Boulos quer criar agência de crédito para pequenos negócios da capital
O candidato à Prefeitura de São Paulo apresentou seus planos para a cidade durante ciclo de debates organizado pela ACSP
Seguro de que terá tranquilidade financeira para administrar a cidade de São Paulo se eleito, o candidato à Prefeitura Guilherme Boulos (Psol) diz que pretende criar um fundo garantidor e uma agência municipal de crédito para estimular a atividade de micro e pequenos empresários na capital.
Boulos não detalhou a proposta, mas disse que a previsão de receita municipal de R$ 119 bilhões para o ano de 2025 (6,5% maior em relação ao orçamento de 2024) garantiria a destinação de mais recursos para os pequenos negócios.
"As pequenas e médias empresas são as que realmente geram emprego na cidade, por isso, vamos trabalhar para desburocratizar o ambiente de negócios", disse o candidato nesta quarta-feira, 21/8, durante o ciclo de debates com prefeituráveis organizado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Por ora, Boulos disse ter uma equipe especializada construindo o arcabouço desse fundo garantidor e que a concessão de crédito levará em conta um plano urbanístico, como forma também de promover o desenvolvimento em determinadas regiões da capital.
Nas eleições de 2022, Boulos foi o deputado federal com o maior número de votos (1 milhão) no estado de São Paulo e o segundo mais votado no país. Muito lembrado por sua trajetória em movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Boulos destacou que, caso vença a eleição, a questão da moradia será tratada como prioridade e espera ter sua gestão marcada pela menor quantidade de ocupações em São Paulo.
Ao contextualizar a pauta habitação com a atual realidade do Centro de São Paulo, o candidato defendeu a renovação das leis que tratam da revitalização de prédios antigos. Mirando a disponibilização desses imóveis para moradia popular, pretende organizar medidas para retrofit que flexibilizem as reformas e não travem essa legislação, como, segundo Boulos, ocorre hoje.
O candidato também apontou o retrofit como meio para estimular o uso misto na região central da cidade, direcionando uma porcentagem desses espaços para escritórios e profissionais recém-formados terem os seus primeiros negócios.
Outro ponto de seu plano de governo é a criação de novos endereços temáticos em lugares que tenham edifícios desocupados, como a rua São Bento, com a Prefeitura sublocando esses espaços por meio de estímulos e incentivos a setores temáticos.
Boulos pretende desenvolver a vocação do Centro como “o maior núcleo de comércio popular da América Latina” e, para isso, se inspira em iniciativas políticas de outros países que visitou nos últimos meses.
Na Europa, Boulos se reuniu com os políticos de Portugal e França para tratar de mobilidade e conheceu projetos que visam reduzir as distâncias entre o local de moradia das pessoas e o de trabalho ou de serviços públicos e privados.
"A Rua Cor de Rosa, em Lisboa, está entre os locais mais visitados daquela cidade e se tornou emblemática após um investimento mínimo da Prefeitura", disse. Com nome original de rua Nova do Carvalho, o local citado por Boulos já foi um dos principais centros de drogas e prostituição da cidade portuguesa e passou décadas sendo uma região evitada.
Em 2013, o nome rua Cor de Rosa acabou surgindo após um projeto de intervenção urbana da Prefeitura que pintou a rua toda de rosa e liberou mesas e cadeiras do comércio local para as calçadas, tornando-a de uso exclusivo dos pedestres.
Boulos citou uma intervenção similar feita no bairro La Boca, na Argentina, onde o trajeto do Caminito ganhou valor cultural e turístico em meio a seus sobrados coloridos. Em Pequim, na China, e Santiago, no Chile, o deputado disse ter sido apresentado a ações bem-sucedidas sobre eletrificação da frota de ônibus - 98% dos ônibus da capital chinesa são eletrificados.
"Temos potencial de sobra para transformar o Triângulo Histórico em um centro de atração nos apoiando em economia criativa, gastronomia, turismo e um choque de zeladoria. O Centro será exemplar e terá mecanismos para atrair pequenos e médios empresários", disse.
Ao afirmar que não existe uma solução simples para a cracolândia, Boulos sinalizou a criação de uma espécie de gabinete integrado para tratar do assunto. A medida ligaria a Prefeitura à todas as Secretarias com atuação na cracolândia em diferentes programas de acolhimento, saúde, recuperação social e geração de emprego aos ex-dependentes químicos em tratamento nos CAPS Móveis, promovendo capacitação e buscando parcerias com empresas e comerciantes da região.
Sobre segurança pública, seu plano inclui a criação de uma inspetoria especial de segurança urbana dedicada à região formada pelos bairros da Luz, Campos Elíseos e Santa Efigênia, com foco na segurança e no bem-estar social através de uma abordagem integrada, com serviços de saúde, assistência social e direitos humanos, priorizando o combate ao tráfico de drogas. Prometeu ainda dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM), para 15 mil agentes.
IMAGEM: ACSP