'Fazer negócios em SP não pode ser a tortura que é hoje'
Tabata Amaral (PSB) abriu o ciclo de debates com candidatos à Prefeitura de São Paulo organizado pela ACSP
A cidade de São Paulo tem menos de dois meses para eleger um novo prefeito. Desta vez, onze nomes anunciaram interesse em concorrer ao cargo. A deputada federal Tabata Amaral (PSB) é uma delas e também a candidata mais jovem dessa disputa.
Aos 30 anos de idade e conhecida por pautas focadas no desenvolvimento social e ligadas à educação, Tabata parte de exemplos próprios, como a aprovação do Marco Legal do Ensino Técnico e o programa Pé de Meia, para desenrolar propostas de seu plano de governo.
Na última quinta-feira (15), durante a abertura do ciclo de debates com candidatos à Prefeitura de São Paulo organizado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a candidata explicou como pretende, se eleita, criar medidas de desenvolvimento econômico, tratar as muitas demandas que a região central acumula e usar novas tecnologias de inteligência artificial em tomada de decisões do Executivo.
"Fazer negócios em São Paulo não pode ser a tortura que é hoje. A cidade, com o tamanho e a importância que tem, precisa de comitês integrados juntando dados que trabalhem na mesma direção para criar um ambiente de oportunidades", disse.
Para aumentar a simplificação às empresas em São Paulo, uma das soluções apontadas pela candidata é implementar o Portal do Licenciamento, com o qual pretende desburocratizar a obtenção de alvarás para obras e funcionamento de negócios. Já para aumentar a formalização em áreas de periferia, Tabata falou em oferecer cursos profissionalizantes e até um ano de isenção de impostos para quem participar dessas formações com a intenção de abrir um pequeno negócio.
Considerando São Paulo muito abaixo do seu potencial em áreas estratégicas, a candidata também propõe profissionalizar a SP Negócios e criar distritos de desenvolvimento econômico, que vão estimular negócios locais por meio de incentivos fiscais e melhoria de infraestrutura pública.
Investir em ensino técnico, priorizar a primeira infância, oferecer educação em tempo integral e reconhecer os talentos que a cidade tem são outras sugestões apontadas por Tabata para estimular o desenvolvimento econômico da capital.
A candidata disse que, embora a cidade seja referência em tecnologia na área de saúde, por reunir os melhores hospitais do país e ser sede das maiores startups de saúde, não há nenhum programa municipal que reúna a academia, os empresários do setor e crie incentivos para esse ramo prosperar.
Ainda sobre tecnologia, uma das políticas que a candidata propõe é implementar câmeras de monitoramento nos canteiros de obras públicas e desenvolver formas de utilizar a inteligência artificial para processar grandes volumes de dados governamentais e facilitar o acesso por meio do Portal da Transparência.
CENTRO DE SÃO PAULO
Entre os planos que a candidata quer levar adiante se eleita estão a realização de um censo da população de rua e outro para calcular o déficit habitacional na cidade. Ela também propõe soluções para a questão da Cracolândia, que persiste desde os anos 1990.
A exemplo da investigação da Polícia Civil que apontou o controle de hotéis na região pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para manter o esquema de drogas em funcionamento, Tabata aposta em ações coordenadas entre Polícia Civil e Militar para desmembrar esquemas parecidos. Além disso, defende a necessidade de aumentar a atenção para as ações de saúde pública e assistência social.
"Não temos leito psiquiátrico nem equipe de saúde mental em nossas UBSs. Ou seja, a gente nem tenta. É um tema muito mais complexo, mas considero esse pano de fundo importante".
Falando sobre ressignificar áreas que compõem a região central, Tabata sugere a criação de um "Polo Tecnológico" ao redor da rua Santa Ifigênia, endereço conhecido por reunir comércio especializado em eletrônicos e que também sofre os efeitos da presença de dependentes químicos.
Hoje, o endereço passa por obras de requalificação que devem ser finalizadas até o fim de agosto. Conhecida também como a rua dos eletrônicos, a via receberá novas calçadas e espaços de permanência para a população, atendendo a pedidos dos comerciantes locais.
A proposta de Tabata aproveitaria a vocação dessas lojas combinada a outros atores importantes do cenário da Tecnologia da Informação, como startups, incubadoras e aceleradoras que se instalariam nas imediações gerando emprego, mão de obra e formando novos profissionais.
Como plano urbanístico para a região, a candidata mira maior investimento por parte da Prefeitura em habitação e fala em reduzir o déficit habitacional, destinando imóveis abandonados para a habitação de interesse social.
A ideia da deputada é criar uma plataforma digital de locação social e compra subsidiada de imóveis residenciais, administrada pela Prefeitura e sem intermediários. "Acredito em soluções mais baratas e pontuais. 20% dos imóveis da região central estão desocupados. Com o aluguel social, por exemplo, criamos maior dinamismo ao local", disse.
Para enfrentar a criminalidade no Centro, Tabata disse que adotará mecanismos de inteligência e tecnologia e propõe parcerias com operadoras telefônicas para reprimir o roubo de celulares a partir do rastreamento de aparelhos e bloqueio de novas linhas.
PLANO DIRETOR
Ao ser questionada sobre as revisões do Plano Diretor Estratégico (PDE), Tabata afirmou que irá cumprir a agenda e só falará sobre o assunto em 2028, prazo estabelecido pelo documento. Ainda assim, a candidata aponta que o Plano atual enfraquece a proteção ambiental e quase não trata de mudanças climáticas.
Na opinião de Tabata, os atuais instrumentos para lidar com chuvas, como as que ocorrem em janeiro, não contemplam as 800 áreas de extremo risco da capital e demandam planejamento específico, com uso de tecnologia e inteligência artificial, para mapear a cidade com diferentes níveis de chuva e começar a criar caminhos para a água escoar, assim como alargar as margens dos rios. Para isso, no curto prazo, ela tiraria da gaveta o plano de mudanças climáticas e os planos voltados às enchentes para, então, melhorá-los.
Ao avaliar sua campanha, Tabata disse considerar sua trajetória sólida, mas destacou que ainda precisa ser conhecida pelo eleitorado paulista. "Meu maior desafio atual é o desconhecimento. Por isso, minha presença é constante nas redes sociais, além de considerar a cobertura diária e os debates como uma oportunidade para me apresentar", afirmou.
IMAGEM: Alan Silva/ACSP