40 anos de coluna PS
Publicada pela primeira vez no Diário do Comércio em 22 de junho de 1982, esta coluna se mantém como testemunha diária da evolução, e muitas vezes involução, da história e dos brasileiros
Neste 22 de junho, quarta-feira, de 2022, a coluna PS (Paulo Saab) completa 40 anos de publicação no Diário do Comércio de São Paulo. De 22 de junho de 1982, quando começou a ser publicada, até 2015, quando passou a ser digital, foram 8 mil colunas diárias, de segunda a sexta-feira, publicadas ininterruptamente, seguidas por cerca de um milhar de colunas digitais, como esta, acompanhando durante 4 décadas o cenário da vida política nacional.
Muito além dos números, está o aprendizado de como em 40 anos o Brasil e o mundo mudaram, tendo esta coluna como testemunha diária da evolução, e muitas vezes involução, da história e dos brasileiros neste período.
Pela velocidade que a tecnologia implantou, nesses 40 anos, ocorreram as mais fantásticas e revolucionárias mudanças nos costumes, hábitos, comunicações, dos povos do planeta, com seus reflexos também imediatos na forma de atuação política, econômica, social, em todos os continentes.
Particularmente no Brasil, sou testemunha, saímos do período quase pré-histórico (para ficar num só exemplo) da dificuldade da telefonia fixa e sua demora, para a facilidade de cada cidadão ter o mundo, instantaneamente, na palma de sua mão, com os smartphones, assim chamados hoje em dia, o nosso celular.
Assim como a tecnologia mudou os hábitos e valores, as pessoas mudaram desde sua expectativa de vida até a forma de observar e entender o mundo.
Nesse espaço de tempo, 40 anos, a humanidade deu o mais espetacular salto de modificações decorrentes da tecnologia nos campos da economia, política e relações sociais.
Cada um de nós sente no seu dia a dia como isso ocorreu, está ocorrendo agora, e seguirá acontecendo de forma irreversível.
Lamentavelmente, também como testemunha ocular disso tudo, como cronista desse tempo, focado na vida nacional e sua política, posso constatar que muito pouco evoluímos em mentalidade, comportamento, no campo da gestão dos interesses coletivos e individuais. No mundo inteiro, ainda, o ser humano, politicamente, está atras de seu próprio tempo.
Talvez não vá mudar nunca e seja próprio da natureza humana.
Talvez, um dia, haja, pela educação maciça das pessoas, um nível de conhecimento e entendimento que permita a cada ser sobre a Terra discernir e agir, em consonância com seus semelhantes e a natureza como um todo.
Tenho sido um defensor ardoroso do investimento prioritário e desmedido na educação, no conhecimento e na saúde de todos os seres humanos. E assim seguirei, enquanto puder ser um apóstolo da causa da verdadeira igualdade, que começa na formação e na saúde.
A primeira coluna publicada neste heroico Diário do Comércio, no dia 22 de junho de 1982, reflete o momento em que foi publicada. E cada uma delas, dia após dia, espelhou como o país caminhava e como chegou até hoje. Minhas lentes sempre foram a da defesa dos ideais que esta Entidade abriga, da liberdade, do empreendedorismo, da livre iniciativa, do ser humano livre para pensar, opinar e construir seus sonhos, dentro da ordem, da lei e do respeito recíproco ao próximo.
Como registro histórico, reproduzo aqui aquela pioneira coluna, a primeira, assinada, após meus dez anos iniciais como repórter e comentarista político da Jovem Pan, da Folha de São Paulo, da TV Tupi, TV Record e Rede Capital. A imagem está prejudicada por se tratar de reprodução de microfilme. Meu obrigado aos colegas do DC que ajudaram a resgatar. Vejam abaixo.
Trazido pelo então presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, iniciei o desafio e hoje, olhando para esse período decorrido, me sinto lisonjeado de ter conseguido acompanhar o trabalho imenso que esta Casa fez e faz pelo Brasil.
Nas pessoas de Guilherme Afif Domingos e de Alfredo Cotait, que honraram a coluna com as mensagens que aqui divulgo com orgulho, agradeço e homenageio a todos os funcionários, colegas jornalistas, dirigentes e participantes desta Entidade que representa uma página de glória na luta pelos seus ideais a serviço de São Paulo e do Brasil.
Desta coluna nasceram os livros, “Contagem Regressiva”, da Editora Nobel, sobre as eleições de 1982, “A Eleição do Cruzado”, da Editora Global, sobre as eleições de 1986, “Cidadania Já”, da Editora Conceitos, de 2010, e “Narrativas de Um Repórter”, da Vide Editora, de 2013. A eles se somam os romances de ficção histórica que completam os livros por mim escritos até hoje: “1500, A Grande Viagem “, da Editora Global (1.ª edição de 1994) e “Moura Louca”, da Editora Augustus (1.ª edição de 1998).
Fortaleci minhas convicções. Solidifiquei minhas crenças. Busco aprender ainda hoje, e com o lastro adquirido nestas quatro décadas, sigo trazendo minhas considerações por estas páginas eletrônicas, honrado em ser hoje, o colunista política mais antigo (embora talvez não o mais velho) do jornalismo de São Paulo.
