governar, criando o “nós” e o “eles”, jogando uns contra os outros.
Quem tem desrespeitado a vontade das urnas que derrotou as esquerdas em 2018 e elegeu um presidente de direita, por grande maioria, são os perdedores inconformados que já se achavam donos definitivos da vontade dos brasileiros.
A desarticulação dos esquemas montados ao longo da dominação da esquerda (de Fernando Henrique, passando por Lula e Dilma) iniciada por Bolsonaro, revelou – hoje é claro - que havia um conluio em silêncio entre os três poderes da República, mais a mídia, cuja simpatia foi comprada a preço de verbas bilionárias de propaganda para manutenção de uma convivência onde todos ganhavam. Menos a população brasileira.
O país assiste a maior campanha de desestabilização de todos os tempos, de um governo eleito. A palavra democracia, usada como escudo de qualquer tipo de interesse, perdeu sua força intrínseca para se tornar jargão politizado de interesses agora não mais ocultos: tirar do governo que venceu nas urnas.
Em 40 anos de jornalismo compromissado com a verdade (posso errar, claro) nunca assisti uma campanha tão organizada (Dirceu por trás?) e abrangendo os poderes legislativo, judiciário (em suas cúpulas e ramificações também aparelhadas) e a mídia saudosa e dependente dos cofres públicos, cujas torneiras foram fechadas.
Bolsonaro, eleito pelo voto popular contra tudo e todos do sistema, representa isso: desmontar as redes desse sistema dominante onde os partícipes (nomemklatura?) se fartavam no Tesouro Nacional, e o país todo pagava as contas com impostos, taxas, serviços, ainda hoje, escorchantes.
Que falta que o dinheiro público faz.
Que falta que desviar recursos do tesouro para enriquecer amigos, aliados e cumplices, faz.
Montou-se uma articulação de blitzkrieg (tática militar nazista que consistia em utilizar forças em ataques rápidos e de surpresa, com o intuito de evitar que as forças inimigas - governo Bolsonaro, no caso - tivessem tempo de organizar a defesa). Em operação permanente, contra tudo e contra todos do mesmo governo.
Como começou a ficar muito evidente essa articulação, pela perda total dos pudores pelo Congresso Nacional, pelo STF e pela mídia viúva dos cofres públicos, a população iniciou manifestações de apoio ao presidente e sua eleição, essa sim, democrática.
As forças resistentes do “ancién regime” (mal citando) criaram suas milícias “a favor da democracia”, ou seja, deles voltarem para seguir dominando e saqueando o país, e o bombardeio recrudesceu.
Sabendo que esse quadro de desestabilização do governo legítimo e popular pode gerar reações não mensuráveis, os mesmos autores do bombardeio começam a pregar o “diálogo” entre os poderes acusando o presidente de ser o responsável pelo cenário gerado.
Quanto desprendimento.
Todos os brasileiros querem paz, trabalho, saúde, educação, boas condições de vida. Quem quer o caos é quem dele se beneficia para tentar voltar ao poder, aos cofres públicos, à dominação perpétua.
Com toda minha experiência de vida nacional de perto, como observador da cena, pela Jovem Pan, Capital, Tupi, Record, Folha de São Paulo, e Diário do Comércio, não sei dizer como isso vai chegar a bom (ou não) termo.
Uma coisa é certa: hoje há o “nós” e o “eles” irresponsavelmente trazidos à luz e estimulados por alguém que sistematizou todo o esquema, do qual foi tirado o Executivo, mas remanesce no Judiciário e no Legislativo (com a cumplicidade da mídia viúva das verbas públicas).
Talvez, à luz da história, seja o que se chama de “dor de parto”, porque somente agora a Nação brasileira está tomando forma, para tutelar e não ser tutelada pelo Estado brasileiro, como sempre foi e ainda é.
Quem viver verá.
**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do Diário do Comércio