Greve dos caminhoneiros causa estrago na economia

Economistas da Associação Comercial de São Paulo lamentam o fato de a paralisação ter derrubado a confiança do empresário

Instituto Gastão Vidigal
20/Jul/2018
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Greve dos caminhoneiros causa estrago na economia

Como se esperava, a greve dos caminhoneiros, que paralisou o fluxo de transporte de insumos e mercadorias por todo o País nas duas últimas semanas de maio, provocou fortes efeitos negativos sobre a atividade econômica.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor serviços, que representa cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB), foi o mais afetado, com queda da receita real puxada pelo transporte terrestre, pivô do conflito.

A produção industrial também foi severamente impactada pela greve, apresentando diminuição comparável à ocorrida em decorrência da crise financeira internacional de 2008, destacando-se a contração da fabricação de automóveis e alimentos.

Por sua vez, as vendas do comércio também sofreram retração, segundo dados da mesma fonte oficial, porém, atenuada pelo expressivo aumento do volume comercializado pelos supermercados, explicado pelas compras da população, refletindo comportamento de estocagem, motivado pelo “medo” do desabastecimento.

Em termos agregados, esses efeitos devem provocar, no mínimo, forte desaceleração da expansão da atividade econômica no segundo trimestre.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), considerado uma “prévia” do PIB, anotou queda recorde em maio, enquanto o estimador mensal de atividade econômica do Banco Itaú também mostrou recuo durante o mesmo período.

Há uma visão de consenso, sugerida pela análise de outros indicadores econômicos, que sinalizam a evolução atual da atividade produtiva, como, por exemplo, vendas de papel ondulado e fluxo pedagiado de veículos pesados, de que haverá recuperação das perdas provocadas pela paralização a partir do mês de junho.

Contudo, somente parte dessas perdas será recuperada, pois, a greve não somente provocou prejuízos bilionários no segmento de abates de suínos e aves, como também gerou, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), acúmulo de estoques indesejáveis por parte da indústria, o que desestimula esforços futuros de investimento desse setor. Além disso, a aprovação da Medida Provisória que estabelece preços mínimos para os fretes, contribui para a elevação dos custos de logística de todo o segmento produtivo.

Outro efeito negativo mais duradouro da greve e seus desdobramentos foi a expressiva queda da confiança dos empresários, que se estendeu até o mês de junho.

No caso dos empresários industriais, ainda de acordo com a CNI, apesar de ter havido recuperação da confiança em julho, esta foi muito pouco expressiva, incapaz de compensar os recuos observados durante os dois meses anteriores. Esses resultados sugerem arrefecimento da produção ao longo dos próximos meses, reduzindo ainda mais o ritmo de recuperação da atividade econômica.

Em função de tudo isso, as últimas projeções de analistas de mercado para o crescimento do PIB em 2018, coletadas no Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, continuam recuando, alcançando, na média, a 1,5%, resultado muito fraco, em vista do baixo aumento da atividade econômica registrado no ano passado.

LEIA A ÍNTEGRA DA ANÁLISE DA ACSP 

IMAGEM: Thinkstock

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