Aos colegas de 40 anos deste Diário do Comércio minha profunda admiração e respeito. Do mais humilde ao mais graduado, todos foram e são importantes, em cada dia desse período, para a existência desta coluna.
Como tudo mudou, o jornalismo também sofreu e está sofrendo profundas transformações. Os jornais impressos caminham para sua extinção e nisso esta ACSP enxergou anos à frente, iniciando a era digital do Diário do Comércio. A atividade em si, para os jornalistas, também se alterou. Cada cidadão é hoje um jornalista em potencial com sua câmera do celular e as redes sociais disponíveis 24 horas do dia. Quem não viu e não está se adaptando, pode ficar para trás.
Meu particular abraço e com ele abraço cada colega, ao pioneiro da atividade de motoboy no Brasil, o então jovem “Moranguinho” (perdi seu nome no passar do tempo), que todas as tardes ia até onde eu estava com sua moto, buscar as duas laudas e meia da coluna para levá-la às oficinas da Rua Galvão Bueno, onde, na linotipo, o jornal começava a nascer a cada dia.
O tempo passou, ficamos mais experientes, grisalhos, mas os ideais de liberdade e crescimento do Brasil e melhoria da qualidade de vida de todos os brasileiros seguem mais jovens do que nunca.
O momento em que esta coluna completa 40 anos também é um divisor de águas para o futuro do país. Está em jogo a liberdade que todos nós tanto prezamos. Lutar por ela é obrigação de cada cidadão responsável que, com seu trabalho honesto, contribui para termos um Brasil digno.
Mensagem do ex-presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos:
“Quando em 1982 convidei meu amigo Paulo Saab para ser articulista do Diário do Comércio, então ainda impresso, sabia que seria uma colaboração preciosa, pois conhecia sua capacidade e, principalmente, suas posições sobre os principais temas da economia, da política e da área social. Jornalista, advogado e professor, Saab era um atento observador dos acontecimentos nacionais, e os analisava sempre a partir de sua posição de defensor da livre iniciativa e da liberdade em geral e, também, com a visão social que o levou a diversas iniciativas de apoio ao desenvolvimento da cidadania.
Não imaginava, porém, que essa relação se tornasse tão duradoura, a ponto de completar 40 anos de sua contribuição ao nosso querido DC, patrimônio da história da entidade desde 1924, hoje eletrônico.
Se fizermos uma coletânea de seus artigos nesse longo período de colaboração, seguramente teremos retratado os principais acontecimentos das últimas quatro décadas no Brasil, vistos sob a ótica de um jornalista que, por sua formação multidisciplinar e humanista, os analisava com profundidade de conteúdo e leveza de estilo.
Esperamos que a contribuição da Paulo Saab continue por muito tempo, para benefício de todos os leitores do Diário do Comércio que, como sempre afirmou, se baseia nos fatos, para expor suas opiniões.”
Mensagem do atual presidente da ACSP, Alfredo Cotait:
“Completa neste 22 de junho, 40 anos da colaboração de Paulo Saab como articulista do Diário do Comércio. Mais importante do que a longevidade e qualidade dessa colaboração, podemos destacar a coerência de suas posições e opiniões ao longo desse período. O mundo mudou, o Brasil se transformou, os costumes e hábitos da sociedade brasileira evoluíram.
Paulo Saab analisou os fatos e acontecimentos desse longo período, sempre com atualidade, apesar de todas as mudanças, porque seus valores e convicções não mudaram, apenas se adaptaram aos novos tempos. Defensor da livre inciativa e da democracia, sempre se posicionou a partir dessa visão.
Importante destacar que Saab não ficava apenas na teoria, pois nesse tempo, presidiu diversas entidades empresariais e, mais importante, desenvolve importante obra social, a partir do Instituto Cidadania Brasil, do qual é presidente.
Como jornalista, advogado, professor e homem de ação, Paulo Saab poderá continuar a contribuir por muito tempo com suas análises sobre os grandes temas nacionais, enriquecendo o Diário do Comércio e seus leitores.”
Mensagem do economista-chefe da ACSP, Marcel Solimeo:
Como leitor do Diário do Comércio há 58 anos, desde quando entrei na ACSP, acompanho seus principais destaques, pelo que posso dizer que acompanhei durante 40 anos os artigos de Paulo Saab no jornal da entidade. Posso dizer que sempre foram análises dos problemas atuais do país sob o ponto de vista de que sempre defendeu a liberdade em seu sentido amplo, e a livre iniciativa como instrumento para o desenvolvimento nacional.
Nesse longo período tive diversos contatos com Saab nas diversas entidades de classe que ele presidiu, ELETROS, ABRADIF, ABLA e ANAV, graças aos convites que me fez para reuniões com as diretorias ou associados, o que me propiciou oportunidades para obter informações importantes sobre esses setores.
Mais importante foi acompanhar seu trabalho político e social, no Instituto de Cidadania, que, desde 2000, desenvolve importante trabalho de educação, inclusão e cidadania, para transformar em realidade sua defesa da liberdade e do empreendedorismo.
Esperamos contar ainda por muito tempo com a colaboração de Paulo Saab ao DC para esclarecer o empresário neste ambiente complexo e de incertezas, bem como no Instituto para formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.”
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