Duratex dá régua e compasso para alinhar seus fornecedores

A exemplo da companhia, dona das marcas Deca e Hydra, pequenas e médias empresas também já possuem meios para desenvolver programas que previnem os riscos da corrupção

Italo Rufino
22/Ago/2018
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Duratex dá régua e compasso para alinhar seus fornecedores

No início do ano, quase 160 empresas foram convidadas para participar de atividades de um programa promovido pela Academia de Suprimentos da Duratex.

Dona das marcas Deca e Hydra de louças e metais sanitários, além de produzir painéis de madeira industrializada,  pisos e revestimentos cerâmicos, a Duratex, que faturou R$ 6,3 bilhões em 2017, ocupa a segunda posição no setor da indústria da construção no ranking de Melhores e Maiores, da revista Exame.

O objetivo do programa é desenvolver a cadeia de fornecedores da empresa, que oferece capacitação técnica para preparar os integrantes para os desafios futuros da companhia. 

A ideia é que todas essas empresas adotem práticas similares em relação a áreas críticas, como gestão de pessoas, sustentabilidade e outros processos internos. Elas respondem a questionários sobre suas práticas, ganham orientações quando há necessidade de correções e recebem visitas às unidades fabris.

GRUPO DE FORNECEDORES DA DURATEX: WORKSHOPS E AVALIAÇÕES

Em julho passado, parte dos fornecedores – o grupo na foto que abre esta reportagem – participou de um workshop para elaboração de um código de conduta.

O guia rege as expectativas sobre comportamento ético dos funcionários e demais pessoas que se relacionam com a empresa.

O evento serviu para melhorar o desempenho das parceiras que não atingiram boas notas nos questionários de avaliação.

Das participantes do workshop, metade era de pequenas e médias empresas.

“O encontrou abordou a Lei Anticorrupção (12.846/2013) e temas como trabalho análogo a escravidão e infantil, assédio, diversidade e saúde e segurança”, diz Marina Nicolosi, advogada especialializada em compliance da Duratex.

Na segunda parte do evento, os empreendedores e executivos criaram um protótipo de código de conduta para suas empresas, independente do porte.

Avaliada em R$ 6,3 bilhões, a Duratex tem como principal acionista a holding Itaúsa. É uma empresa de capital aberto com 40% de suas  são negociadas na Bolsa. Isso reforça a preocupação com a cadeia de fornecedores no sentido de manter a boa reputação da companhia.

A iniciativa da Duratex é uma forma de fomentar práticas de compliance (conformidade, em tradução livre). O conceito designa uma série de condutas que garantam o cumprimento de regras nas esferas fiscal, tributária, trabalhista, ambiental, entre outras vigentes dentro ou fora do país.

Ao capacitar seus parceiros, a Duratex está também protegendo seu próprio negócio de riscos jurídicos.

A Lei Anticorrupção determina, por exemplo, que uma empresa pode ser responsabilizada por irregularidades cometidas por seus fornecedores e terceirizados em atividades pertinentes a sua cadeia de produção.

O dono e diretores da empresa também correm o risco de sofrer penalidades por crimes cometidos por seus funcionários a favor do negócio, mesmo sem a ciência do empreendedor.

VEJA MAIS:  O que pequenas e médias empresas precisam saber sobre o combate à corrupção

Segundo pesquisa realizada pela consultoria e auditoria Ernest Young com 2.550 executivos de 55 países, 96% dos profissionais brasileiros de alto escalão acreditam que práticas corruptas são condutas rotineiras (não quer dizer, necessariamente, que eles compactuem ou sejam responsáveis pelos crimes).

O mesmo levantamento aponta que a cada cinco executivos brasileiros, um acredita ser comum o ato de subornar alguém para ganhar contratos. Além disso, 10% acredita ser justificável oferecer algum tipo de pagamento ou vantagem indevida para o negócio sobreviver.

Se manter práticas de integridade é um desafio para grandes companhias, que possuem departamento jurídico e de gestão de pessoas, para as pequenas e médias o desafio pode ser ainda maior.

Além da falta de recursos e pessoal, essas empresas, ainda mais em momentos de crise, tendem a perde o foco das ações estratégicas e de gestão e dedicam-se a garantir a própria sobrevivência.

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DEMOCRATIZAÇÃO DO COMPLIANCE

Uma alternativa para fomentar a gestão de riscos e práticas de integridade em pequenos negócios é a plataforma Compliance PME. Lançada no final de 2017, o canal online disponibiliza conteúdo sobre o tema, como artigos, entrevistas, vídeos e e-books.  

COMPLIANCE FOI TEMA DE PALESTRA DO CONSELHO DE SETOR
DE SERVIÇOS DA ACSP 

Há também orientações práticas de implementação de políticas de integridade, de acordo com as necessidades e tamanho do negócio, adequação para ser fornecedor e parceiro comercial de grandes empresas, poder público e organizações internacionais. 

A plataforma também serve para criar rede de networking e qualificação para obtenção de certificado de integridade.

“Estar em compliance é mais barato do que correr risco de ser penalizado”, afirma Camila Gullo, advogada e fundadora da CMENTE Incubadora & Coworking de Advogados, instituição realizadora do Compliance PME.

A especialista fez recente palestra sobre o tema na Associação Comercial de São Paulo (ACSP). De acordo com Camila, ao implementar o compliance, a empresa cria mecanismos de controles internos e promove o crescimento sustentável do negócio.

O evento foi numa iniciativa do Conselho do Setor de Serviços da ACSP, coordenado pelo vice-presidente José Maria Chapina Alcazar.

De acordo com Chapina, a Operação Lava Jato fez com que se ampliasse na sociedade brasileira, escandalizada com as recorrentes denúncias, um posicionamento crítico em relação às empresas de maneira geral.

“Hoje, há uma exigência do mercado para que as companhias sejam pautadas pela ética", diz Chapina. 

Dessa forma, o compliance, além de ser um diferencial competitivo, também pode ser usado para fortalecer a imagem da marca perante os consumidores.

IMAGENS: Thinkstock e Divulgação/Duratex e ACSP/Patricia Baptista

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