Com restrições, comércio paulista espera que Natal empate com 2019

Com projeções mais modestas, porém otimistas para o fim de ano, associações comerciais de todo o estado apostam em resultado positivo nas vendas para a data com ajuda do e-commerce

Karina Lignelli
23/Dez/2020
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Com restrições, comércio paulista espera que Natal empate com 2019

O governo paulista acaba de anunciar novas medidas restritivas às vésperas do Natal, colocando todo o estado na fase vermelha em 25, 26 e 27 de dezembro, e em 1, 2 e 3 de janeiro para conter o avanço da covid.  

Mas, com lojistas procurando seguir protocolos sanitários nos polos de comércio do estado, a despeito de cenas de aglomeração nas ruas (que contribuíram para o endurecimento nas regras), as expectativas das associações comerciais na data, apesar de mais modestas em cenário de pandemia, são otimistas. 

Pelas projeções da Confederação Nacional do Comércio (CNC), as vendas de Natal devem subir 3,4% ajudadas pelo e-commerce, que deve crescer 64%, já que parte dos consumidores continua em casa. "Isso deve trazer alguma recuperação para o setor, mesmo em conjuntura adversa", diz o presidente José Roberto Tadros.  

LEIA MAIS:  Lojistas precisam fazer sua parte para evitar aglomerações

Mesmo que, a princípio, as restrições do governo não incluam os dias que antecedem o Natal, ACs como a de Mogi das Cruzes acreditam que a medida afetará o movimento de troca de mercadorias e limitar compras. 

Ou, que a decisão desestrutura não só lojas, mas principalmente bares e restaurantes que já compraram perecíveis e fizeram reservas e vendas antecipadas, afirma a ACI Ribeirão Preto, em nota. 

Alfredo Cotait Neto, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (ACSP), acredita que as medidas são necessárias devido à situação atual de agravamento da pandemia. Porém, elas devem aumentar as dificuldades do setor.

"Espero também que não sejam necessárias novas restrições, e que o comércio volte a funcionar normalmente no menor prazo possível, pois os custos das medidas restritivas são significativos às empresas. Especialmente as menores", disse, em nota oficial, onde pleiteia a suspensão do aumento do ICMS previsto para janeiro.

Confira a seguir algumas expectativas e iniciativas das ACs para tirar o melhor deste 'Natal da pandemia': 

CAMPINAS

Análise do Departamento de Economia da Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC) indica que o faturamento do comércio de Natal no município deverá sofrer queda de R$ 165 milhões ante 2019. No período, as vendas natalinas atingiram R$ 2,722 bi, e os números de 2020 não devem passar de R$ 2,557 bi.  

Já as vendas on-line de Natal, tendo em vista o crescimento registrado na Black Friday, devem expandir em 41,50% sobre 2019, atingindo, agora, cerca de R$ 397 milhões, uma expansão de R$ 116,4 milhões. 

Com isso, o economista Laerte Martins, diretor da ACIC, prevê a redução de 23,41% na contratação de mão de obra temporária para o período natalino na Região Metropolitana de Campinas (RMC), em comparação a 2019. 

“A pandemia segurou a atividade do consumidor e diminuiu o poder aquisitivo, o que refletiu negativamente no volume de contratações. Assim como o crescimento das vendas on-line, que também influencia." 

CAPITAL PAULISTA 

No comércio paulistano, a projeção é de crescimento de 10% a 15% no mês de dezembro ante novembro puxado pelas vendas de Natal, diz Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).  

Esse resultado, em sua avaliação, é reflexo do Auxílio Emergencial, mesmo em valor mais baixo, da poupança acumulada na pandemia, do crédito fácil, juros mais baixos e prazos mais longos do crediário e do pagamento do 13º dos trabalhadores, assim como pelo 'efeito Natal' sobre o comportamento dos consumidores.  

FRANCA 

O IE-ACIF (Instituto de Economia da Associação do Comércio e Indústria de Franca) investigou as intenções de compra dos consumidores para o Natal 2020, e descobriu que 67% dos entrevistados presentearão na data.

Vestuário (39,3%), brinquedos (9,3%) e eletrodomésticos (5,2%) lideram a lista de presentes, e o Natal deve movimentar cerca de R$ 42 milhões, conforme estimativas do instituto. Para 60% dos comerciantes, a expectativa é 'excelente', e 80% dos entrevistados esperam alta de 5% a 10% nas vendas em relação a 2019. 

Tarciso Bôtto, presidente da ACIF, afirma que há otimismo em razão do aumento no número de contratações realizadas pelo comércio nos últimos meses, bem como pela injeção do 13º salário e da última parcela do Auxílio Emergencial na economia local. "A expectativa em relação a vacina de combate à pandemia no início do ano também traz uma confiança positiva para o mercado e, sobretudo, para o consumidor”, destaca. 

JUNDIAÍ

Mesmo sem projeções, pesquisa da Associação Comercial e Empresarial (ACE) de Jundiaí aponta o sentimento do comércio em relação ao Natal. Realizada na primeira semana de dezembro com 256 lojistas, 33,82% estão otimistas com relação ao Natal, 48,90% têm expectativa moderada e só 17,28% estão pessimistas. 

Com relação às vendas, 65,44% relataram alta comparada ao início da pandemia, e para 34,56%, as vendas diminuíram. Dos que alegaram queda, só 6,38% têm e-commerce. “Neste momento de restrição e incertezas, investir em vendas on-line é uma estratégia mandatória”, diz o presidente Mark William Ormenese Monteiro. 

