Em pleno século 21...

É preciso que a sociedade organizada se una às autoridades responsáveis pela educação para a implantação de um programa educacional que valorize a vida humana e as relações solidárias na comunidade

Roberto Mateus Ordine
01/Jun/2016
Advogado e presidente da ACSP
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Inacreditável que, em pleno século 21, ainda possa ocorrer aqui no Brasil, numa das mais belas e desenvolvidas cidades do mundo ocidental, um estrupo coletivo, crime esse largamente praticado na Idade Antiga, pelos povos bárbaros durante a invasão e conquista de povos mais desenvolvidos, com a visível intenção de marcar seu poder sobre os vencidos.

Este triste acontecimento nos dias de hoje apenas demonstra a falta de educação que ainda impera em grande parte da nossa população.

Aqui não se trata só de instrução escolar, trata-se da educação moral e cívica, que se aprende no convívio da família, independentemente de sua posição social.

Esse foi o tipo de educação trazida na época da colonização europeia, incluindo o período da imigração, com a vinda de pessoas simples.

A educação que essas famílias ensinavam aos filhos continham valores de amor à família e à pátria, além do sentimento religioso, que se refletia no respeito ao semelhante.

O convívio familiar com esses valores repercutia no comportamento das pessoas na comunidade.

Nas escolas, além do ensinamento das letras e dos números, aprendiam-se as noções de moral e civismo, imprescindíveis para a evolução da raça humana e para o relacionamento fraterno entre as pessoas.

Lamentavelmente, o materialismo e o culto ao sucesso a qualquer preço, acabaram por banalizar o respeito à vida humana. Soma-se a isto uma busca irresponsável de sensualidade, de um lado e, de outro, a desestabilização social, pela imposição política de uma minoria atuante e mal intencionada. Foi o suficiente para que o caos moral ferisse os bons costumes.

O resultado dessa confusão gerou a predominância do comportamento primitivo e do aumento da violência, assustando as pessoas de bem.

É verdade também que parte dessa irresponsabilidade social foi o comportamento de uma parcela da elite que nos governa, em que os interesses corporativos e a corrupção sistêmica demonstraram o desrespeito social.

Torna-se imperioso, portanto, o retorno das aulas de civismo para as nossas crianças nas escolas e de um programa de apoio às famílias mais carentes, para que se restabeleçam os valores morais e as boas práticas no relacionamento social.

Para tanto, é preciso que a sociedade organizada se una às autoridades responsáveis pela educação, para a implantação de um programa educacional que valorize a vida humana e as relações solidárias na comunidade, a fim de que prevaleça a fraternidade e o respeito ao semelhante sobre os interesses mundanos.

Para finalizar, lembro a pesquisa realizada simultaneamente em duas grandes capitais, uma na América do Norte e outra aqui.
Colocou-se uma banca com relógios e uma placa contendo o preço de cada peça de US$10,00 lá e aqui de R$20,00. Não havia ninguém vigiando, além de uma câmara oculta.

Lá as pessoas passavam, viam os relógios e as três que se interessaram em comprá-las, pegavam o relógio e deixavam o valor na pequena caixa.

Por aqui, das três pessoas interessadas, apenas uma pagou -as demais simplesmente levaram o relógio sem pagar.

Esse triste exemplo apenas comprova o baixo nível de nossa educação social. Não podemos mais aceitar esse estágio evolutivo.

Está na hora de reverter esse quadro, pela educação moral e o respeito ao próximo.  

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