Crise acelerou desejo de brasileiro mudar de cidade

Jovens solteiros e brasileiros com renda mais alta são os que têm mais vontade de migrar, revela pesquisa da FGV

Estadão Conteúdo
21/Jan/2019
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Crise acelerou desejo de brasileiro mudar de cidade
Pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) Social analisou o interesse de migrar da população três anos antes e três anos após o início da crise econômica. E diagnosticou salto de 36% na vontade do brasileiro de migrar internamente no País, comparando 2011 e 2017.
 
No total, foram 9 mil entrevistados, além do cruzamento de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse interesse, em 2011, era de 12,5% da população. Já em 2017, eram 17% os que pensam em se mudar. A conclusão da pesquisa é que esse é um efeito da crise. 

Uma das novidades é que mudou o perfil: ainda são, principalmente, os jovens solteiros. Mas agora brasileiros com renda mais alta têm mais vontade de mudar do que os de baixa renda.
 
Em 2017, os mais ricos do País já tinham intenção de migrar maior do que a média nacional. 

"E as pessoas da cidade passaram a querer migrar tanto quanto as do campo", afirma o economista e diretor da FGV Social, Marcelo Neri, que coordenou a pesquisa.
 
Isso muda, segundo ele, o perfil do migrante, antes mais associado ao grupo pobre, principalmente do Nordeste, que mandava alguém da família para a cidade grande com o objetivo de garantir o sustento dos demais. 
 
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Além da crise, dizem especialistas, o perfil mais empreendedor dos jovens e a busca por qualidade de vida também ajudam a explicar o interesse migratório dos mais ricos.
 
"Os millenials (na faixa entre 18 e 35 anos) arriscam com muito mais facilidade Estão mais voltados à busca de significado no trabalho, de alternativas que sejam prazerosas. O perfil deles é o de empreender e fazer a diferença", afirma economista Cristina Helena Mello, da ESPM. "Essa segurança de receita (salário fixo) é de uma geração anterior, que viveu inflação e mudanças de planos econômicos."

Para o demógrafo José Marcos Cunha, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), outro movimento migratório comum entre brasileiros de mais renda é de capitais para cidades das regiões metropolitanas.
 
"Hoje o desejo de consumo é o condomínio fechado As pessoas se mudam para municípios menores, as periferias elitizadas, para morar em condomínios tranquilos, com mais segurança, o grande apelo do momento." Mas além disso, lembra, a vontade da mudança é diferente da migração em si. "Muitos ficam mais no desejo."
 
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Como usou metodologia da Gallup World Pool, entidade americana de pesquisa, o estudo da FGV Social também mostra que o interesse migratório interno do Brasil ficou acima da média global, de 15,5%.

O estudo não mapeia as cidades de interesse, mas dados mais recentes do IBGE, de 2014, apontam Florianópolis, Palmas e Goiânia com as maiores taxas de migrantes.
 
O interesse nas duas últimas, para especialistas, se deve à proximidade de polos agrícolas e à estrutura urbana. A outra atrai pela qualidade de vida.
 
IMAGEM: Pixabay

 

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