Economia já permitiria ritmo maior no corte de juro
A afirmação consta de ata da reunião do Copom. Na semana passada, o juro foi cortado em um ponto percentual

A atual situação da economia do Brasil já permitiria acelerar ainda mais o ritmo de corte de juro. A afirmação consta da ata da reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada na manhã desta terça-feira (18/4).
"A evolução da conjuntura econômica já permitiria uma intensificação do ritmo de flexibilização monetária maior do que a decidida nessa reunião", citam os diretores do BC no parágrafo 22 do documento. Na semana passada, o juro foi cortado em 1 ponto porcentual, para 11,25% ao ano.
Nesse trecho, a ata cita que "os membros do Comitê ponderaram sobre o grau de antecipação do ciclo desejado".
Nesse debate, apesar da menção ao espaço para imprimir ritmo ainda maior no corte do juro, o texto nota que os membros do Copom reconheceram que incertezas e fatores de risco tornaram mais adequado a decisão pela redução de 1 ponto porcentual - como anunciado.
"Dado o caráter prospectivo da condução da política monetária, a continuidade das incertezas e dos fatores de risco que ainda pairam sobre a economia tornaria mais adequada a manutenção do ritmo imprimido nessa reunião", citam os diretores no parágrafo 22.
O comitê voltou a ressaltar que o ritmo de flexibilização monetária está diretamente relacionado à extensão e eventual antecipação do ciclo de queda do juro.
"O Copom ressalta que o ritmo de flexibilização monetária dependerá da extensão do ciclo pretendido e do grau de sua antecipação", citam os diretores no parágrafo 28 da ata.
Esse debate sobre a velocidade da queda do juro também é influenciado, argumentaram os diretores do BC, pela "evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação".
Diante dessa avaliação, os diretores afirmam que "o atual ritmo é adequado". "Entretanto, a atual conjuntura econômica recomenda monitorar a evolução dos determinantes do grau de antecipação do ciclo", completa o documento.
INFLAÇÃO
O Banco Central (BC) ressalta que as estimativas para a inflação indicam que os índices de preço devem atingir valor mínimo durante o terceiro trimestre de 2017.
Depois, voltam a subir gradualmente, mas ainda abaixo da meta. Para os diretores da instituição, "as perspectivas para a inflação evoluíram de maneira favorável e, em boa parte, em linha com o esperado desde a reunião do Copom em fevereiro".
No parágrafo 15 da ata da reunião do Copom, os diretores do BC ressaltam que as projeções para a inflação acumulada em 12 meses permanecem abaixo da meta de 4,5% ao longo de 2017 no cenário de mercado.
"As projeções atingem valor mínimo no terceiro trimestre do ano e elevam-se nos últimos meses para valores ainda abaixo da meta", cita o documento.
O BC explica que parte dessa diferença na evolução dos preços "pode ser atribuída aos efeitos primários do choque favorável nos preços de alimentos".
Em 2018, os preços não estarão mais no patamar mínimo citado pelo BC, mas o cenário de mercado indica inflação na meta de 4,5% no próximo ano.
SELIC
O Copom voltou a argumentar que a expectativa de inflação ancorada somada à elevada ociosidade na economia estão por trás do ritmo mais forte da queda do juro anunciado em abril.
Os diretores do BC ressaltaram várias vezes no texto que a extensão do ciclo de queda do juro depende de vários aspectos, como inflação, atividade e juro estrutural.
"Os membros do Comitê reafirmaram o entendimento de que, com expectativas de inflação ancoradas, projeções de inflação em torno da meta para 2018 e um pouco abaixo da meta para 2017, e elevado grau de ociosidade na economia, o cenário básico do Copom prescreve antecipação do ciclo de distensão da política monetária", cita o documento no parágrafo 18.
Na semana passada, o juro foi reduzido em 1 ponto porcentual, em velocidade superior à observada na decisão anterior.
Nesse mesmo trecho do documento, no parágrafo 17, voltaram a explicar que a extensão do ciclo de queda "dependerá da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação para 2018 e 2019".
Além disso, a extensão desse ciclo será influenciada pelo juro neutro da economia brasileira. "Essas estimativas naturalmente envolvem incerteza e poderão ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo".
Apesar das variáveis que envolvem incerteza, o BC defende que o ritmo mais forte de queda da taxa Selic equivale a "um maior grau de antecipação" desse movimento de desaperto monetário.
"Em relação ao ritmo de flexibilização ao longo do ciclo, o Comitê entende que, para uma dada estimativa de sua extensão, uma intensificação do ritmo equivale a um maior grau de antecipação do ciclo", cita o documento no parágrafo 19.
Diante desse cenário, o trecho 20 cita que "todos os membros do Copom concordaram que a evolução da conjuntura desde sua reunião em fevereiro é compatível com a redução da taxa Selic para 11,25%". "Todos também concordaram que essa intensificação moderada em relação ao ritmo das reuniões de janeiro e fevereiro mostra-se, no momento, adequada".
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