Investimento privado pode desafogar o trânsito na Raposo
Os congestionamentos ocorrem diariamente no perímetro urbano da rodovia, na região do Butantã. O assunto foi debatido na Distrital Sudoeste da ACSP

Proposta em estudo pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo prevê investimentos privados para tentar resolver o problema do nó viário existente no trecho urbano da rodovia Raposo Tavares, principalmente entre Cotia e São Paulo.
O crescimento imobiliário rápido de Cotia nos últimos 15 anos sobrecarregou a rodovia. O trânsito de entrada e saída dos condomínios residenciais e centros comerciais que surgiram naquela região passa necessariamente pela Raposo Tavares, que não foi estruturada para suportar o fluxo atual.
O deputado estadual Márcio Camargo (PSDB) aponta que uma das saídas em análise para o problema demandaria aporte de R$ 3 bilhões por parte da concessionária CCR ViaOeste. O valor seria usado em melhorias do trecho que se estende do km 34 até a chegada à Capital, atualmente sob jurisdição do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), controlado pelo governo paulista.
Pela proposta do legislador, em troca, a concessionária ganharia a extensão do prazo da concessão da rodovia.
“Isso, no entanto, depende de uma interlocução entre o governo estadual, o Tribunal de Contas do Estado (TCE), prefeituras e outros órgãos compatíveis”, afirmou Camargo, que apresentou a proposta para 150 empresários em encontro na sede da Distrital Sudoeste da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Entre as obras previstas estão a ampliação da rodovia no trecho urbano para dar vazão ao tráfego local, a eliminação de semáforos em cruzamentos e a construção de passarelas para pedestres.
“A Raposo Tavares é a única rodovia em que o motorista tem de parar ao chegar à São Paulo, o que contribui para aumentar o congestionamento. Os únicos que ganham com o trânsito congestionado são os vendedores de picolé, de água", disse o deputado. "Os motoristas, moradores e comerciantes legalizados da região só têm prejuízos com esta situação caótica”, completou.
A falta de fluidez no trânsito afeta a vida de centenas de moradores e comerciantes dos distritos de Butantã, Morumbi, Vila Sônia, Raposo Tavares e Rio Pequeno.
Somados, estes bairros formam uma área de 56,1 km2, que correspondem a 3,75% da área do município de São Paulo.
De acordo com o último Censo do IBGE, os municípios que ficam no entorno da rodovia, com exceção da Capital, têm uma população aproximada de 2,3 milhões de habitantes.
Nos bairros próximos ao perímetro urbano, na chegada à Capital, moradores e comerciantes enfrentam dificuldades no trânsito diariamente. A situação fica insustentável nos fins de semana prolongados.
“O pior trecho é o que vai de Cotia a São Paulo. São 20 quilômetros. Quando o trânsito para, os motoristas demoram até duas horas para fazer o trajeto”, afirmou o deputado, que é presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Rodovia Raposo Tavares.
Presente ao encontro, Ricardo Granja, Prefeito Regional do Butantã e Diretor Superintendente da Distrital Sudoeste da ACSP, lembrou que trafegam pelo perímetro urbano da Rodovia Raposo Tavares mais de 200 mil veículos por dia.
“Com os congestionamentos, a região vira um caos total. Estamos tentando amenizar isto. As propostas estão sendo levadas ao Governo do Estado e as obras estão sendo feitas”, disse.
MELHORIAS
Algumas melhorias já foram entregues à população no “Eixo da Raposo Tavares”. A pista na chegada à Capital foi recapeada. As obras custaram R$ 90 milhões.
Entre os quilômetros 9,8 e 30,6, a pista passou por um processo de revitalização e modernização, que incluíram a recuperação do pavimento, alças de acesso e retornos, melhorias na sinalização vertical e horizontal, alargamento da ponte sobre o Rio Cotia, faixas de desaceleração e muretas de proteção.
O trecho do km 21 mereceu atenção especial. O local era o campeão de acidentes da rodovia, principalmente com caminhões. Com as reformas, não há mais acidentes.
Seguem as obras de recuperação do talude – plano de terreno inclinado -, no km 10,2, com custo total de R$ 165 mil e previsão de término para agosto de 2018.
Mais R$ 30 milhões já foram aprovados na Assembleia Legislativa para a construção de alças de acesso no km 22 no trecho da Granja Viana e km 26,5 na altura do condomínio São Paulo 2.
Quando concluídas, estas obras servirão para reduzir em até 45 minutos o tempo gasto no percurso entre Cotia e São Paulo nos horários de pico, melhorando a mobilidade local.
Com o recapeamento, o número de acidentes diminuiu na região. O próximo passo é eliminar o semáforo que fica no Jardim Previdência, na chegada à Capital.
Também estiveram no encontro realizado pela Distrital Sudoeste da ACSP Andrea Matarazzo, gestor público; Nelson Barth, coordenador da Comissão do meio Ambiente e Conselheiro da Distrital Sudoeste; Antônio Carlos Pela, vice-presidente da ACSP; José Odair Pereira Diniz e Adriana Pereira Diniz, gerentes de empreendimento da Linha 4 do Metrô, e Adriana Lewisky, arquiteta e urbanista.
Foto: Lyli Martins