IHGSP, Poli-USP e Rotary recebem Colar Carlos de Souza Nazareth
Condecoração foi criada pela ACSP para homenagear pessoas físicas e jurídicas que se destacam por ações em prol do bem comum
O Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP), a Escola Politécnica da USP e o Rotary Club de São Paulo são as instituições centenárias homenageadas em 2024 com a outorga do Colar Carlos de Souza Nazareth, uma iniciativa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A cerimônia foi realizada nesta segunda-feira (22/07).
Criada em 2002 pelo Comitê de Civismo e Cidadania (COCCID) da ACSP, a honraria é destinada a homenagear pessoas físicas e jurídicas que se destacam pela prática de ações em prol do bem comum, inspiradas pelo civismo para o aperfeiçoamento da sociedade. Neste ano, a solenidade também comemora o 92º aniversário do Movimento Constitucionalista de 1932.
Homenageado na edição de 2023, o presidente da ACSP, Roberto Mateus Ordine, saudou os presentes junto ao coordenador do COCCID e vice-presidente da ACSP, Samir Nahkle Khoury. "Rememorar a Revolução de 1932 nos enche de orgulho, e homenagear essas três instituições com o Colar é reforçar seus relevantes serviços à sociedade", disse Ordine.
Criado há 130 anos, em meio à acelerada expansão urbana da cidade de São Paulo, o IHGSP se destaca desde então por seus estudos e pesquisas sobre a História e Geografia da capital e do Estado. Também atua em defesa da preservação da memória e das tradições paulistas e paulistanas, além do desenvolvimento do seu patrimônio histórico, artístico e cultural.
João Tomas do Amaral, presidente da entidade condecorada, felicitou as outras duas instituições que, como o IHGSP, têm raízes e vínculos históricos com São Paulo e o movimento Constitucionalista. Também citou na íntegra uma declaração do patrono Carlos de Souza Nazareth na ocasião da Revolução, sobre a importância da causa para São Paulo e o Brasil.
"Agradecemos o reconhecimento da ACSP e ao seu Comitê de Civismo e Cidadania pela outorga do Colar Carlos de Souza Nazareth ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, cuja honraria estará destacadamente em nosso endereço mais que centenário: a Rua Benjamin Constant, 158, antiga Rua da Princesa no centro histórico de São Paulo. Ela será reverenciada sempre, em conjunto com a preservação dos ideais fundamentais da epopeia paulista."
Referência em Engenharia na América Latina, a Poli-USP, ao longo de seus 131 anos, vem se mantendo na liderança acadêmica com reputação certificada em ranking internacionais. Além de instituição de ensino e pesquisa, também atua como centro formador de opinião junto aos setores público e privado para a consolidação do desenvolvimento tecnológico do país.
Representando a Poli, o diretor e professor Reinaldo Giudici afirmou que, quando a escola interage com a sociedade, e chega ao momento em que outras entidades importantes, como a ACSP, a homenageiam, é sinal de que está cumprindo sua missão como entidade de formação. Principalmente a Poli, baseada em dois grandes lemas: tradição e modernidade.
"São quase 131 anos, então é hora de olhar para o passado com orgulho das realizações, mas com a modernidade de olhar para frente e participar dos novos desafios da sociedade. Esse reconhecimento mostra que nós estamos cumprindo nosso papel como uma universidade pública e gratuita, então isso nos deixa realmente muito satisfeitos."
Completando um século de atividades em 2024, o Rotary Club de São Paulo, assim como a ACSP, se envolveu no movimento constitucionalista de 1932 para atuar a serviço da democracia brasileira e contra a ditadura getulista. Hoje, destaca-se em sua missão de prestar assistência material, moral e intelectual à infância e à juventude por meio de iniciativas como o ESPRO (Ensino Social Profissionalizante), o Colégio Rio Branco e o Lar Escola Rotary, entre outros.
Livio Giosa, que assumiu a entidade este ano, apresentou uma retrospectiva dos 100 anos do Rotary junto com o ex-presidente Irineu de Mula, a quem sucedeu. Ele destacou o propósito de instituições como o Rotary e a ACSP, como fomentar o empreendedorismo, as relações profissionais e desenvolver projetos humanitários, eixos primordiais para a cidadania.
"Renovo nossos agradecimentos ao presidente Ordine e à ACSP pela oportunidade de receber essa outorga extremamente importante, que é o Colar Carlos de Souza Nazareth, pelo centenário do Rotary. Muito obrigado a todos vocês."
A criação do Colar foi oficializada pelo Governo do Estado de São Paulo através do Decreto 48.033 de 19 de agosto de 2003 e, desde então, foram homenageadas 85 entidades e personalidades de extrema relevância no Brasil e no mundo.
O PATRONO, A ACSP E A CONSTITUINTE
A ACSP, que teve papel importante na luta pela liberdade e autonomia do Estado na ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932, e Carlos de Souza Nazareth, patrono in memorian da condecoração, foi considerado uma figura providencial durante a campanha paulista, por ter dado apoio logístico e fornecido o sistema de suprimentos ao exército constitucionalista.
No ano da revolução, a ACSP, onde Nazareth ocupava o cargo de presidente, participou das tentativas de diálogo com o governo junto a outras lideranças, reivindicando respeito a São Paulo e à autonomia do Estado - até então negada pelo presidente Getúlio Vargas, que revogou a Constituição e centralizou a administração política e econômica do país.
Quando ficou evidente que não havia possibilidade de acordo com Getúlio, a associação, acompanhando o sentimento geral da população paulista, engajou-se na campanha pela defesa de uma Constituinte imediata, que culminou na deflagração da Revolução.
Assim, a ACSP assumiu funções de suporte ao movimento: cuidou das finanças, da intendência e do abastecimento; colaborou para o alistamento e ajudou na captação e distribuição de donativos. Realizou também a campanha "Ouro para o bem de São Paulo", cujos recursos remanescentes foram doados à Santa Casa de Misericórdia.
Vencido no campo militar devido à superioridade de recursos do governo federal, o estado de São Paulo foi vitorioso no plano moral por lutar pelo Estado e pelo Brasil.
Por ter assumido a responsabilidade pela participação das classes empresariais paulistas na Revolução, Carlos de Souza Nazareth foi preso e exilado. Mas viu seus ideais vencerem, quando em 1934 foi convocada a Constituinte pela qual tanto lutara.
IMAGEM DE ABERTURA: Paulo Pampolin/DC