Franquias brasileiras avançam em 100 países
Balanço consolidado da ABF confirma faturamento de R$ 163,319 bilhões em 2017, e mostra o aumento da presença das marcas no exterior - caso da Chiquinho Sorvetes (acima), que acaba de abrir dois quiosques nos EUA
O mercado externo está cada vez mais atraente para o franchising brasileiro: em 2017, a presença das marcas made in Brazil avançou de 80 para 100 países, segundo balanço consolidado do setor de franquias 2017 divulgado nesta quinta-feira (01/03) pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Nesse período, 142 redes de franquias nacionais atuavam no exterior, 129 possuíam operações físicas em outros países e 18 redes exportavam ou distribuíam produtos em mercados estrangeiros.
De acordo com o levantamento, os Estados Unidos é o país com maior número de operações físicas de marcas brasileiras (46), seguido do Paraguai e de Portugal, cada um com 34 operações.
Além das redes Giraffas, Chilli Beans e Boticário, pioneiras em implantar unidades franqueadas no país, outra rede que chega ao mercado americano é a Chiquinho Sorvetes.
Rebatizada de "Chiquinho Ice Cream", a rede do interior paulista investiu R$ 1,8 milhão nos recém-inaugurados quiosques de Tampa e Sarasota, na Flórida, e no de Miami, que abrirá agora em março.
“Nosso objetivo é abrir 10 unidades próprias por lá para conhecer o mercado e consolidar a presença da marca na região", afirma Isaias Bernardes de Oliveira, presidente do grupo CHQ.
Entre os segmentos mais internacionalizados, moda lidera, com participação de 25,4%. Saúde, beleza e bem-estar vem em segundo lugar, com 16,9%, e alimentação em terceiro, com 15,5%.
Já com relação à presença das redes estrangeiras no Brasil, a pesquisa da ABF apurou que existem 200 marcas de 26 países atuando por aqui. Os Estados Unidos também lideram o quadro, com 40% de participação, seguido por Portugal (10,5%) e Argentina (7%).
Entre as redes mais internacionalizadas, a iGUi Piscinas mantém a liderança, com presença em 21 países, segundo a pesquisa “Global Mindset na Internacionalização das Franquias Brasileiras” da ESPM em parceria com a ABF (dados de 2016).
De acordo com o ranking do World Franchising Council, o Brasil mantém a 4ª colocação global em número de redes, e a 6ª posição em número de unidades.
CRESCIMENTO CONFIRMADO
O balanço consolidado do setor de franquias em 2017, apurado na Pesquisa de Desempenho realizada pela ABF – Associação Brasileira de Franchising, confirmou o crescimento de 8% das receitas do setor.
O faturamento do setor no período saltou de R$ 151,247 bilhões para R$ 163,319 bilhões. No 4º trimestre de 2017 ante igual período do ano anterior, o setor também cresceu 8%, cuja receita passou de R$ 43,521 bilhões para R$ 47,014 bilhões. Na comparação entre o 3º e 4º trimestres, a alta foi de 12,3%.
Para Altino Cristofoletti Junior, presidente da ABF, a performance positiva das redes está associada aos fundamentos do próprio franchising.
“Foco em gestão, treinamento e em inovação refletiram em bons resultados para o franchising como um todo. O ano de 2017 foi de recuperação do setor, mesmo que lenta e gradativa, e a tendência é que o franchising cresça mais em 2018, dado o reaquecimento da economia brasileira”, afirma.
Outro fator importante para o desempenho do setor foi a inovação, refletida em novos produtos, serviços, formatos de negócio e pontos comerciais - movimento confirmado pela pesquisa "Inovação nas Franquias Brasileiras", realizada pela ABF em parceria com a Confederação Nacional de Serviços (CNS) e metodologia da Fundação Dom Cabral (FDC).
Dentre outros dados relevantes, o estudo indicou que do total de empresas franqueadoras pesquisadas, 91,8% introduziram algum novo produto ou serviço entre 2014 e 2016. Dentre as empresas que se mantiveram inovadoras, 37,4% realizaram mudanças significativas em seus modelos de negócios no Brasil e 6,9% delas no exterior.