Na pesquisa da ACE, os lojistas informaram ainda que os clientes ainda pesquisam, e o número de indecisos é alto, em torno de 40%. “A expectativa é que a situação mude com a proximidade do Natal”, acredita.  

MOGI DAS CRUZES

A Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC), que estima 3% de aumento nas vendas nesse Natal, aposta que o pagamento do Auxílio Emergencial e da segunda parcela do 13º salário devem movimentar o comércio nesta reta final para a data, já que o comércio pôde voltar a funcionar 12 horas diárias. 

“Temos mais dinheiro em circulação neste período e as lojas estão abertas - o que estimula as compras pelo consumidor. E não tem jeito, muitos deixam as compras para última hora mesmo, então, é esperado um movimento maior nas ruas nos próximos dias”, afirma a vice-presidente da ACMC, Fádua Sleiman. 

Para os lojistas, Fádua dá dicas para evitar as aglomerações e garantir a compra segura, como montagem de kits de presente, vitrines com diversas opções e preços expostos, e facilidade de pagamento para reduzir o tempo de permanência dos clientes nas lojas, potencializando a quantidade de pessoas atendidas. 

PIRACICABA  

Apesar da melhora significativa nas vendas de Natal no comércio de Piracicaba com a ampliação do horário de funcionamento de 10 para 12 horas, o movimento ainda não atingiu os patamares de 2019, segundo Luiz Carlos Furtuoso, presidente da Associação Comercial e Industrial da cidade (Acipi).  

Por isso, não há projeção para o crescimento das vendas para a data. "Mas a melhora é importante, pois vai contribuir para aumentar o capital de giro no atual cenário e o resultado das vendas em dezembro de 2020."  

SANTO ANDRÉ   

A Associação Comercial e Industrial de Santo André (Acisa) projeta crescimento nas vendas deste Natal entre 6 e 10% em comparação ao ano passado. 

Segundo o presidente Pedro Cia Junior, o valor do tíquete médio deverá ser menor, e entre os itens mais procurados,  o destaque será para vestuário, perfumaria e calçados, já que no primeiro semestre os produtos mais vendidos foram os eletroportáteis, por conta do home office e aulas virtuais.

SÃO CARLOS  

O comércio de São Carlos espera um aumento entre 8% e 14% nas vendas físicas para dezembro comparada a novembro, segundo o Núcleo de Economia da Associação Comercial e Industrial de São Carlos (Acisc).

"A recolocação dos empregos perdidos por conta da pandemia e o pagamento do décimo terceiro salário, devem aquecer a economia neste final de ano”, destaca o economista Elton Eustáquio.

Outro dado apontado pelo levantamento da Acisc diz respeito às vagas temporárias para as vendas de final de ano. A previsão é um aumento de 30% do total de empregos formais para este período.

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 

Com expectativa inicial de atingir 80% no volume de vendas de igual período de 2019 neste Natal, o comércio de São José dos Campos revisou as projeções e espera vender 90% desse total, quando setor cresceu 5%.

A ampliação do horário de abertura das lojas de 10 para 12 horas (decretada pelo Estado) e a liberação das lojas de rua aos domingos (determinado pelo município) gerou otimismo entre comerciantes nesta reta final. 

Essa expectativa foi identificada em levantamento realizado pela Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos (ACI SJC) entre sábado e domingo últimos, quando os cinco principais shoppings da cidade receberam mais de 140 mil pessoas e o Calçadão da Rua 7, principal centro de comércio popular, 70 mil.  

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO 

A redução da inadimplência com o pagamento do 13º, que reabilitou mais de 3 mil consumidores para o mercado é um dos principais fatores que puxam o otimismo dos comerciantes riopretenses neste Natal. 

Segundo a Associação Comercial e Empresarial de São José do Rio Preto (Acirp), a Black Friday mostrou sinais concretos de aquecimento. Tanto que, ao considerar esse patamar de vendas, é previsto que o volume fique próximo ao de 2019, no período pré-pandemia, com leve alta de 2%, segundo o presidente Kelvin Kaiser. 

Em sua avaliação, é inegável que o tíquete médio seja menor para o comércio como um todo. "Mas, para a gente, que até o meio do ano não tinha nenhuma perspectiva positiva para este Natal, registrar o mesmo volume de vendas que em 2019 é motivo para celebrar a data, como esses heróis da economia merecem.”

SOROCABA

Em Sorocaba e região, as vendas de Natal devem aumentar até 2% ante 2019. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Comercial da cidade (ACSO) em parceria com a Esamc Jr., 70% dos entrevistados pretendem comprar presentes neste Natal. A maioria irá optar pelas compras on-line (46%). 

Na sequência, vêm as lojas de shoppings (27%) e as do centro/bairros (15%). Itens de vestuário, calçados e acessórios são preferidos de 63% dos consumidores, e brinquedos, de 32%. O tíquete médio será de R$ 260.

Para o setor de economia da ACSO, mesmo com a pandemia o comércio local vem conseguindo se manter. "Os comerciantes tiveram de se reinventar, passaram a usar redes sociais como canal forte de vendas, e criaram alternativas para enfrentar a crise, oferecendo aos consumidores opções mais seguras", diz, em nota.  

FOTO: Acervo Acic

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