Camp Store, uma loja que vende brincadeira
Recém-inaugurada em Nova York, loja de brinquedos convida as crianças a participarem de experiências familiares em um espaço interativo e está revolucionando esse mercado, após fracasso da Toys 'R' Us e F.A.O. Schwarz
Depois de perder centenas de lojas da renomada Toys´R´Us nos últimos anos, o mercado norte-americano de brinquedos passa por um novo momento com a chegada da Camp Store. Inaugurada na Quinta Avenida, em dezembro do ano passado, a varejista já conta com três lojas em Nova York e outras duas em Connecticut e Dallas com um novo conceito: o de se parecer o menos possível com uma loja.
Com diferentes temáticas, que mudam a cada mês e muitos espaços imersivos, a loja parece esconder a venda de seus brinquedos à primeira vista. Escorregadores, beliches, pistas de corrida, paredes brilhantes, pista de dança e até mesmo um lago artificial ambientam uma das lojas nova-iorquinas, localizada no Brooklyn.
Os espaços são totalmente abertos ao público e podem ser explorados sem nenhum custo, com paredes, mesas e o chão repletos de brinquedos, que, evidentemente, estão disponíveis para compra. Cozinhas infantis, bonecas costuradas manualmente, livros educativos, kits de artesanato feitos por pequenos empresários passam por uma curadoria e são outro diferencial da loja neste mercado saturado.
Há também uma programação de atividades com ingressos que custam de U$ 20 a U$ 30, com oficinas de artesanato, atividades físicas, como ioga infantil e pistas de obstáculos, e entretenimento, com peças infantis e musicais ao vivo.
Enquanto toda essa interação acontece, os pais podem escolher se participam ou tomam um café no local.
Tudo muito diferente do que era até então proposto pelas gigantes Toys "R" Us e F.A.O. Schwarz, que não resistiram a alta dos alugueis, margens baixas e intensa competição com as lojas on-line nos últimos anos. Lojas virtuais, como a gigante Amazon, abocanharam uma enorme fatia deste mercado da ToysRUs.
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A ideia, segundo Ben Kaufman, executivo-chefe da Camp, em entrevista ao New York Times, é competir pelo tempo das pessoas e não pelo maior número de vendas. A convicção do empresário é a de que essa combinação de jogos, brinquedos, atividades, fantasias e guloseimas infantis transforme o negócio em uma referência do varejo experimental, transformando a empresa em uma cadeia nacional.
Outra estratégia da varejista é apostar em localizações certeiras: bairros com pais jovens e de classe média alta, como os shoppings de City Point, no Brooklyn, e Hudson Yards, no West Side de Manhattan, ambos construídos para ancorar grandes e novos empreendimentos de luxo.
Para resistir aos alugueis, grande vilão desses empreendimentos, a empresa tem um plano. Com sua experiência em mídia digital, Kaufman está trazendo patrocínios para dentro da loja. Ou seja, as empresas podem pagar para exibir seus produtos e promover suas marcas. Os maiores patrocinadores ganham maior presença dentro das lojas, como é o caso da Mastercard.
Em entrevista à Forbes, o executivo diz que normalmente as famílias passam mais de uma hora e meia dentro de suas lojas e mais da metade compra algo antes de sair – a venda de brinquedos representa apenas um quarto de sua receita. Outros 25% são provenientes da venda de outras mercadorias, como roupas e doces e sorvetes que são vendidos no café das lojas, enquanto patrocínios e vendas de ingressos para atividades pagas compõem a outra metade.
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