UNIDADES, REDES E GERAÇÃO DE EMPREGOS
A pesquisa da ABF também revelou que o total de unidades do setor cresceu 2,4%, com um saldo de 3.541 novas operações no ano passado, totalizando 146.134 unidades.
Quanto ao número de redes, o ano encerrou com 2.845 marcas atuantes no mercado. Já o repasse de unidades foi de apenas 3%, e a taxa de mortalidade ficou em 5%.
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O levantamento indicou que o franchising manteve o nível de empregos em 2017. O total de trabalhadores diretos no setor de franquias chegou a 1.193.568 pessoas, com ligeira alta de 1%.
“Em 2018, nossa expectativa é que o setor acelere, com um crescimento em faturamento de cerca de 10% e em número de unidades de 3%. Com isso, esperamos gerar também mais empregos: 3% a mais”, ressalta Altino Cristofoletti Junior.
POR SEGMENTO
O estudo mostrou que todos os segmentos elencados pela ABF cresceram em faturamento, tanto em 2017 como um todo, como no 4º trimestre.
Saúde, beleza e bem-estar encabeça a lista em ambos os períodos, crescendo 12,1% e 13,4%, respectivamente, puxados principalmente pelo aquecimento do mercado de clínicas populares.
No acumulado de 12 meses, o segundo segmento que mais cresceu foi hotelaria e turismo, com alta de 9,7%. A maior participação das redes no e-commerce e o incremento das unidades home based (para trabalhar a partir de casa) justificando a expansão.
Serviços e outros negócios apresentou a terceira maior variação em faturamento, 9,2%. O fato de se tratar de um segmento com muitos nichos, com negócios que atendem o público B2B (empresa para empresa) e o incremento de serviços como contabilidade favoreceram esse desempenho.
FATURAMENTO E UNIDADES POR SEGMENTO |
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SEGMENTO |
1°TRI AO 4° TRI DE 2016 (em R$ bilhões) |
1° TRI AO 4° TRI DE 2017 (em R$ bilhões) |
VAR. FATURAMENTO | VAR. UNIDADES |
Alimentação | 40,391 | 42,816 | 6% | 3,1% |
Casa e Construção | 8,545 | 9,228 | 8% | 5,9% |
Comunicação, informática e eletrônicos | 4,736 | 5,103 | 7,8% | -6,4% |
Entretenimento e lazer | 2,085 | 2,162 | 3,7% | 3,6% |
Hotelaria e turismo | 10,254 | 11,251 | 9,7% | 17,6% |
Limpeza e conservação | 1,275 | 1,354 | 6,2% | 7% |
Moda | 20,445 | 21,868 | 7% | -0,1% |
Saúde, beleza e bem-estar | 26,775 | 30,021 | 12,1% | 3,3% |
Serviços automotivos | 5,465 | 5,756 | 5,1% | 4,1% |
Serviços e outros negóciops | 20,998 | 22,921 | 9,2% | 1,4% |
Serviços educativos | 10,268 | 10,839 | 5,6% | 2,5% |
TOTAL | 151,247 | 163,319 | 8% | 2,4% |
fonte: ABF |
Na sequência, casa e construção teve alta de 8%. O segmento foi puxado pelo aumento da demanda por serviços de reforma, reparo e manutenção, impulsionada pela liberação dos recursos do FGTS inativo.
Em quinto lugar, comunicação, informática e eletrônicos cresceu 7,8% no período. Mesmo que num ritmo menor, a demanda por produtos e serviços deste segmento se manteve, especialmente na área de marketing digital e meios de pagamento.
Segundo Vanessa Bretas, gerente de inteligência de mercado da ABF, no último ano, o setor continuou a enfrentar a crise, mas o aumento da eficiência das operações, o lançamento de novos formatos e a troca de informações entre franqueadores e franqueados, contribuíram para que o franchising mantivesse a trajetória de alta "de forma mais disseminada dentro dos segmentos.”
FOTO: Divulgação - Chiquinho Sorvetes