Consumo nos lares brasileiros sobe 0,39% em maio
ABRAS mantém projeção de crescimento de 2,8% para os supermercados em 2022. Com aprovação do Auxílio Brasil de R$ 600, entidade acredita que pelo menos 50% dos recursos serão destinados a gastos no setor
O consumo nos lares brasileiros subiu 0,39% em maio deste ano em relação ao mesmo período de 2021. Na comparação com o mês imediatamente anterior, abril, houve queda de 3,47%, influenciada pela sazonalidade.
Os dados, divulgados nesta quinta-feira (14/07) são da pesquisa Consumo nos Lares Brasileiros, da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Márcio Milan, vice-presidente institucional da associação, afirma que, por enquanto, a projeção de crescimento de 2,8% no ano de 2022 permanece, mas pode ser revisada em junho ou julho.
Até o momento, o setor acumula alta de 2,02% de janeiro a maio. A cesta Abrasmercado, com 35 produtos de largo consumo, teve alta de 17,2% nos últimos 12 meses. Na comparação de maio com abril deste ano, a alta de foi de 0,94%. No ano de 2022, a alta é de 9,32%.
O IMPACTO DOS AUXÍLIOS
Um dia após a Câmara dos Deputados aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que turbina benefícios sociais a menos de três meses das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, na manhã desta quinta-feira (14/07), que a partir do dia 1º de agosto o Auxílio Brasil passará de R$ 400 para R$ 600. "É boa notícia para os mais necessitados", afirmou.
Para garantir os recursos ao pagamento dos novos auxílios e da ampliação dos benefícios sociais incluídos na PEC, o governo terá de editar uma MP com crédito extraordinário. O valor total de aumento de despesas é calculado em R$ 41,25 bilhões aos cofres públicos.
Marcos Milan, da ABRAS, afirmou também que o setor ainda estuda os possíveis impactos nas vendas da PEC dos Auxílios. A estimativa é de que cerca de 50% dos recursos sejam destinados para gastos nos supermercados já que, durante a fase mais aguda da pandemia, 70% do Auxílio Emergencial teve esse destino.
O vice-presidente da ABRAS lembrou também que, como serviços como bares e restaurantes estão abertos, isso deve redirecionar o dinheiro dado à população mais vulnerável.
A Abras manteve a projeção de crescimento de 2,8% em 2022. Essa expectativa, no entanto, não leva em conta o impacto positivo dos auxílios. Nos últimos cinco meses, o setor acumula alta de 2,02%.
Questionado sobre a possibilidade da maior injeção de dinheiro na economia levar a uma alta de inflação pelo lado da demanda, Milan afirmou que não acredita nessa possibilidade. "Não vejo que auxílios trarão demanda excessiva ou que levarão a aumento da inflação", disse.
Ele citou medidas de redução de impostos nos combustíveis e outros segmentos como maneiras de equalizar os preços, bem como a responsabilidade da população em pesquisar preços e dos supermercados manterem as negociações mais intensas com a indústria.
IMAGEM: Carol Guedes/DC