Marisa usa técnica de sacoleiras e cria novo canal de vendas
Programa Sou Sócia tem 30 mil vendedoras, podendo chegar a 100 mil com nova plataforma digital a ser lançada no final do mês
A técnica antiga usada pelas sacoleiras de levar perfumes, bijuterias e roupas até a casa do cliente volta a ser explorada por grandes redes de varejo de um jeito diferente.
No mundo cada vez mais virtual, as sacoleiras não precisam mais ir às ruas sob sol forte e chuva para faturar.
Agora, dá para vender de qualquer cômodo da casa. Basta ter acesso a um computador ou smartphone.
Em meio à pandemia que apertou o orçamento das famílias, a rede Marisa se prepara para impulsionar o seu programa Sou Sócia, pensando justamente no poder das antigas sacoleiras.
Lançado em maio do ano passado, o seu mais novo canal de vendas já conta com cerca de 30 mil sócias em todo o país.
Com o lançamento de sua nova plataforma digital, previsto entre o final deste mês e início de novembro, a rede tem a ambição de atingir 100 mil sócias muito brevemente.
A nova ferramenta, de acordo com Marcelo Pimentel, CEO da empresa, deve ser bem mais fácil de usar tanto pela vendedora como pela consumidora.
“Muitas das nossas clientes são provedoras primárias de suas casas. A ideia deste programa é ajudá-las a ter uma fonte de renda”, afirma ele.
As interessadas em vender produtos da loja precisam fazer o cadastro na plataforma, ser maior de idade, ter CPF e uma conta bancária.
Até o final do mês, com a nova plataforma digital, a rede deve colocar mais informações e dicas para quem quer se tornar uma vendedora de produtos da Marisa.
A comissão sobre a venda é de 5%. A plataforma se encarrega de realizar todo o processo de pagamento, entrega, frete e também faz o cálculo da comissão.
Pimentel diz que essas mulheres empreendedoras têm grande importância no processo de vendas, assim como as tradicionais sacoleiras.
E, se já estão acostumadas a vender outros produtos, como cremes e perfumes, também podem comercializar roupas e outros artigos da rede.
No site da Marisa já há instruções e dicas para fisgar os clientes por meio do Instagram, do Facebook e do WhatsApp.
Com 344 lojas e uma receita anual perto de R$ 3 bilhões, a Marisa pretende com o seu novo marketplace se firmar no meio digital e crescer os negócios.
Com a nova plataforma, a Marisa, controlada pela família Goldfarb, quer vender produtos e serviços capazes sempre de fortalecer a autoestima da mulher.
Além de vender toda a sua linha de produtos, a rede pretende dar aulas de empreendedorismo e de educação financeira para as clientes.
O público da rede é formado, principalmente, por mulheres trabalhadoras das classes C e D, com 33 anos, dois filhos, e renda mensal de cerca de R$ 2.500.
Apesar de vender há muito tempo pela internet, o comércio on-line representava apenas 2% do faturamento da empresa até 2017.
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Com a pandemia do novo coronavírus, as vendas virtuais subiram para 15% e a projeção da Marisa é que este percentual atinja 25% em cinco anos.
No último trimestre de 2020, a rede lançou um aplicativo que, em menos de um ano, ultrapassou a casa dos 10 milhões de downloads, e participa com 60% da venda digital.
PRESSÃO DE CUSTOS
Neste momento, de acordo com Pimentel, existe uma forte pressão para aumentos de custos em toda a cadeia, afetando todo o varejo.
Um contêiner de produtos importados da China para o Brasil que custava entre US$ 2 mil e US$ 3 mil antes da pandemia, diz ele, hoje custa entre US$ 10 mil e US$ 12 mil.
Este é um grande desafio, de acordo com Pimentel, para o varejo neste final de ano.
“A diferença na Marisa é que fizemos uma revisão de despesas da cadeia como um todo. E, apesar de todo esse estresse de custos, diminuímos as nossas despesas em relação a 2019 por meio de novas tecnologias e automação”, diz.
Um único projeto de automação, afirma ele, conseguiu uma redução anual de R$ 45 milhões.
A expectativa da rede, de acordo com o CEO da Marisa, é crescer este ano em relação a 2020 e a 2019. “A Black Friday deste ano é um evento muito esperado pelos lojistas.”
A rede já está realizando parcerias com os fornecedores para oferecer descontos para a clientela, até porque os volumes de compras são maiores para o período.
“Deve ser uma Black Friday bastante concorrida tanto no digital como no físico”, diz.
IMAGEM: Marisa/divulgação